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    Otra fecha para la gran historia del Toreo


    BADAJOZ (CRONICA y fotos de PATRICIA SARDINHA, enviada especial). - 2ª de Feria de Badajoz, 22 de Junho, 2009

    “Vivir y soñar,

    vivir y soñar,

    solo voy

    buscando

    mi libertad…”

    (Camarón de La Isla)

    Sete anos depois de o ver tourear pela primeira vez, creio que não consigo escrever sobre a corrida de Badajoz, sem que não consagre a minha tendenciosidade a José Tomás. Seria justa se por acaso tivesse estado mal no seu desempenho, mas dado que não defraudou a minha expectativa, então vá por ele este meu escrito, que outra coisa não poderá ser, mais do que uma crónica, uma ode ao Maestro José Tomás.

    Quando o primeiro toiro do seu lote rompeu ao ruedo, já na esgotadíssima praça de Badajoz se respirava a transcendência do toureio de José Tomás. A sua figura recta, fina e segura, o seu olhar impenetrável e misterioso, os seus gestos parcos e reflectidos, fazem dele um toureiro de esquisita condição, talvez divina, e de um ofício que roça a pureza. Logo de capote evidenciou o seu toureio estático, com os pés juntos, e um belíssimo quite por gaoneras. Mal pega na flanela ecoa o pasodoble “Manolete”, justíssimo hino ao toureio de Tomás, visto que muitas vezes os dois monstros se confundem. E é de muleta que prossegue com o seu toureio vertical entre estatuários e passes por ambos os pitones, sempre de mão baixa, e que resvalam o perigo. Matou certeiro e recolheu duas orelhas. No quinto da tarde, mais complicadote, a faena foi de menos a mais. Com o capote levou-o de tábuas ao centro, sem molestar, sem impingir nada. Na muleta a rês mandou mais que Tomás. Quase sempre a por a cara alta nas investidas, o toiro foi acabando por ceder ao temple e valor do toureiro, que voltou a patentear a pureza do seu toureio com cites à distância, rareando-se no “toque” ao toiro, porque o toureio não se obriga, flui livremente. Mais duas orelhas, talvez a segunda tivesse sido mais um agrado, mas a José Tomás, nada é demais.

    Também Miguel Angel Perera, toureiro da terra, brilhou nesta tarde de grandes faenas. No seu primeiro toiro recriou-se de capote por tafalleras e estatuários. Na muleta bisou na sorte dos pés juntos, estático, passando-o de um lado ao outro sem oscilar. Toureou pelas duas mãos, levando sempre a rês em redondo e de largo, evidenciando muita técnica no seu toureio. Estoqueou à primeira, e granjeou uma orelha com forte petição da segunda. Não quis o presidente conceder-lha por ainda estar embebido na faena de Tomás. No sexto da tarde, Miguel Angel voltou a presentear-nos com a sua arte de toureiro bueno. Elegante de capote, muletazos redondos e profundos, de pés fixos, arrimando-se, roçando os pitones nas lantejoulas, todo um toureiro. Matou certeiro e cortou duas orelhas.

    A quem saiu o “Euromilhões” com esta corrida foi a Pedrito de Portugal, que substituía El Fundi. Mas se teve a cara ao puder compartir cartel com duas das maiores figuras de Espanha, também por isso teve a coroa. Pedrito não é menos nem mais que outro matador qualquer, no entanto todos sabemos das condições que actualmente tem o seu toureio. Pouco actua, vive muitas vezes na ilusão de um toureio que não rompe. E por isso, pelo não estar posto, metido com afinco na temporada, o partilhar cartel com Tomás e Perera, podia sair-lhe caro, porque o seu triunfo sairia sempre abafado. No entanto, Pedrito no primeiro toiro da tarde, flexível, esteve bastante voluntarioso, tentando dar um ar de sua graça, inclusive com estatuários de muleta na mão. Os derechazos soaram muito por fora, às vezes desligados. Mas agradou às bancadas que lhe premiaram a audácia com uma orelha. Um feito para um português, presentemente com pouca rodagem e que um dia já foi um menino novilheiro muito aclamado tanto em Portugal como em Espanha. Já no quarto da tarde não teve tanta sorte. Efectuou uma faena de pouca transmissão e sabor. Passes isolados, com Pedrito a querer mas a não poder. Estendeu demasiado o que não tinha sequer rompido. Escutou palmas.

    Os toiros de Jandilla tiveram por ordem os seguintes pesos, 480 kg, 499 kg, 526 531 kg, 548 kg e 526 kg. Foram de desigual apresentação, uns mais colaboradores que outros, mas todos com mobilidade e a permitirem o devido luzimento. Grande ambiente nas bancadas, completamente cheias, com muitos portugueses presentes.

    São faenas como as que se viram nesta tarde, com um toureio cerca do perfeito, do que faz arrepiar, que nos fazem viver e sonhar e encontrar nesta arte uma forma de se expressar a palavra Liberdade…