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    A novilhada do Campo Pequeno: "Aguardemos..."


    A sempre bem-vinda novilhada de abono da Praça de Toiros do Campo Pequeno tinha tudo para resultar no festejo com mais sentido de competição de toda a temporada. Não tanto pelos cavaleiros (esses nunca se picam, querem todos o triunfo uns dos outros) mas sim, pelos novilheiros anunciados: um, o 'príncipe' dos novilheiros em Portugal, o outro, o 'príncipe' português dos novilheiros em Espanha. No entanto, e por infortúnio do segundo, a novilhada acabou antes por ser uma prova de fogo do primeiro.

    Pouco público presente, já se sabe que as novilhadas não são para fazer dinheiro e certa afición entretém-se pouco com elas, nem compensa adornarem-se em casa para as fotografias nas bancadas.

    Lidaram-se reses de diversas ganadarias, uns mais compostos que outros, uns mais mansos que outros, mas no geral todos lidáveis.

    O festejo teve a particularidade de iniciar pelo que geralmente é o fim, o toureio a pé.

    Diogo Peseiro é aluno da escola daquela praça, já ali actuou por diversas vezes, ainda que nos surgisse desmonterado nas cortesias, e portanto jogava em casa. E não fez a coisa por menos, dando início à sua função de joelhos em terra e à porta dos sustos, aguardando o Varela Crujo. Correu-lhe bem a intenção para depois prosseguir de capote, onde saiu ao quite Juanito, e se sentiram os primeiros sinais de acesa competição (e provavelmente os únicos). De muleta, foi quando lhe baixou a mão que se viu o melhor de Peseiro, cruzado com o oponente, sem invenções, sem pressas, com o novilho nobre, sempre a investir humilhado. Uma actuação com bons pormenores que poderia ter sido de maior impacto.
    No que foi seu segundo, de David Ribeiro Telles, animal escorrido de carnes, nobre mas que levantava a cara no final dos muletazos, Peseiro teve actuação de menos a mais. Voltou a evidenciar mando, muito arrimo e variedade, mas nem sempre tão acoplado como se deixou ver na primeira actuação. Começou por levar o novilho no pico da flanela, mandando-o para fora, até que encontrou sítio e então se viram alguns muletazos de bom calibre.
    No que fechou o espectáculo, um de Murteira Grave, de investidas curtas e descompostas, sempre a raspar na arena, Peseiro teve argumentos para impor mais uma vez o seu toureio, variado e com raça mesmo após sofrer uma voltareta. Esta acabou por ser uma novilhada para que Peseiro se impusesse e demonstrasse capacidades para se entender com qualquer tipo de rês.
    Em todos os seus novilhos protagonizou o tércio de bandarilhas, marcado por alguma irregularidade.

    Este era o regresso de João Silva 'Juanito' à Praça de Toiros do Campo Pequeno, local onde pela primeira vez se apresentou ao público, aos 9 anos de idade. Era também a primeira vez que actuava em Portugal vestido de luces, no entanto, a noite foi-lhe infeliz. Senhor de uma classe e um perfil de 'figura', Juanito teve pela frente o novilho da ganadaria da Quinta de Mata-o-Demo, animal nobre, de pouca força e investidas curtas, acabando por transmitir pouco, pese embora a voluntariedade do toureiro. E quando ainda assim, tudo parecia finalmente afinado, entre novilho e novilheiro, o jovem ao rematar com um passe de peito, roçou a mão por uma bandarilha que tinha o arpão saído o que lhe provocou lesões em dois tendões, tendo recolhido à enfermaria e forçadamente a dar por terminada a sua prestação nessa noite.

    No que ao toureio a cavalo diz respeito, frente a frente dois jovens cavaleiros com vontade mas ainda muitas arestas por limar.

    Parreirita Cigano teve pela frente um novilho nobre da ganadaria Passanha, cómodo, perseguindo a passo, e demonstrou boas noções de lide, sendo também eficiente na brega. Empolgou as bancadas aguentando a pouca distância do oponente, com o cavalo sempre atravessado antes de partir à sorte e as batidas pronunciadas, ainda que nem sempre eficiente na ferragem.

    Também Francisco Parreira teve melhores modos na brega do que no resultado dos ferros. E todo ele foi um 'mini' António Telles no que toca a gestos de classe, com a mão na cintura, bregando de mão no ar com o tricórnio...sendo por demais notório o artista a quem quer fotocopiar. Pecou por raramente se fixar, levando sempre o bom novilho de Canas Vigouroux, animal bem apresentado e codicioso, em perseguição à montada, partindo depois aos ferros com algum desembaraço a deixar a ferragem, resultando uns mais cingidos que outros.

    Nas pegas, os Amadores do Redondo, que efectivaram as suas pegas por intermédio de Rui Grilo que à segunda tentativa consumou com o novilho a baixar-lhe a cara; e Hugo Figueira, o cabo, que concretizou à primeira, reunindo com o novilho a meter-lhe o piton no meio das pernas mas a consumar sem problemas.

    Dirigiu a novilhada o sr. João Cantinho assessorado pela veterinária Francisca Claudino.


    E se todos queriamos ter visto competição com esta novilhada, então para isso teremos que aguardar... Ainda não foi desta.