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    Crónica : A Catedral das Pegas


    Corrida dos Triunfadores : Arena d’Évora - 26 de Setembro, 2008

    EVORA ( PATRICIA SARDINHA, textos & JOAO SILVA, fotos; enviados especiales de NATURALES)
    Depois de uma temporada que decorreu muito bem na Arena d’Évora, juntaram-se agora em praça os três triunfadores das corridas anteriores, o grupo da casa a pegar em solitário, e um afamado e imponente curro de toiros de Herds. de Ernesto Fernandes de Castro.
    Não se encheu a praça como noutras ocasiões, talvez fruto da concorrência com corridas noutros locais e à mesma hora, ou simplesmente da crise que o país atravessa. Ainda assim mais de meia casa compareceu, dando bom ambiente e uma moldura humana agradável à vista.
    Luís Rouxinol foi quem abriu funções frente ao primeiro toiro da noite que acusou na balança 600 kg, que cedo mostrou ser andarilho e com alguma deficiência motora nas patas traseiras mas que passou despercebida, tendo sido também a rês mais comodista de toda a noite. O cavaleiro deixou irregular a ferragem comprida, só resultando bem o primeiro ferro e nos curtos, cravou bem quatro ferros, tendo todo o labor de prender o interesse da rês na montada, procurando-lhe os terrenos certos, mas contudo sem haver muita transmissão da lide para as bancadas. O público pede-lhe ainda mais um ferro, a que Rouxinol corresponde com um de palmo bem colocado.
    No seu segundo toiro, com 622 kg, acertou na colocação dos três ferros compridos, e nos curtos exibiu-se ao seu estilo. Depois de cravar bem um primeiro ferro no sitio, cravou um ferro violino em tábuas que fez ‘acordar’ as bancadas. Deixa bem o terceiro curto, rematado com voltinhas na cara da rês, seguindo-se mais um de palmo, e como não, também o par de bandarilhas, assinatura habitual para encerrar actuações por parte de Luís Rouxinol.
    Victor Ribeiro teve como primeiro toiro do seu lote, aquele que se revelou mais colaborador e com menos peso do curro, com 530 kg, de córnea alta e com mais tipo que o anterior. Recebeu-o o cavaleiro com boa brega, parando-o e cravando-lhe depois praça a praça dois bons ferros compridos. Nos curtos demonstrou que dá sempre tudo para triunfar. Depois de uma passagem em falso, cravou bem o primeiro curto.
    O segundo deixou-o numa ligeira batida ao piton que resultou vibrante nas bancadas. Citou de praça a praça para o terceiro curto que acabou por ser a cilhas passadas, e o quarto, melhor, junto às tábuas. Rematou quase sempre com ladeios e recortes na cara da rês, evidenciando a garra com que o cavaleiro se predispõe a tourear. No quinto da noite, o mais pesado, com 660 kg, voltou a evidenciar a boa brega e cumpriu com dois bons ferros compridos. Nos curtos, a rês foi a menos, sem transmitir muito, tendo o cavaleiro que fazer-se ver, pondo voz no cite, e em menor distância cravar bem cinco ferros curtos.
    Tiago Carreiras desde que apareceu a primeira vez em Évora sempre suscitou a curiosidade dos aficionados. Mas desta vez não deliciou. No seu primeiro toiro com 640 kg, de pouca cara, cedo revelou instabilidade e demonstrou alguma dificuldade em entender a rês. Cumpriu na ferragem comprida, começou por cravar dois bons curtos, acentuando na boa brega, mas depois revelou alguma falta de pontaria, entre passagens em falso e ferros descaídos. Voltou a bisar na má sorte no último da noite, que pesou 620 kg, também com alguma dificuldade motora e que voltou a não ser entendido pelo cavaleiro praticante. Regular nos três ferros compridos que deixou. Nos curtos houve uma total falta de descoordenação entre montadas e cavaleiro, efectuando mais uma série de passagens em falso, ferros falhados e até para a colocação do toiro nos terrenos, Carreiras teve que fazer uso dos seus peões de brega. Depois de a custo deixar três curtos, ainda respondeu ao apelo de certo público e cravou mais um, que acabou por ser o único deixado com emoção em toda a lide. Não ponho em causa algum valor que possa ter o jovem praticante, a verdade é que lhe faltou algo esta noite…talvez o Quirino, afinal um cavaleiro é muito dependente de …um cavalo.
    E se os volumosos toiros impunham respeito, brilhantes estiveram os forcados Amadores de Évora. A primeira pega, efectuada por José Pereira foi ao primeiro intento com o forcado a aguentar os derrotes até às tábuas; Nuno Lobo pegou o segundo toiro fechando-se bem à primeira também; Francisco Garcia aguentou bem o facto do toiro pôr alta a cara e consumou à primeira; o cabo Bernardo Patinhas, foi o autor da melhor pega da noite, à primeira e suportando fortes derrotes, uma excelente pega, que gerou forte ovação, incluindo ao primeiro ajuda; e se até aqui tudo corria bem para os jovens forcados da terra, a sorte mudou de rumo para António Alfacinha, que depois de quatro tentativas teve que ser dobrado por Ricardo Casas-Novas que também não consumou em duas tentativas em que a falta de ajuda pesou para este desfecho, tendo que Francisco Alves e Francisco Mira efectuarem uma pega de cernelha que não resultou tecnicamente perfeita; também António Moura Dias sentiu na pele amargas dificuldades consumando à terceira com as ajudas carregadas.
    Os toiros de Fernandes de Castro colaboraram no geral, excepto o primeiro e último, e superior o segundo. Todos de boa apresentação, com idade e peso.
    Dirigiu sem problemas a corrida Agostinho Borges, assessorado pelo Dr. João Infante. Numa corrida em que os triunfadores foram os Forcados de Évora pelas emocionantes pegas da noite fechou-se assim o ciclo das corridas de toiros na Arena d’Évora esta temporada, ficando a faltar um Festival de Beneficência em Outubro.