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    CRONICA DE UNA IMPACTANTE CONFERENCIA DE PRENSA : ‘A justiça não se agradece!” (Dr.Henrique G. Borges)


    LISBOA (Crónica da nossa subdirectora, PATRICIA SARDINHA, enviada especial de NATURALES, CORREIO DA TAUROMAQUIA IBERICA)
    Quando no passado fim-de-semana tomei conhecimento da conferência de imprensa no Campo Pequeno, logo me veio à cabeça o que vira escrito algures num propagador de desgraças e embustices, o anúncio da saída de Rui Bento Vasquez como gerente taurino do Campo Pequeno. Contudo mantive sempre a minha reserva e sinceras esperanças de que assim não fosse. E tinha razão.
    Lembro-me perfeitamente de ver o Rui Bento tourear várias vezes na minha terra (Mourão), no tradicional festival de 1 de Fevereiro, o primeiro da temporada nacional, e uma tarde a 24 de Maio, sob uma forte chuvada, nas piores condições atmosféricas, detendo-se ele na arena frente à rês, persistente e valoroso, e recordo-me de pensar que assim deveriam ser todos os toureiros, não temer a nada, entregar-se e respeitar o público pagante. Ainda hoje Rui Bento se mantém fiel aquilo que dele penso. Persistente, entrega-se em tudo aquilo que faz e mantém um respeito enorme pelo aficionado.
    Depois de três temporadas à frente da gerência taurina da praça de toiros do Campo Pequeno, voltou-se a falar, como nos restantes fins de temporada, da suposta rescisão de contrato entre Rui Bento e a empresa proprietária do Campo Pequeno. Desta vez dizia-se que até já havia substitutos para o cargo (se bem que todas as semanas eram citados nomes diferentes), e falava-se com tal certeza, que ainda hoje, depois da conferência em que tudo foi desmentido, me custa assimilar como se pode inventar tanto sem confirmações, fontes credíveis e sem temer consequências.
    Juntou-se um grupo de cerca de vinte pessoas da imprensa generalizada portuguesa, entre críticos da velha guarda, daqueles vividos e completamente corroídos pelo bichinho da aficion, e jovens cronistas, com alguma verdura de experiência e sapiência e na qual não tenho problema em me incluir. Penso que não me desvio muito da realidade, se afirmar que, apesar de nos ter sido dado a conhecer que o teor principal da conferência seria uma análise retrospectiva à temporada que findou, todos ansiávamos pelo anúncio da continuidade ou não de Rui Bento Vasquez à frente da gerência do Campo Pequeno.
    Depois de gentilmente recebidos pelo sempre acessível e cordial responsável pelas relações públicas do Campo Pequeno, o Dr. Paulo Pereira, fomos encaminhados para a sala onde tudo se desvendaria. Na mesa estavam o Dr. David Ferreira, o Dr. Henrique Gonçalves Borges, o Dr. Henrique Pina Borges e Rui Bento. À primeira vista, todos carregavam um semblante sério, não se conseguindo de antemão adivinhar que revelações seriam feitas.
    Rui Bento Vasquez começou por nos apresentar um Balanço de Actividade da Temporada de 2008. Mostrou-se satisfeito com os resultados, pois contra tudo o que se tem escrito, a verdade é que ficou provado um saldo positivo quer em termos de público que rondou em média os 75-80% de taxa de ocupação média nos quinze espectáculos de abono, quer em termos de resultados artísticos. Também o facto de em quinze espectáculos, seis terem sido transmitidos via televisão é um sinal de vitória para Rui Bento, principalmente no que se refere à transmissão por parte da estação de televisão que mais portas tem fechado à tauromaquia “vi muita gente feliz e contente, mas ninguém referiu que foi o Campo Pequeno que conseguiu que se voltasse a transmitir corridas na SIC”, ainda no que concerne às transmissões televisivas, outro triunfo com o dedo do ex-matador foi o de duas dessas corridas televisionadas terem incluído toureio a pé “tive que lidar ao longo dos anos com a justificação (por parte das estações de televisão) de que o toureio a pé não resulta e o facto de terem transmitido duas corridas mistas, é sinal de que estamos de parabéns” rematou Rui Bento. Era um homem visivelmente satisfeito com os resultados obtidos, mas acredito que cansado por tudo o que se tem dito, pelo que se inventa e por muitas vezes ser incompreendido nalgumas das suas decisões pela imprensa.
    Mas esclarecidos que estávamos em relação ao balanço da temporada 2008, Rui Bento passou a palavra ao Dr. Henrique Gonçalves Borges, e aí estalou a realidade: “Estamos satisfeitos com o trabalho que o Rui tem realizado e quero comunicar que renovámos o seu contrato por mais três anos, e mais dois opcionais”. Fiquei feliz e penso que fui das poucas pessoas presentes que o manifestou momentaneamente com um sorriso, o silêncio e a seriedade permaneciam na restante assembleia. Talvez porque alguns estavam crentes no que se propagava à boca cheia quanto à ‘garantida saída’ de Rui Bento do Campo Pequeno e por isso desiludidos, se lhes prendeu a reacção.
    Após as declarações do Dr. Henrique G. Borges, Rui Bento tomou novamente da palavra para agradecer e declarar que ‘Foram três anos que não foram fáceis, não foram um mar de rosas, mas ensinaram-me a crescer a nível profissional e humano. Vou continuar a dedicar-me de corpo e alma. Tenho a consciência tranquila de ter feito o meu melhor ’. Eu também acredito que Rui Bento deu o seu melhor, e que se as coisas nem sempre correram de feição não terá sido por sua completa responsabilidade, aliás pessoalmente tenho de referir que muitas das críticas que ao longo da temporada fui fazendo ao Campo Pequeno, por atitudes ou acontecimentos incompreensíveis para a minha pessoa, as fiz com a noção de que passavam por cima das ordens de Rui Bento, sendo vindouras de ‘entidades superiores’ (curiosamente o único não presente na conferência). Contudo Rui fez questão de salientar que ‘ somos como uma “piña”, trabalhamos todos no mesmo sentido…e tenho a noção de que algumas coisas têm de ser melhoradas’ referindo-se à relação de trabalho que mantém com os restantes membros de mesa.
    Passou-se à parte das questões e/ou sugestões por parte dos críticos presentes, e logo tomou da palavra o Sr. João Aranha para felicitar a continuidade de Rui Bento à frente da gestão taurina do Campo Pequeno e para o questionar sobre o que tinha ele a dizer acerca de um artigo publicado num semanário sobre o fim da “Era Rui Bento” e que nada tinha a ver com o que acabara de ouvir ali ao que o Dr. Henrique G. Borges respondeu “Olhe, a fotocópia do artigo que lhe entregaram não serve para nada.”.
    Uma das críticas que Rui Bento mais tem sofrido ao longo destes anos refere-se à apresentação de alguns toiros na primeira praça do país, e facto pelo qual o gerente taurino assume que ‘A minha preocupação é a apresentação dos toiros. É o Sr. Morgado que os vê no campo, mas a responsabilidade é minha, e posso garantir que em cinquenta espectáculos nunca nenhum toiro foi reprovado por falta de apresentação. E muitas vezes escrevem-se coisas com alguma ligeireza sobre a apresentação das reses no Campo Pequeno.’. Deu ainda um exemplo para explicar que muitas vezes toiros gordos e grandes não são sinal de bravura, pois referindo-se a uma ganadaria ‘a última vez que tinha visto aqueles toiros no campo tinham pelo menos sessenta quilos a mais do que aqueles que realmente depois apresentaram em praça, e no entanto proporcionaram um bom espectáculo’.
    Outra das difamações que certos meios de comunicação teimam em propagar é o mau estar entre Rui Bento e certos toureiros, garantindo o ex-matador que “não tenho absolutamente problema nenhum com qualquer toureiro, nem Moura, nem Ventura, nem Telles, …’. Em relação a Diego Ventura no Campo Pequeno, sendo óbvio que faz falta a sua presença, estando o rejoneador luso-espanhol numa fase áurea da sua carreira, Rui Bento adianta que ‘Ventura inicialmente impôs honorários altíssimos, e durante todo o ano mantive conversações com os seus apoderados e inclusive com o pai dele, mas ele declinou sempre.” No entanto, as conversações decorreram sempre da melhor forma e Rui garante que ‘Diego é uma aposta que tem que frutificar já na próxima temporada’, assim como o matador El Cid, que chegou a estar contratado para voltar a actuar no dia 7 de Agosto, e que só não o fez por a TVI, que iria transmitir a corrida, ter declinado por (ainda) achar que toureio a pé em televisão não funciona.
    Outra das preocupações do Rui Bento Vasquez, é a má gerência que a grande maioria dos toureiros possuem, referindo-se a um caso de um jovem cavaleiro que esteve ‘apalavrado para tourear no dia 11 de Setembro e à última da hora, o apoderado do cavaleiro deu o dito pelo não dito’.
    A nível da dimensão que a Praça de Toiros do Campo Pequeno terá internacionalmente, Rui Bento julga que ‘neste momento o Campo Pequeno é uma praça onde apetece tourear e tem responsabilidade no facto de hoje se transmitir uma imagem muito melhor da nossa festa, do que aquela que alguma vez tivemos, e do que aquela que nós damos cá dentro’.
    Maurício do Vale, critico de uma sensibilidade e dom da palavra enorme, fez uso da possibilidade de diálogo para, depois de felicitar Rui Bento, sugerir e apelar ao bom sentido da empresa para ‘recuperarem aquilo que foi tirado ao toureio a pé’ entre outras sugestões, como a da fundamentada mudança do nome de “Porta de Cavaleiros” para “Pátio de Quadrilhas”, assim como para dar a dica de que provavelmente a SIC (a estação de televisão que mais portas fechou à tauromaquia), poderá porventura realizar um programa taurino durante o defeso. Também João Mascarenhas quis demonstrar o seu apreço pela continuidade de Rui Bento e salientar que ‘O Campo Pequeno tem a gestão que merece, com um rapaz novo, honesto…e que ninguém faria melhor’.
    O Dr. Henrique Pina Borges, filho do Dr. Henrique Gonçalves Borges, referiu que ‘nós temos vontade que venham cá toureiros e ganadarias, mas eles também têm que ter vontade de cá vir’, isto para elucidar que nem sempre a ausência de toiros ou toureiros parte da empresa, mas sim das dificuldades que os próprios impõem.
    Rui Bento reafirmou o papel fundamental dos críticos taurinos principalmente ‘na divulgação e promoção do toureio a pé’ e em relação a certas ganadarias não terem estado presentes no Campo Pequeno, salientou que ‘não é obrigação do Campo Pequeno salvar as ganadarias’ tendo em conta valores exorbitantes que por vezes são pedidos pelos toiros, garantindo para já a presença dos Murteira Grave na próxima temporada. Voltou também a agradecer aos gestores do Campo Pequeno por mais este gesto de apoio, renovando o seu contrato, a que o Dr. Henrique G. Borges respondeu com ‘A justiça não se agradece!”.
    Penso que depois de esta conferência, bastante esclarecedora, ficou visível a vontade de Rui Bento explicar à imprensa porque nem sempre é simples agradar a todos. É que criticar os outros é fácil, mas ter-se noção de que o facto de se ser o gestor taurino do Campo Pequeno não implica que se façam as suas próprias vontades já é mais complicado. E Rui Bento tem que ser bom gestor taurino da praça, mas também um bom gestor empresarial, logo nem todos podem sair satisfeitos. E a dor de cotovelo…dá azo a muita crítica e a muita mentira.
    Da minha parte, Rui Bento volto a felicitá-lo com um “Enhorabuena Torero” por mais esta vitória e continuação do bom trabalho que tem executado no Campo Pequeno. Só lamento uma coisa, com a sua gestão no Campo Pequeno, perdeu o festival de 1 de Fevereiro na minha terra, e ao qual o Rui sempre dava uma mãozinha na organização.

    (Em breve não perca a minha própria análise à temporada 2008 no Campo Pequeno; os dados estatísticos fornecidos pela empresa à imprensa; e ainda a minha opinião sobre toda a mentira que se escreveu à volta de Rui Bento Vasquez.)