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    Crónica de Setúbal: "Uma noite comprida mas agradável"


    Com direcção de Pedro Reinhardt e assessoria do veterinário Dr. Hugo Tavares, realizou-se, ontem, dia 23 de Julho, na praça Carlos Relvas, em Setúbal, uma corrida de toiros cuja assistência se aproximou de meia casa.

    Inicialmente estavam anunciados toiros Vinhas que foram substituídos por toiros Charrua. Bem apresentados de um modo geral, excepção feita ao lidado em quinto lugar por João Telles Jr, baixel e feio de tipo. Os pesos variaram entre os 600 e os 475.

    Abriu praça Moura Caetano, recebendo com aproposito o Charrua, de 566 Kg. O toiro adiantava-se, não tinha sítio e Moura Caetano mudou de montada logo após o primeiro comprido, cravado de recurso. Com uma montada que lhe permitia outros recursos, lá foi cravando a ferragem da ordem com um toque na montada, mas era assim; havia que arriscar muito e o público reconhece isso mesmo, sendo que o último ferro, quarto curto, deve ter sido o melhor do faena. No fim o director não lhe atribuiu volta tendo agradecido nos médios.

    Na segunda parte, em quarto lugar, coube-lhe lidar um exemplar com 500 Kg que havia de ser o melhor da noite, de tal sorte que valeu ao ganadero uma volta à arena. Começou logo nos compridos, chamando de praça a praça, aguentando enormemente, cambiando a sorte e cravando ao estribo. Esta receita serviu para os compridos e revelou-se acertada para os primeiros curtos, depois variou as sortes, rematando com ladeios, enchendo a cara ao toiro e o público rendeu-se à destreza do cavaleiro e às qualidades do hastado.

    João Telles Jr lidou o saído em segundo lugar, um Charrua de 507 Kg bem apresentado. Não se fixa e arranca de todo o lado mesmo sem ser chamado, basta olhar e ver que há ali alguma coisa. Começou com um ferro sem grandes primores, o segundo foi cravado à tira mas sem os tempos da sorte marcados porque o toiro não deixava. Nos curtos, descobriu que fazendo sortes ao piton contrário a coisa dava e então utilizou a sorte repetidas vezes, o que agradou ao conclave, terminando com um palmito para gáudio dos espectadores.

    Em quinto lugar coube-lhe lidar um exemplar com 555 Kg começando com um comprido a abrir e um segundo à tira bem rematado. Nos curtos começou com dois ferros a cambio mas a cilhas passadas; a partir do terceiro, com a mesma receita, acertou no sítio e os ferros foram ficando melhor colocados, embora a lide resultasse sempre igual, algo monótona, dada a repetição da sorte.

    Couberam a Mara Pimenta os toiros mais pesado e mais “leve” da corrida com, respectivamente, 600 e 475 Kg.

    O seu primeiro, o mais pesado, saiu com muita pata dando muito trabalho e alguns sustos aos bandarilheiros e à cavaleira, para o parar. A “amazona” mudou de montada antes de cravar o primeiro ferro, deixando de seguida um ferro que chegou ao público. O segundo comprido é cravado sem definir os tempos da sorte mas porque o toiro não se deixa fixar, no entanto crava à tira com muito valor. Nos curtos começou toureando à tira, com acerto, tendo contado com a boa colaboração dos seus bandarilheiros para parar o toiro, embora falhando à primeira deixa um segundo curto no seu sítio. Daqui para a frente, e depois de mudar de montada, consegue dar a volta à situação cravando mais três ferros a câmbio, enchendo a cara ao toiro e os olhos aos espectadores.

    Para fechar a corrida saiu o menos pesado da corrida. Sai com “gatos na barriga”, bem dobrado e parado pela cavaleira, começando com dois compridos sem grandes cuidados, muda de montada mas este não era o seu toiro. Deixa a ferragem dispersa, alguns quase na perna do seu oponente. Muito acarinhada pelo público apenas o terceiro curto, à tira, é digno de registo.

    Para as pegas estavam no cartaz os mesmos grupos que se haviam encontrado na noite anterior na Póvoa de Varzim, na corrida TV Norte: Amadores do Ribatejo com o cabo Pedro Espinheira e os Amadores de Alcochete com o cabo Nuno Santana.

    Pelos do Ribatejo, Ruben Durães, com um toiro que não se fixava e arrancava ao mais pequeno movimento, só à terceira, com ajudas carregadas foi possível concretizar a pega. Dário Silva pegou o mais pesado que arrancou com modos, não derrotou, só empurrou o que proporcionou uma pega vistosa. No quinto da ordem e seu terceiro, os do Ribatejo mandaram para a cara João Oliveira que só à quinta tentativa, a sesgo, com ajudas “extra” conseguiu concretizar a pega.

    Pelos de Alcochete começou a contenda Fernando Quintela. O toiro, como sempre fez ao longo da lide, arrancou descomposto, mas o sangue frio e a técnica fizeram Quintela, recuando, esperar o momento certo para abrir os braços e alapar-se na cara do morlaco com o grupo a fechar-se e a concretizar uma pega com valor e eficaz. João Pedro Sousa tinha à sua espera o melhor toiro da noite, até na pega. Bem a citar, a tourear e a fechar-se num toiro que veio pelo seu caminho e entrou pelo grupo sem fazer mal. Para fechar a corrida, os de Alcochete mandaram para pegar o toiro, Tomás Torre do Vale. O toiro respondeu ao cite e ao sentir o forcado na cara tem um derrote que parecia ir deitar tudo a perder e desvia-se da linha do grupo mas os braços de Tomás e a organização do grupo fizeram com que uma pega que se antevia difícil, fosse concretizada à primeira tentativa. 

    No primeiro toiro não foram atribuídas voltas. No segundo, terceiro e sexto, voltas para cavaleiros e forcado, no quarto volta para cavaleiro, forcado e ganadero, no quinto volta só para o cavaleiro.

    A noite de toiros foi agradável, mas as várias tentativas de pegas falhadas e um toiro que só à corda foi recolhido, prolongaram o espectáculo em demasia.




    Por: Rui Loução