"A corrida de S.Pedro, em Évora, tem diversos aliciantes para que possa criar expectativa no público"
1 – Estamos quase a meio da temporada 2009, qual é o balanço que pode fazer até ao momento da temporada montada pela empresa Terra Brava?
Neste momento a empresa Terra Brava apenas levou a efeito 3 corridas de toiros, duas em Évora e uma em Alter do Chão. Quanto ao balanço relativamente a estes espectáculos posso afirmar que é bastante positivo, pois quer na Arena d'Évora, onde se realizaram a II Festa do Forcado e o 50º Concurso de Ganadarias, quer na tradicional corrida do 25 de Abril em Alter, tudo correu bastante bem falando em termos artísticos e em termos de afluência de público.
2 – Em relação às duas temporadas anteriores, desde a reabertura da praça, pensa que houve alguma alteração em termos de adesão do público?
Graças a Deus o público tem respondido sempre bem desde a reabertura da praça. Não só em termos de comparência nos espectáculos, mas também na forma activa como intervem e participa no decorrer das corridas, mostrando ser um dos públicos mais exigentes e mais entendidos de Portugal. E assim o prestígio da praça também se eleva.
3 - A Festa do Forcado e o Concurso de Ganadarias Luso-Espanhol, corridas realizadas até à data na Arena d'Évora, são receitas de sucesso a manter nas próximas temporadas ou podem sofrer algumas alterações?
Como base, sim, mas poderão sempre ocorrer algumas pequenas alterações como forma de dar vida aos próprios eventos.
4 – Por falar no Concurso de Ganadarias, o júri deste ano entregou os dois troféus, Bravura e Apresentação à ganadaria Murteira Grave, no entanto o Dr. Joaquim Grave, num gesto de justiça entregou o prémio Bravura à representante da ganadaria Palha. Para a empresa e principalmente para o júri, esse acto do ganadeiro foi bem visto?
Embora o júri deva ser respeitado e a sua decisão seja soberana, na minha modesta opinião a sua avaliação não foi correcta e penso que o ganadero teve uma atitude acertada.
5 – E já que falamos nos toiros de Grave, e depois do êxito destes toiros em Lisboa e Santarém, acredito que tenha enormes expectativas para a corrida de dia 29 de Junho, onde será lidado um curro dessa ganadaria a ser pegado unicamente pelo grupo de Évora. Quer-nos falar dessa corrida?
Esta corrida, quanto a mim, tem diversos aliciantes para que possa criar expectativa no público e consequentemente proporcionar, a todos os que por certo irão encher a praça, um excelente espectáculo.
Apresenta-se um curro de uma ganadaria que atravessa um magnífico momento, como ficou demonstrado pelo toiro apresentado no 50º Concurso de Ganadarias de Évora e nos curros lidados em Lisboa, Cáceres e Santarém, estarão em praça seis cavaleiros de estilos variados, que agradam ao público, e representadas duas gerações de toureiros e para pegar os seis toiros, o Grupo de Forcados da terra em dia de festa anual, com antigos e actuais forcados, no dia da cidade - S. Pedro.
Os dados estão lançados!
6 – Para além da praça de Évora, a sua empresa Terra Brava, organiza ainda corridas nas praças de Alter, Elvas e Alcácer do Sal, e nesta última irá decorrer uma corrida já no próximo dia 27, com um cartel atractivo mas onde se destaca o facto de haver bilhetes desde 10 euros. Em tempos de crise é assim que se contornam as dificuldades de modo a atrair o público?
É uma das formas, mas devo dizer que os preços dos bilhetes se mantêm inalterados desde o ano de 2000. O principal é encontrar actrativos em cada espectáculo que possam motivar o interesse dos aficionados e do público.
7 – Voltando a Évora, a corrida de dia 10 de Julho confirma-se que vai ser transmitida pela RTP? Que podemos esperar dessa corrida?
A XII Tourada Real, com a presença da Família Real Portuguesa, será de facto transmitida pela RTP 1 e terá um cartel composto por três jovens cavaleiros, João Moura Caetano, João Moura Jr. e João Telles Jr., que deverão competir com todas as suas forças entre eles, para possam iniciar uma renovação que é tão necessária para que a festa se mantenha bem viva.
Será lidado um curro imponente de Passanha e os forcados serão os Amadores de Santarém e de Évora.
8 – Tem sentido dificuldades enquanto empresário?
Algumas. Mas como tenho um espírito positivo, ou pelo menos tento, prefiro encarar as difilculdades como uma forma de aprendizagem permanente e retirar sempre o que de bom possa obter para a minha formação.
9 - Em relação ao facto de ser apoderado de Moura Caetano desde 2006, que sente que trouxe de novo à carreira do jovem cavaleiro?
Tento sempre incutir-lhe a máxima responsabilidade e que seja exigente consigo próprio. Mas isso já o João sabe e penso que devagar, como tudo deve ser feito no toureio, irá chegar ao sítio que lhe está destinado.
10 – Como já deve saber, agora tornou-se moda os cavaleiros irem tirar (uma segunda) alternativa a Espanha, quando já são doutorados em Portugal. Como apoderado de cavaleiro, mas também como aficionado, qual é a sua opinião sobre este assunto?
Discordo em absoluto. Não faz qualquer sentido e fico espantado com o facto de tudo isto acontecer.
Como aficionado sinto-me revoltado e enganado.
11 – O Carlos foi um dos fundadores e impulsionadores da Associação Portuguesa dos Empresários Taurinos, recentemente reactivada, assim como defensor de uma espécie de “Federação Portuguesa de Tauromaquia”, que englobasse as várias agremiações, relacionadas com a Festa Brava em Portugal. Crê que o futuro da Festa passar por um associativismo?
Sempre defendi o associativismo. Até apresentei no último Congresso de Tauromaquia, que se realizou há alguns anos em Salvaterra, uma tese que defendia aquilo que agora estamos a tentar criar, ou seja, uma Federação que congregue todas as associações do sector.
Penso que desta vez vamos conseguir.
12- Para terminar, Carlos Pegado - o Forcado, o Empresário, o Apoderado, ou o simples Aficionado? Quem vence?
Comecei por ser aficionado e penso que irei acabar aficionado.
É esse o motor de uma paixão que alimenta todas as minhas outras actividades dentro da festa.
Mas o meu coração está no Forcado...