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    ANÁLISE 2017 - Toureio a Pé


    Sob o lema de ressurgimento e esperança percorremos, há tempo recente, uma estrada de condições adversas e algo vertiginosa no que diz respeito ao toureio a pé.

    O público vem correspondendo em sentido crescente, desde que na arena haja motivo que o justifique, garantias a vários níveis (espectáculo, arrojo, verdade) que sejam suficientemente certas para satisfazer o desejo de uma afición com hábitos mais que vincados na corrida tradicional à portuguesa.

    De pouco nos serve termos excelentes intérpretes da arte de montes, matadores com ofício e a pedirem sítio, pois carecemos de mediatismo e euforia para criar figuras e arrastar legiões, algo que também se passa no toureio a cavalo.

    Posto isto, as temporadas acabam quase sempre por ser ingratas para os nossos matadores, que para além de pouco toureados, estão praticamente excluídos dos cartéis em Espanha e França, locais com maior projeção taurina a nível de toureio a pé e onde podem desenrolar com efetividade e integridade a sua profissão.

    Manuel Dias Gomes é o nome que surge à cabeceira, no que requer a consistência nas suas actuações, e no que requer a números, sendo o que mais toureou por terras portuguesas. Das maneiras já conhecidas, vem-se verificando o assento e repouso de um matador que podia aspirar a outros voos, e as suas actuações no Campo Pequeno têm disso sido prova.

    António João Ferreira vem pontuando de ano para ano, mas na realidade isso pouco lhe tem valido. Chegou a estar anunciado no Campo Pequeno, mas a corrida não se deu, e em Vila Franca pelo Colete Encarnado, frente a Juan José Padilla, rubricou os melhores momentos da tarde, mais uma em que se patenteou o poder e qualidade da sua muleta.

    O vilafranquense Nuno Casquinha viu-se ‘obrigado’ um ano mais a rumar à América e por lá tem deixado uma grata e inabalável imagem do toureiro que se formou. Contam-se vários e sonantes triunfos, várias portas grandes e um justificado reconhecimento além-fronteiras. Por cá, toureou apenas na Feira de Outubro da sua terra e veio ‘por todas’, sendo o mais destacado do ciclo.

    Do outrora mediático Pedrito, pouco ou nada há a reter, sendo que está tentando relançar carreira na América, ainda que o caminho vá apertando e sem dar facilidade.

    Mas 2017 foi uma temporada em que várias figuras e toureiros espanhóis pisaram arenas lusas, nem sempre com sucessos (de espectáculo e de bilheteira) a justificarem a aposta e o risco.

    O furacão Padilla voltou a mostrar força no que diz respeito a popularidade e bilheteiras, e o seu espectáculo muito vinha agradando ao público português, até à sua segunda actuação no Campo Pequeno… Para além da delapidação do toureiro jerezano, aparecendo em tudo o que se diz ‘cartel grande’, Padilla teve noite não, o espectáculo não resultou e o público não correspondeu como de costume.

    Antonio Ferrera não deixou a sua imagem beliscada; Juan del Álamo teve, quiçá, a sua melhor actuação em Portugal, mas ainda que o seu valor e capacidade enquanto toureiro sejam uma certeza, tem ainda pouca força para arrastar mais gente à praça; Roca Rey e El Fandi não ecoaram com a força esperada, ainda que o jovem peruano tenha ‘esgotado’ a primeira corrida do abono lisboeta e tenha andado com maior arrojo na corrida em que atuou mano-a-mano com Diego Ventura na Moita; El Juli deu lição de cátedra no 10 de Junho em Santarém, dando a cara como figura reconhecida e consolidada que é.

    Mas a faena da temporada fê-la José María Manzanares no dia 13 de Julho na praça de toiros do Campo Pequeno, frente a um toiro de Hmnos. García Jímenez. Debutou no Campo Pequeno e encheu a arena de um perfume raro e para sensibilidades à altura do feito.

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    Na classe de novilheiros alguns nomes com interesse são projetados como futuras esperanças, e os trabalhos desenvolvidos por todas as escolas de toureio do país, para além de exímio e persistente perante todas as adversidades, espelha as condições e qualidade que temos neste sector.

    João D’ Alva, ainda sem picadores, foi o novilheiro que melhores e mais consistentes resultados mostrou, principalmente em Espanha, triunfado em praças importantes e de primeira (saíndo em ombros em Valência, por exemplo), e mantendo sempre o bom nível em Portugal.

    Luís Silva, Paula Santos e Rui Jardim voltaram a mostrar vontade de ser toureiros, e um escalão acima, Diogo Peseiro, Cuqui e Juanito, sendo que este último o que se encontra em melhor posição e com maiores condições para romper, defenderam o seu conceito e as ganas que neles se depositam.

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    No sector de bandarilheiros gozamos de plena saúde. Temos vários bandarilheiros de categoria e mais que contrastados e que presenteiam os aficionados com exímias prestações sempre que são requeridos. Neste sector e incluído peões de brega, destacam-se João Ferreira, Cláudio Miguel, David Antunes, Pedro Gonçalves, Joaquim Oliveira e António Telles Bastos.

    Para 2018 espera-se que a aposta seja mantida, mas com noção e atenção ao que se passa em redor, e aos nomes que surgem e possam ser do interesse do público.