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    Praça de Toiros "Libânio Esquível" em Mourão: 99 anos a ser palco de uma afición única

     



    praça de toiros de Mourão foi inaugurada no dia 23 de Abril de 1922, com um cartel onde pontificava o matador de toiros espanhol Júlio Conde «El Emeritense», e o cavaleiro amador Inácio Galego.

    Anunciava-se ainda «um valente e destemido grupo de forcados», e os bandarilheiros amadores José Agostinho Manta, Agostinho Tubal Carvalho, Carlos Ravasco, José Augusto Roque e Francisco Fernandes. Os oito toiros lidados ostentavam o ferro do Drº Libânio Esquível.


    O programa inaugural anunciava que o matador Júlio Conde, estoquearia no final do festejo um «bravíssimo toiro de cinco anos anos», gentilmente oferecido pela senhora D. Hermínia Ramalho Esquível, a Nossa Senhora das Candeias, para cujos cofres revestia o produto da venda da sua carne.

    Curiosamente, Júlio Conde, o matador que inaugurou a praça de Mourão, passados anos foi maioral da ganadaria do Eng. Joaquim Murteira Grave, vivendo na Galeana até ao fim dos seus dias.

    Neste ano de 1922, e com motivo da inauguração da praça de toiros, as festas em honra de N.ª Senhora das Candeias foram transferidas para Abril, para que a festa fosse só uma.

    A praça, mandada construir num descampado dos subúrbios da vila pelo lavrador e ganadeiro mouranense Dr. Libânio Esquível, tem capacidade para 2023 pessoas sentadas, possui um primeiro anel com sete filas de bancadas, com lugares de sombra e sol, e num plano superior, sob arcaria em todo o seu perímetro, camarotes na sombra e lugares de peão ao sol.


    Actualmente não possui trincheira (teve-a nos seus inícios de vida), contando com vários burladeros distribuídos ao longo do muro que limita a sua arena de reduzidas dimensões, o que lhe confere um casticismo peculiar e muito taurino.

    Até 1974, realizaram-se esporadicamente corridas de toiros nesta arena. O festejo tradicional tinha lugar no dia 1 de Fevereiro, uma «vara larga» por ocasião das festas. Por vezes, também se davam espectáculos na Feira de Maio.

    Só depois do 25 de Abril a actividade taurina se intensificou em Mourão, muito em especial por iniciativa do Eng.º Joaquim Murteira Grave, que começou a organizar festivais a favor dos bombeiros locais, trazendo à castiça praça de Mourão vários toureiros de nomeada, tais como Ruiz Miguel, Tomás Campuzano, Victor Mendes e Manili. Quando esses festejos se deixaram de dar, começaram a tomar incremento os festivais que há cerca de 18 anos, começaram a ser organizados pela Junta de Freguesia de Mourão, na data de 1 de Fevereiro.


    A par de corridas e novilhadas que se foram montando na Feira de Maio, há também a realçar os quatro festejos de promoção para jovens toureiros montados em anos seguidos pelo aficionado local, João Rafael, nos meses de verão, pela noite, o primeiro dos quais a 28 de Agosto de 1998, data de inauguração da instalação eléctrica da praça.

    Outra iniciativa que teve como palco a praça de toiros de Mourão (e outras do concelho), foi a dos «convívios taurinos», tentas públicas organizadas no defeso entre 1992 e 2002, por uma comissão de aficionados da região que, sempre com bezerras cedidas pelo Eng.º Luís Rocha, faziam coincidir matadores e novilheiros com vários amadores, em ambiente de grande aficion e convívio.

    De registar ainda, como facto assinalável ocorrido na arena da praça de toiros de Mourão, a estocada com que António de Portugal matou um toiro, num festejo ocorrido na segunda metade da década de setenta.

    A praça de toiros de Mourão é actualmente propriedade do Abrigo Infantil, instituição à qual foi doada por Dª Hermínia Esquível, irmã do homem que a fez erguer, o Dr. Libânio Esquível.





    Texto: Reprodução na íntegra, e com a devida autorização, a partir do artigo “Terras com Toiros…A praça de toiros de Mourão”, publicado em Fevereiro de 2006 na edição nº 207 da Revista “Novo Burladero”.
    Fotografias: Arquivo / Patrícia Sardinha / Naturales