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    Rui Bento: “Campo Pequeno - Ciclo Encerrado”


    Rui Bento Vasques, assumiu hoje através de um comunicado, o final do seu cargo enquanto gestor das actividades tauromáquicas na Praça de Toiros do Campo Pequeno, uma posição assumida em 2006, aquando da reabertura da praça de Lisboa após as obras de renovação.

    Ao longo de 14 temporadas, Rui Bento manteve um posto invejado, desejado, aplaudido mas também muitas vezes criticado e sob uma pressão que a maioria desconheceu, entre caprichos de artistas e uma resposta empresarial que tinha que cumprir. 

    Com a entrada dos novos “donos”, o próprio nunca escondeu com quem privou, de que dificilmente se manteria no comando da sua equipa a gerir os destinos tauromáquicos da principal praça do país. Veio a confirmar-se. Um a um, foram saindo. Talvez se tenham conseguido manter, uma ou duas pessoas do entorno de Rui Bento nos últimos anos, mas sempre noutras funções.

    Tornou-se público há coisa de mês e meio, um concurso para “alugar” meia dúzia de datas, que pode até nunca vir a acontecer com a situação da pandemia que vivemos. Certo foi que Rui Bento não concorreu nem concorrerá. 

    Mais de uma década depois, Rui Bento perdeu o Campo Pequeno mas o Campo Pequeno perdeu também, um profissional que temos todos que reconhecer, dificilmente voltará a encontrar. 

    Que o tauródromo lisboeta saiba encontrar novo empresário e que a Covid-19 nos permita ir ainda este ano, aos Toiros a Lisboa.

    Abaixo, o testemunho de Rui Bento Vasquez na íntegra:


    Campo Pequeno – Fim de Ciclo

    Há projectos que, pelo desafio que constituem ou pela intensidade da paixão que em nós despertam, nos marcam para sempre. Desafio e paixão. Foi esta a mistura de sensações que experimentei quando, em Fevereiro de 2006, a convite dos Drs. Henrique Gonçalves  Borges e Goes Ferreira, tomei posse do cargo que me conferia a gestão dos destinos da tauromaquia no Campo Pequeno. As obras de restauro e requalificação estavam quase concluídas e a reinauguração marcada para 16 de Maio.

    Volvidos 14 anos, encerrou-se, recentemente, o ciclo das minhas funções como Director de Actividades Tauromáquicas da primeira praça do país, a "Catedral Mundial do Toureio a Cavalo".

    O Campo Pequeno está ligado às duas mais importantes fases da minha vida profissional. Ali, como toureiro, iniciei em 1982, a carreira que me levou à Alternativa de Matador de Toiros (Badajoz, 1988); ali desenvolvi a actividade de Gestor Taurino, em cujos resultados tenho o maior orgulho.

    Durante estas 14 temporadas vivemos apaixonadamente um projecto que recuperou a grandeza do Campo Pequeno em termos nacionais e o reposicionou, em termos internacionais, dando-lhe uma visibilidade jamais alcançada.

    As maiores figuras mundiais do toureio voltaram a incluir Lisboa na rota das suas temporadas. Voltaram os consagrados, lançaram-se novos valores e sempre se repetiram os triunfadores. Nem sempre as coisas correram dentro daquilo que idealizámos, é certo, mas também é verdade que só não erra quem não arrisca. Nós, no Campo Pequeno assumimos a vitória com a mesma humildade, a mesma grandeza com que demos a cara nos momentos difíceis. E foi nesses momentos difíceis que veio ao de cima a nossa capacidade de superação individual e colectiva demonstrada por todos os que vivemos este projecto ímpar. Envolvo na minha gratidão todos os que, no escritório e no campo, integraram e colaboraram com a Direcção de Tauromaquia, as sucessivas administrações com quem trabalhámos e, em especial, dois dos nossos colegas que partiram para sempre e que sempre recordaremos pelo seu exemplo de camaradagem e profissionalismo.

    Num balanço curto deste ciclo há pouco encerrado, cabe uma palavra de agradecimento a todos os que, de uma forma directa ou indirecta, tornaram possível todo este percurso, ao longo do qual tanto nos estimularam. Refiro-me aos aficionados, aos artistas tauromáquicos, aos ganaderos, ao pessoal de apoio, à imprensa, rádio e TV generalistas, aos meios de informação taurina e ao público em geral. 

    Vai por todos vós! 

    Sem o vosso apoio não teríamos conseguido levar a nau a bom porto. 

    Ciclo encerrado! Os homens passam e as instituições continuam. Desejo ao Campo Pequeno as maiores felicidades nesta nova fase da sua mais que centenária existência.

    Rui Bento