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    La crónica pendiente de Campo Pequeno

    A QUEM PERTENCE

    O FUTURO DA FESTA?

    Campo Pequeno, 18 de Junho, 2009

    O Futuro da Festa passa pelos jovens toureiros. É neles que se depositam as esperanças da continuidade da tauromaquia. No entanto as oportunidades aos novos são escassas, a qualidade dos pretendentes nem sempre é a ideal, o público vai perdendo o bom gosto apreciando brilharetes artificiais ao invés de lides de valor, e como se não bastasse tudo isto, acresce os ataques dos anti-taurinos e as embirrações dos serviços competentes em não autorizar espectáculos taurinos, o que me faz temer pelo caminho em que deambula o Futuro da nossa Festa.

    Na passada quinta-feira do Campo Pequeno, voltou a conceder-se oportunidade aos novos valores da tauromaquia. Uma novilhada, onde a estrela maior para a maioria dos aficionados se anunciava sob o nome de Michelito, o jovem de 11 anos com sucesso a nível mundial, e que se apresentaria em Portugal no Campo Pequeno extra-novilhada, não fossem as investidas duras dos anti-taurinos que deram inicio à problemática ainda na terça-feira, e as implicações por parte do Ministério do Trabalho e da Protecção de Menores atestando a necessidade de burocracias por tudo e por nada, com o intuito de impedir a actuação do bezerrista, e cuja confirmação foi dada à empresa ao final da tarde, a poucas horas no inicio do espectáculo.

    Salvou a noite a gana e a vontade de todos os intervenientes de mostrarem o seu valor e aproveitarem esta oportunidade de lidar na primeira praça do nosso país.

    Marcelo Mendes abriu praça frente a um novilho com 508 kg e teve uma lide de muita vontade mas também de “muita parra e pouca uva”. Recebeu-o com boa brega, com o novilho sempre a perseguir. Efectuou uma passagem em falso para cravar o primeiro comprido e depois de cravados certeiros três ferros compridos, acusou o novilho, alguma falta de forças. Nos curtos, com a rês já a menos, exibiu-se nas bregas e nos recortes mais do que na ferragem, consentido mais duas passagens em falso. Termina actuação com um ferro violino que deixou algo a desejar, e um ferro palmito no sítio. Demonstrou realmente muita determinação, chegando facilmente às bancadas, mas pecou pelo excesso de velocidade e alguma precipitação.

    Soller Garcia acusou a responsabilidade de tourear na Praça de Toiros do Campo Pequeno, e registou uma lide irregular. Sofreu ligeiro toque logo na brega com que recebe o novilho, com 479 kg, e coloca dois ferros compridos à garupa. Depois de cravar o primeiro curto sem prévia preparação, sofre dois violentos toques. Novamente sem qualquer preparação da sorte, crava, sofrendo outro toque na montada e resultando o ferro descaído. Cravou mais dois ferros regulares, e um último, o melhor da sua actuação, de alto a baixo.

    Pelo grupo de Forcados Amadores da Azambuja pegou o primeiro novilho António Lourenço, à segunda tentativa depois de um primeiro intento em que faltou força de braços; e André Miranda à primeira com o novilho irregular na rota, mas a fechar-se bem.

    O novilheiro Daniel Nunes, exibiu logo o seu bom momento com o capote nas mãos, pondo as mãos baixas, com temple, pecando por se ter confiado demais no novilho com 454 kg que o desarmou. Com a muleta brilhou pelos estatuários com que iniciou a lide, mas toda a restante faena foi de enorme valor, com a mão direita baixa, instigando o novilho a rodar à sua volta, com suavidade e temple nos passes, bem rematados com a esquerda. Também por naturais deslumbrou, numa actuação em que Nunes se sentiu a gusto, com raça, desfrutando das boas qualidades da sua rês. Faltou só que o público tivesse realmente entendido o toureio bom que se assistia na arena, mas como tenho dito, as bancadas actualmente, apenas se manifestam em actuações de adornos e perigo.

    Juan del Álamo andou variado de capote frente a um novilho com 431 kg. Na muleta teve uma faena de mais a menos, com a rês a sair muito para fora, passes sem ligação, sacados um a um. O novilho tinha algum perigo e procurava o toureiro que ainda sofreu voltareta no fim da sua actuação.

    Manuel Dias Gomes tinha já provado o amargo gosto das colhidas quando ao lancear de capote o novilho de Juan del Álamo, por duas vezes se viu apanhado. No entanto, foi frente ao seu novilho com 500 kg que o português sofreu maior susto ao ser colhido aparatosamente enquanto executava estatuários, e milagrosamente sem consequências. Antes disso mostrara muita raça de capote, com o novilho a entrar com força. Depois da colhida, a afoiteza do novilheiro engrandeceu, pondo voz e mando nos cites, sacando mais da rês com a mão direita e chegando facilmente às bancadas. Com a esquerda os passes surgiam menos ligados, e com maior perigo. Voltou o novilheiro à mão direita, até dominar a rês, e impingir-lhe uns quantos desplantes.

    O novilheiro Paco Velasquez não teve muita sorte com o novilho que lhe tocou, com 439 kg, manso e sem transmissão. Mas também o toureiro não estava muito disposto, com demais velocidade no capote, e na muleta sem se arrimar, com passes desligados, sem mando, a acusar inquietação porventura de estar no Campo Pequeno.

    Os novilhos de Manuel Veiga tiveram apresentação, foram colaboradores no geral, exceptuando o lidado em último, mais manso e de menor transmissão.

    Dirigiu a corrida o Sr. Nuno Nery com a competência e exigência já conhecida, assessorado pelo veterinário Dr. José Ritta, num espectáculo que decorreu com ritmo, juventude e meia casa preenchida numa noite quente, onde a Porta esteve aberta ao Futuro.

    PATRÍCIA SARDINHA