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    OPINIAO : UMA REALIDADE

    PONTEVEDRA/LISBOA/MOURAO (NATURALES).- Teve início no passado domingo o primeiro festejo deste ano do Certame de Rejoneio do Canal Sur em Atarfe, e uma vez mais com presença portuguesa nos cartéis. O objectivo deste evento é bem-intencionado, para além da promoção do toureio a cavalo junto dos espanhóis tão apegados que são ao toureio a pé, ainda divulga jovens ginetes e uma das maiores tradições portuguesas, os forcados. No entanto a nível português as prestações ficam aquém das expectativas. Houve um ou outro cavaleiro luso que, ao longo das duas edições do certame já ocorridas, fez jus e honra à nossa tauromaquia, mas outros houve que nada acrescentaram de positivo. E no que às pegas diz respeito, vamos pelo mesmo caminho.
    Tudo bem que são cavaleiros amadores/praticantes, tudo bem que são grupos de forcados amadores com pouca (ou quase nenhuma) rodagem, mas e é isto que temos para mostrar aos nuestros hermanos e ainda para mais num certame televisionado? É isto que valemos enquanto cavaleiros oriundos da pátria do toureio a cavalo? É assim que se pegam toiros em Portugal?
    Depois de assistir no domingo passado a este primeiro festejo, em que as nossas presenças lusas foram assinaladas pela cavaleira Ana Rita, repetente neste certame e repetente também na qualidade do seu ofício, e pelo grupo de forcados amadores de Benavente, constatei que uma vez mais passámos a imagem de coitadinhos, de heróis sem mérito. E porquê? Porque a cavaleira voltou a demonstrar não ter mão nas suas (débeis) montadas, falhando demasiados ferros, sofrendo por demais toques, assim como os forcados nas suas pegas mal efectuadas, e que em Portugal um bom aficionado que se preze as não consideraria pegas consumadas, se bem que até por cá, infelizmente, já se vai fazendo vista grossa muitas vezes a pegas mal concretizadas e por grupos de forcados consagrados. Mas apesar de tudo isto, são bastante ovacionados, ela porque apesar das adversidades não desiste, eles porque o público vizinho não entende o conceito da pega e gosta é de os ver correr perigo. Somos assim uma espécie de “atracção especial do circo”, os outros, os espanhóis, toureiam, nós entretemos.
    É assim que vai crescendo o rejoneio em Espanha, cada vez com mais mérito e profissionais no ramo, enquanto nós, os herdeiros da arte de Marialva, vamos perdendo terreno lá fora e cá dentro. Porque não basta investirmos a peso de ouro em contratações das vedetas internacionais, desprezando muitas vezes o valor nacional, vamos também aniquilando aquilo que verdadeiramente é nosso, o toureio a cavalo à portuguesa, enfeitando-o com tiques e manias de rejoneio.
    A realidade já a denunciou a crítica Catarina Bexiga, no seu artigo deste mês da revista Novo Burladero onde se interroga com razão: “...vamos permitir que a Pátria do Toureio a Cavalo mude de sítio? Vamos deitar tudo a perder?” Pensem nisso, cavaleiros e aficionados se faz favor!

    Patrícia Sardinha