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    Crónica de Évora: "A Última e o Primeiro"


    Terminou oficialmente a Temporada Taurina de 2015. Manda a tradição que a época encerre a 1 de Novembro, e tem mandado nos últimos anos o empresário, que o término aconteça em Évora

    Assim foi, com cerca de ¾ de casa, um festejo de beneficência a favor da instituição “SolSal”, com grande ambiente nas bancadas – já em tom de saudade, tão típica do português – deu-se a última corrida do ano em terras lusas, e na última, houve um que ficou sem sombra de dúvida, em primeiro no pódio: Luís Rouxinol.

    Lidaram-se toiros da ganadaria Passanha, que depois do bom jogo dado na que fechou temporada lisboeta, foram a Évora repetir a sorte. Um curro bem apresentado, sem excessos de carnes, que de comportamento teve várias nuances, desapegando-se no geral um pouco do habitual e esperado dos murubes, sendo toiros que não permitiam deslizes.

    António Ribeiro Telles abriu a tarde perante um toiro insonso, ainda que conivente à perseguição mas que transmitia pouco, e frente ao qual sobraram as boas maneiras do cavaleiro da Torrinha. António foi exímio lidador, estando bem na brega e na abordagem ao oponente, destacando-se em superioridade o quarto ferro da ordem. Uma actuação cumpridora, de classe mas que não chegou a romper. 

    Luís Rouxinol terá inicialmente torcido o nariz ao seu toiro, que saiu solto, distraído, a mansear e aos arreões, sendo também o mais pequenote do lote e ligeiramente montado. Só que o de Pegões nem na última do ano descurou entregar-se, e em vez de se vergar às características de manso que o toiro apresentou, Luís Rouxinol fez uso das suas capacidades de entender o que tem pela frente e de o transformar em algo diferente. Para isso muito lhe valeu o grande toureiro que é o Douro, com o cavalo a recortar-se na cara do toiro quase de forma descarada, mantendo-o sempre ligado nos remates após a ferragem comprida. Nos curtos, foi a Viajante quem mais uma vez deu o melhor de si, aguentando a pouca distância do oponente que se revelou outro, inclusive arrancando-se primeiro ele à montada. Dos curtos fica-nos o primeiro e o terceiro da ordem, cingidos e ao estribo. Rematou como não podia ser de outra forma, com um bom palmito e o exigido par de bandarilhas. Público rendido.

    Vítor Ribeiro nem sempre foi convincente frente ao terceiro toiro da tarde, com uma actuação discreta e irregular perante um toiro que tinha condições, voluntarioso e nobre. Logo nos compridos e montando o Soneca, consentiu forte toque na montada após o segundo comprido. Nos curtos, oscilou entre a boa vontade e o pouco entrosamento com o oponente. Da lide fica-nos o segundo ferro curto. 

    Ana Batista voltou a evidenciar o bom momento e inspiração em que entrou na recta final desta temporada, frente a um toiro que saiu com alguma pata mas que acabou por ser o mais em tipo do encaste, sendo nobre e cómodo. A cavaleira é herdeira de uma classe e de um toureio no mais puro estado, destacando-se na brega e eficácia com que colocou o toiro nos terrenos, partindo em sortes frontais, sendo de boa nota, os cingidos terceiro e quarto da ordem. 

    Tomás Pinto nem sempre foi feliz na sua actuação, consentindo alguns toques nas montadas, descurando a lide com várias intervenções dos peões de brega, limitando-se a cumprir com a ferragem. Pelo meio ainda sofreu uma queda aparatosa mas sem consequências e onde mais uma vez, Luís Rouxinol foi o primeiro…a sair ao quite e a ‘rabejar’ o toiro.

    Também o praticante Rui Guerra acusou a pouca rodagem, por vezes com excessiva velocidade, numa actuação esforçada, de alguns toques – e alguns mais aflitivos que outros – numa lide de pouco para memória futura.

    Nas pegas a emoção foi outra, com os dois Grupos em praça, a brindarem-nos com grandes pegas.

    Pelos Amadores de Évora abriu a tarde João Madeira, que concretizou bem à primeira, com uma pega rija até tábuas; João Pedro Oliveira viu o seu toiro ensarilhar antes da reunião, ele ainda quase escorregou, mas deitou-lhe os braços e aguentou até à trincheira, numa grande pega à primeira; o cabo António Alfacinha encerrou a prestação do Grupo esta temporada com uma grande pega também à primeira, com o forcado bem fechado na cara do toiro e o grupo a responder com eficácia.

    Pelos Amadores de S. Manços, Jorge Veladas ainda reuniu com um piton no meio das pernas mas recompôs e concretizou à primeira; Manuel Vieira sofreu fortes derrotes nos seus dois primeiros intentos, não estando os ajudas tão eficazes a consumar, correcção feita na terceira tentativa, com o forcado da cara novamente a aguentar a dureza do toiro e desta feita o grupo coeso a efectivar; terminou a tarde, Nuno Pitéu com mais uma muito boa execução ao primeiro intento.

    Dirigiu a corrida o sr. Manuel Gama, sem problemas e com a benevolência de final de temporada, concedendo volta e música a todos, aliás muito bem executada pela Banda Filarmónica de Nª Sra de Machede.

    E na última do ano, foi Rouxinol quem se destacou, ele que curiosamente foi o primeiro a abrir a Temporada que agora se finou, a 1 de Fevereiro em Mourão. 

    Mais…só para o ano, daqui a três meses, no sítio do costume.





    Patrícia Sardinha