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    Otro artículo de opinión de nuestra subdirectora, Patrícia Sardinha...



    Numa altura em que muito se fala dos ataques à Tauromaquia provenientes de massas que em nome do que dizem ser a evolução dos tempos e o fim do sofrimento animal, desprezam a tradição, a arte e a cultura, a melhor arma de combate passaria por um meio taurino forte, unido e com qualidade. Contudo quer-me parecer que isso não é o que acontece. Temos uma Festa fragilizada, motivada por interesses pessoais, pela ânsia do dinheiro, ficando a verdadeira essência do que é ser-se aficionado mais perdida neste rol de proveitos, do que o D. Sebastião num intenso nevoeiro. A maioria não trabalha pela Festa, mas sim por aquilo que dela advém e com isso se perde qualidade, respeito e igualdade entre os diferentes sectores.
    Em Portugal, e não querendo estar a livrar o toureio a cavalo de vícios, porque também os tem, creio que a vertente do toureio que maior risco de sobrevivência corre é o toureio a pé. Independentemente do valor de cada um dos nossos matadores, novilheiros ou bezerristas, o que se tem que ter em conta, é que se não são melhores artistas é porque lhes somos pouco exigentes e porque lhes faltam as orientações certas mas principalmente lhes escasseiam as oportunidades. Num país em que até nem existe um grande número de matadores no activo, é pena ver que não se aproveitem os poucos que temos, criando por exemplo competição entre eles e quem sabe, desenvolver mais o gosto pelo toureio a pé junto dos aficionados.
    Das praças portuguesas com maior peso no panorama taurino, apenas três delas mantêm a presença de toureio a pé nos seus cartéis. As restantes limitam-se a presentear-nos com corridas a cavalo e espero estar muito enganada da coincidência de muitas delas serem geridas pelo já comum protótipo do empresário-forcado. Mas mesmo aquelas três praças importantes que montam corridas com toureio a pé, acabam por limitar a presença de artistas portugueses, dando mais destaque às figuras vindas de Espanha, do que oportunidades aos nossos matadores. E isto talvez aconteça porque são os espanhóis que lhes enchem a casa, ou porque considerem que os portugueses não justificam a sua presença nas praças grandes, porque só toureiam nos pueblos. A verdade é que são os pueblos, as praças de 2ª e 3ª categoria, quem acaba por mais apoiar o toureio a pé português, e se eles não justificam a presença em praças grandes, é porque os triunfos nas praças pequenas passam sempre ao lado dos empresários que raramente lhes dão oportunidades.
    O mesmo não acontece com os cavaleiros, pois quer toureiem em praças pequenas, médias ou até desmontáveis, acabam por ter sempre lugar garantido nas principais praças do país, mesmo que o seu toureio seja de um estilo mais vulgar. Pior que isso é vê-los repetidos 3 e 4 vezes numa temporada, na mesma praça. E aqui pergunto eu, se aos matadores lhes é exigido que dêem cartas para justificar presença num cartel em praças grandes, porque não há o mesmo rigor de exigência para os cavaleiros? Serão uns filhos e outros enteados?
    Também não valido a opinião de que o toureio a pé não rende, porque quem é aficionado aos toiros, tanto o é para corridas a cavalo como para corridas a pé. Basta ver a quantidade de aficionados portugueses que todos os anos se deslocam ao país vizinho para ver corridas. Mas se ainda assim, houver público que não simpatiza com esta vertente do toureio, é porque não a entende, porque raramente a vê e como se pode gostar de uma coisa a que mal se assiste?
    Volto a frisar que, independentemente do valor de cada um dos nossos toureiros a pé, e há-os com mais e com menos arte, tenho em mim, que se houvesse um punhado deles a quem fossem dadas oportunidades, criando-se rivalidade nas arenas, motivando conversa nas bancadas, na imprensa e despoletando uma paixão maior junto do público por esta vertente, talvez o toureio a pé português não fosse tido como uma ‘estrangeirice’, porque Portugal não é só país do toureio a cavalo mas sim do toureio em geral que tanto se pratica a cavalo como a pé, sendo para isso também necessária a existência de respeito e igualdade por parte dos empresários perante as várias vertentes do toureio.
    E termino lançando um repto: É muito comum o cartel de seis cavaleiros, mas haverá algum empresário ousado, capaz de montar uma corrida com seis matadores portugueses?