ENTREVISTA a Manuel Dias Gomes: "É em cartéis como este de Mourão que ambiciono tourear"

É o mais recente matador de toiros português (tirou alternativa a 30 de Maio de 2015), e será o primeiro representante luso dessa categoria a inaugurar a Temporada Taurina de 2016. Acontecerá precisamente de hoje a uma semana em Mourão.

Manuel Dias Gomes actuará no próximo domingo, dia 31 de Janeiro, no primeiro Festival que compõe a I Feira Taurina de Nª Sra das Candeias naquela vila alentejana, ao lado de figuras espanholas. 

Numa breve conversa, o NATURALES foi conhecer as expectativas do jovem toureiro não só para o compromisso que se avizinha como para toda a restante Temporada que agora se inicia.

MANUEL DIAS GOMES: "É importante que exista em Portugal respeito à própria profissão tanto por parte dos profissionais como dos empresários"

Tem, a par com o Paco Velásquez, o privilégio de ser um dos dois matadores portugueses presentes na I Feira Taurina da Sra das Candeias a realizar dia 31 de Janeiro e 1 de Fevereiro em Mourão. Esse facto, de ser um dos 'eleitos', torna mais motivante a sua presença nesses festejos?

Manuel Dias Gomes: Isso nem se põe em causa... Poder começar a minha primeira temporada completa como Matador de Toiros num Festival da categoria daquele que se anuncia para o dia 31 de Janeiro em Mourão, é entrar em pleno na temporada de 2016. E, portanto, quero com a minha actuação justificar a presença no Festival e permitir que essa tarde seja para sempre recordada.

E que importância tem para um jovem toureiro estar no primeiro festejo da Temporada, para mais ao lado de grandes Figuras do Toureio? 

M.D.G.: Considero um cartel muito completo. E poder partilhar cartel com essas máximas figuras do toureio vai-me dar a oportunidade de crescer profissionalmente, pois poderei medir-me com eles. Sinceramente, é em cartéis como este, pelo menos para mim, que ambiciono tourear. 

Crê que Mourão se tornou numa praça e numa data onde todos querem estar?

M.D.G.: Mourão sempre teve uma grande conotação com o toureio a pé e por essa bonita praça passaram também toureiros importantes. A verdade é que nos últimos anos, e com o excelente trabalho e afición do ganadero Dr. Joaquim Grave, esta praça tem ganho muito. De facto no panorama taurino, o Festival de Mourão começa a ficar cimentado e a ser ambicionado pelos toureiros em quererem estar presentes. Um exemplo a seguir sem dúvida…

Na temporada passada tornou-se Matador de Toiros, ainda assim, escassearam oportunidades nas nossas praças para o mais novo matador português. Continuam a fechar-se portas ao Toureio a Pé em Portugal e mais concretamente aos matadores portugueses? Na sua opinião, porque é que isso acontece e o que pode um jovem como o Manuel fazer para contrariar essa tendência?

M.D.G.: De facto, a minha apresentação em algumas das praças mais importantes do nosso país não se sucedeu mas espero que durante a temporada de 2016 possa vir a tourear nas mesmas. As oportunidades escasseiam mas, ainda assim, na passada temporada existiu um pequeno acréscimo de corridas mistas no nosso país, o que realmente me deixa bastante contente pois, pouco a pouco, creio que poderá existir uma mudança. No que toca à minha pessoa, e para contrariar essa tendência, é ter essa responsabilidade que compete aos protagonistas da Festa, que em cada corrida consigamos que o aficionado sinta a rivalidade, competência e criatividade entre os protagonistas. É importante que exista em Portugal respeito à própria profissão, tanto por parte dos profissionais como dos empresários, para que haja dignidade na Festa nacional.

Como tem sido a sua preparação neste defeso?

M.D.G.: O defeso tem sido intenso sobretudo em toureio de salão,  para que no dia 31 de Janeiro chegue com a maior disposição e vontade de triunfar ao lado das figuras do toureio. Pude participar em alguns tentaderos como por exemplo, nas duas das ganadarias mais importantes de Espanha, as ganadarias Parladé e Victorino Martín.

E expectativas para a Temporada de 2016 que agora começa?

M.D.G.: Quero estar a altura de todos os compromissos que venha a ter em 2016. Sobretudo, sentir-me feliz fazendo o que mais gosto, que é tourear. Deverá ser um ano de rodagem e também de aprendizagem de modo a ir procurando maturidade, ofício e um melhor conhecimento da profissão que requer a categoria de Matador de Toiros. De modo a que algum dia, consiga concretizar factos extraordinários como os que concretizam diariamente as figuras do toureio.

Imagens de Manuel Dias Gomes num tentadero na ganadaria Parladé

Fotografias: Agustín Arjona 

Texto: Patrícia Sardinha