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    Crónica de Lisboa: "PADILLA COM LISBOA A SEUS PÉS"


    A afición da Praça de Toiros do Campo Pequeno em Lisboa tem um novo ídolo. 

    Não é português, nem de cá descende, não pega nem tão pouco toureia a cavalo. 

    Tal como o mexicano Gregorio García, que noutros tempos foi toureiro de linha menor no país vizinho mas estrela maior em Lisboa, a capital lusa tem agora num matador de toiros espanhol o seu maior ídolo. 

    Creio que nestes 10 anos, desde a reabertura da praça, nunca se tenha ouvido tamanha ovação e rejubilação prestada a um toureiro na capital portuguesa. 

    Juan José Padilla, o "pirata" do toureio, voltou a Lisboa pela segunda vez esta temporada, encheu praça, e foi astuto o suficiente para saber o que todos queriam ver...e fê-lo pondo em êxtase o conclave. 

    Ganhou ele, ganhou Lisboa, ganharam os presentes e ganhou uma Festa onde muitos têm feito por "matar" o toureio a pé! 

    Se não é o melhor exemplo e o 'renascimento' que queríamos como "bandeira" da arte de montes em Portugal? Pois... mas isso agora que importa?!

    Quando um toureiro pôs Lisboa como Padilla pôs, não podem restar dúvidas de que agradou, fez aficionados e deu anos de vida ao toureio a pé em Portugal. 

    Contudo, o que de eficiente toureio se viu naquela noite, não lhe pertenceu...
    Mas Padilla muitas vezes não necessita se quer de tourear para ter Lisboa a seus pés! 

    Lidou-se um curro de Manuel Veiga, bem apresentados, astifino e com muita cara o primeiro, uma estampa o quarto. Em comportamento tiveram todos condições de lide, ainda que de "personalidades" distintas, destacando-se o nobre segundo, o bom quinto e o excelente sexto, animal com classe e capacidade de investida para dar e vender. 

    Finito de Córdoba também esteve pela segunda vez em Lisboa este ano, e uma vez mais ficam-nos dele os melhores detalhes de um toureio de classe, quer na forma delicada como pega no capote e com suavidade leva a rês embebida, quer pela calma e o fino corte com que toureia de muleta, exemplo do bom tourear. O seu primeiro transmitia pouco, era a passo que dava um passe. Frente ao segundo do seu lote, pôde desfrutar mais e saciou os puristas.

    Padilla teve duas actuações à medida do que lhe é esperado. Variado, valoroso, entregue e arrebatador. Aproveitou as qualidades nobres dos dois toiros que em sorte lhe tocaram para fazer valer o título de "ídolo" de Lisboa. Teve mais transmissão o seu segundo que o primeiro, e em ambos se arrimou na sorte de bandarilhas. Concedidas, exigidas ou simplesmente, programadas, Padilla deu duas voltas no primeiro e três no segundo. 

    E pela segunda vez, Padilla saiu pela Porta Grande do seu Reino...

    Manuel Dias Gomes apresentou-se (finalmente) em Lisboa como matador e fechou a sua temporada tal como a iniciou a 31 de Janeiro em Mourão, a triunfar. Podia e devia ter-se sentido intimidado, face ao peso das figuras com que ombreou mas evidenciou maturidade o suficiente para não passar despercebido nesta corrida. Frente ao primeiro do seu lote, animal que rebricava muito na flanela, andou com alguma descrição, salvando-se detalhes dos seus bons modos. Mas foi no sexto que se viu o português com mais disposição, entrega e ofício. Uma faena importante, com Dias Gomes a lograr um toureio de mão baixa, templado e aproveitando as boas condições de um toiro que investiu sempre com classe na muleta do toureiro. 

    O ganadero deu volta após a lide do quinto e do sexto, assim como no final da corrida juntamente com os três toureiros. Quis-se fazer justiça à qualidade do sexto, ordenando o director que se lhe desse volta ao ruedo...mas nem volta acabaram por lhe dar, nem música teve direito. 

    De enaltecer, temos o mérito dos bandarilheiros portugueses às ordens de Dias Gomes, Cláudio Miguel, Joaquim Oliveira e principalmente João Ferreira, eficientes nos pares que cravaram e que por isso, saudaram. 

    Salientar também alguns dos brindes feitos pelos artistas, como o de Finito a António Ferrera, o de Padilla a Ricardo Chibanga e o de Dias Gomes aos companheiros de cartel.

    A Banda do Samouco voltou a abrilhantar este espectáculo, dirigido pelo sr. Rogério Jóia, assessorado pelo veterinário Dr Jorge Moreira da Silva.

    E agora que Lisboa tem um ídolo, quer-me parecer que não vão querer outra coisa...




    Por: Patrícia Sardinha