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    Crónica da última de 2014: "FOI A ÚLTIMA E FOI DE ROUXINOL" - ÉVORA

    É oficial, a Temporada Taurina 2014 chegou ao fim, um dia depois do que seria tradição, mas chegou. E esgotados os 9 meses de muitos festejos de norte a sul do país, foi terminar onde começou, no Alentejo, mais concretamente em Évora.

    Sendo o mês de Novembro tempo de algumas aves imigrarem para passarem aqui um Inverno mais ameno, só a Arena d'Évora acolheu no domingo três 'passarinhos': dois rouxinóis e um pinto. E os três saíram destacados mas um 'piou' mais alto, o Rouxinol pai, pois claro.

    Ainda que apenas se tenha registado cerca de meia casa, o espectáculo decorreu sempre com ambiente, ritmo e momentos de grande emoção, e oxalá toda a temporada tivesse tido metade do arrimo e da transmissão que esta última do ano teve.

    E o curro da ganadaria Fernandes de Castro teve muito peso no resultado artístico da corrida. Cumpridores em apresentação, em comportamento foram de boa nota, a pedirem contas, alguns mansos encastados, mas no geral animais com transmissão, sendo bom o segundo, animal nobre, e bravo o último, um toiro que não abriu boca do principio ao fim, mostrando de que raça era feito, da brava! E que por essa mesma razão teve honras de voltar para o campo. Todos os toiros foram recolhidos a cavalo pelos campinos, labor que agradou aos presentes. E após a lide do bravo sétimo, merecida volta dos ganaderos à praça.

    Rui Salvador, que foi homenageado antes da corrida com o descerrar de uma placa no pátio de quadrilhas pelos seus 30 anos de alternativa, lidou o primeiro da tarde com o nº58 e 550 kg de peso. O cavaleiro de Tomar andou em bom plano frente a um toiro que pouco transmitia no momento do ferro, com o cavaleiro muito enraçado a ir acima do toiro deixar a ferragem, que resultou eficiente.

    O segundo toiro da tarde, com o nº32 e 540 kg, foi animal nobre, de grandes condições, e coube a Luís Rouxinol que fez em Évora o que praticamente fez quase toda a temporada, triunfou. Muito disposto e muito arrimado, não acusou em momento algum o cansaço de quem fez em 2014 mais de meia centena de espectáculos. A boa brega com que recebeu o toiro até o fixar, foi prenúncio de uma grande actuação. Certeiro na ferragem, empolgou as bancadas do princípio ao fim, que não se coibiram de o aplaudir de pé! E não fosse por si só a raça de Rouxinol suficiente para uma boa exibição, até a raça do cavalo que este ano arranjou, o Douro, atrevido na forma como dá a cara ao toiro quase em jeito de provocação, foi complemento para o triunfo do de Pegões. No fim, assinatura habitual com o par de bandarilhas de boa execução.

    Francisco Núncio lidou o terceiro, um toiro com 505 kg e o nº 62, mais reservadote e perante o qual o cavaleiro acusou também um pouco o facto de estar pouco placeado. Ainda assim viu-se com boas intenções, com bons pormenores de brega intercaladas com momentos menos bem conseguidos. E apesar de lhe ter sido concedida volta, achou por justo o cavaleiro não a dar.

    Em dia de aniversário, com direito a parabéns tocados pela Banda de Alcochete e cantados pelos espectadores, saíu a Vitor Ribeiro um 'presente' meio envenenado, com o nº 45 e 530kg, que não deu grandes facilidades. O cavaleiro deixou os primeiros curtos citando de praça a praça, com o toiro de investida irregular, andando a passo, sem entrega mas que por vezes no momento da reunião metia a cara alta na montada, com arrancadas bruscas, tendo o cavaleiro que o manter sempre debaixo de olho. Apesar de consentir algumas passagens em falso, manteve sempre muita ligação com o oponente, principalmente nos remates dos ferros que deixou com qualidade.

    Tomás Pinto lidou o nº49, com 510 kg e teve uma boa actuação em Évora, perante um toiro de boas qualidades. Sobressaíu o cavaleiro essencialmente pela forma como desenhou as sortes, partindo recto ao toiro, e o terceiro curto, de alto a baixo, ao estribo e cingido, foi daqueles que se gosta e como mandam as regras. Nos remates, mostrou-se em ladeios e recortes, com o toiro sempre fixo no cavalo.

    O sexto da ordem coube a Mateus Prieto, tinha o nº 61 e acusou na balança 515 kg, foi colaborante, sem impor complicações mas nem assim o toureiro se impôs com ele, tendo uma passagem intermitente pela Arena d'Évora, que lhe valeu para exibir as montadas, quatro... Rematou com um ferro violino de boa nota.

    E que melhor término para a temporada do que a palavra esperança?! Esperança naquilo que o cavaleiro praticante Luís Rouxinol Jr. se pode vir a tornar e dar na próxima temporada. Raça e vontade pelo menos não lhe faltam. Lidou o sétimo, um toiro com o nº 26 e 490 kg que nunca em tempo algum do que esteve na arena, se deu como derrotado, sendo bravo! Mal o cornetim deu aviso para que a porta dos curros se abrisse, avisou Rouxinol Jr. os peões de brega para que se metessem em tábuas, e quando todos pensámos: 'não vai conseguir', porque o toiro tardou e saíu a passo dos curros, Rouxinol Jr. teve coração para aguentar, pôs mando na voz, deixou-se estar, ele e o Dóllar, com firmeza, até que quando o toiro lhes meteu a vista, e cavalo e cavaleiro se arrancaram, resultou o ferro numa belíssima gaiola. Daí por diante foi toda uma actuação de muita raça, tanta, que a ganância que tem de sair do ninho e se afirmar como 'passarinho livre', por vezes resulta na carência de alguma calma. Mas o domínio da brega, a boa colocação dos ferros, deram nota alta ao jovem cavaleiro. E nem a aparatosa queda que deu lhe tirou ânimo, pelo contrário. Teremos toureiro... E a volta foi partilhada com os ganaderos, merecidamente.

    Também nas pegas a noite foi de emoções e grandes desempenhos!

    Pelos Amadores de Évora, com todas as pegas consumadas à primeira, pegou bem João Madeira, Rui Gomes também com bom desempenho e sem problemas com o toiro a ter arrancada pronta, Ricardo Sousa também muito bem com grande prestação do 1º ajuda e Gonçalo Rovisco, no pega da corrida ou até da temporada! O toiro arrancou-se, o forcado reuniu e esteve enorme a aguentar, foi levado às tábuas, com o animal a tentar despejá-lo e praticamente deu meia volta à praça com o forcado da cara e o grupo todo 'unido' ao bravo 'castro'.

    Pelos do Aposento da Moita foram forcados de cara Salvador Pinto Coelho que consumou à terceira e com ajudas carregadas, José Maria Bettencourt à primeira numa pega rija e também ao primeiro intento o forcado José Henriques, com o toiro a ensarilhar ligeiramente antes da reunião mas a resultar numa pega rija.

    Dirigiu a corrida o sr. João Cantinho sem problemas assessorado pelo veterinário Feliciano Reis. Durante as cortesias foi ainda prestado um minuto de silêncio em memória de Augusto Gomes Jr. e José Maria Manzanares.

    E posto isto, até ao 1 de Fevereiro em Mourão, se Deus quiser!