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    Um oportuno artigo de Patrícia Sardinha


















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    Esta temporada, nós aficionados, fomos já várias vezes solicitados em diversas demonstrações de apoio e defesa à Tauromaquia, quer por voto, por e-mail ou comparência em manifestações contra acometidas anti-taurinas. No entanto, muitas vezes não nos damos conta que o maior ataque à nossa cultura, às nossas tradições taurinas, vem de dentro, daqueles que supostamente “fazem” a Festa Brava, mas também de nós próprios, meros espectadores de bancada.

    O toureio é uma expressão cultural da Península Ibérica, Sul de França e Países da América Latina. E assim como Espanha tem no toureio a pé um património, Portugal é Pátria do toureio a cavalo. É ou pelo menos deveria sê-lo.

    Existem diversas expressões do toureio a pé, que variam na técnica e na estética dos matadores. Assim como também é bem patente que no toureio a cavalo se podem encontrar duas vertentes bastante definidas. Por um lado, o rejoneio baseado na espectacularidade, exigindo menos mobilidade ao toiro, valorizando mais o adorno das sortes; e por outro, o toureio à portuguesa que é sobretudo frontal e onde se exige a rompante investida do toiro. Ambos os estilos são praticados por muito poucos ginetes com verdadeira qualidade. E pior que isso, é ver constantemente em praça, uma mistura dos dois.

    Infelizmente em Portugal é o que vem sucedendo. Não basta perdermos terreno frente aos rejoneadores espanhóis, que cada vez mais têm engrandecido o toureio a cavalo na vizinha Espanha, outrora totalmente subordinada ao toureio a pé, como ainda vemos os nossos cavaleiros abdicarem do legado do nosso toureio a cavalo, exibindo-se (mal) numa mescla de rejoneio com toureio à portuguesa.

    Óbvio que cada toureiro, terá o seu estilo moldado à sua personalidade, assim como não se exige que a expressão artística seja cingida a uma só variedade, pois não se pode tourear sempre da mesma maneira, até porque muitas vezes, estão as lides condicionadas às características dos toiros. Mas o que se entende facilmente é que, por vezes, o ignorar de certos padrões no toureio a cavalo, conduzem geralmente a um desempenho vulgar e pouco ortodoxo.

    Afinal a verdade no toureio assenta na abordagem dos terrenos de maior risco e na profundidade como é interpretado o toureio fundamental. E no toureio a cavalo o toureio fundamental, baseia-se na sorte de frente. Mas será que é isso que vemos e aplaudimos nas nossas praças? Tenho em crer que não, e por isso vos digo que o maior ataque à nossa tradição do toureio a cavalo, parte de nós, os que da Festa fazemos parte. Os cavaleiros porque preferem “imitar” os rejoneadores, numa actuação mais popularucha, que chegam facilmente às bancadas, relegando para segundo plano os fundamentos do toureio frontal, aquele que, por herança, é nosso. E os aficionados, porque pecamos ao agraciar com palmas e voltas à arena, actuações espaventosas ao invés de actuações com qualidade.

    É preciso então que o aficionado ponha “o ponto nos i’s”, passe a estar mais e melhor informado (para o qual muito também poderia contribuir a critica taurina, por vezes erroneamente a considerar boas, actuações medianas ou péssimas), e com o perfeito juízo daquilo que é o toureio a cavalo à portuguesa e daquilo que é o rejoneio, possa então separar as águas, daquilo que não é nem uma coisa nem outra.

    E como portuguesa, e se me permitem a ousadia, só tenho a sugerir, que torçam sempre pelo que é nosso.