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    Covid-19: Ricardo Levesinho "Tenho fé que em Setembro e Outubro estaremos juntos"


    O surgimento inesperado da Covid-19 alterou as nossas rotinas. Enquanto aficionados, era suposto estarmos a começar a presenciar as primeiras Corridas de Toiros da Temporada 2020, e caso alguma delas não se realizasse, teria sido tempo instável da época a causa disso. Assim não está a acontecer. 

    A pandemia, o isolamento social necessário e o estado de emergência que vivemos, obrigaram ao cancelamento, adiamento e suspensão de vários espectáculos taurinos e de verdade, a incerteza de quando tudo isto terminará, já levou a que futuros festejos também tenham já sido abortados, sem vislumbrarmos quando 

    Por isso, entrevistamos um dos empresários que mais praças detinha esta época, algumas destas palcos das principais feiras do país e tentamos perceber os seus receios e as suas expectativas futuras em relação a tudo o que vivemos. 



    RICARDO LEVESINHO: "Tantos sonhos e ilusões com o trabalho que estávamos a fazer e caem por terra"

    Em primeiro lugar, como está a viver pessoalmente toda esta situação da pandemia?
    Apreensivo pela família e amigos que em primeiro lugar são o nosso bem mais precioso e a maior prioridade que devemos ter neste momento.

    Enquanto empresário taurino, supomos que ao início deste ano o Ricardo já teria cartéis montados, toiros comprados, cavaleiros contratados, datas anunciadas… E de repente aparece a Covid-19. Como foi lidar com essa situação? 
    Estávamos com o abono de Vila Franca totalmente estruturado e pronto a ser anunciado, a temporada da Moita, bem como a da Chamusca, estavam fechadas para o mês de Maio e a temporada na Figueira estava ainda a ser construída. Tínhamos aprovadas 24 corridas no campo, vistas e revistas duas ou três vezes por forma a garantir o melhor em termos ganaderos para os nossos espectáculos desta temporada. Por isso imagine o desassossego que isto nos provocou e as dificuldades de termos de honrar os nossos compromissos, os acordos feitos... Será impossível conseguir e isto vai provocar danos gravíssimos nos ganaderos, na economia dos toureiros e uma valente quebra de receitas e de entrada de fluxos financeiros na nossa empresa, o que é angustiante.

    O Ricardo tem sob sua gestão esta temporada as praças de Vila Franca, Moita, Figueira da Foz e Chamusca, e a par mantém ainda organizações mais pontuais e de colaboração nas de Samora Correia e São Cristóvão. Bastantes praças tendo em conta a fase que vivemos, e algumas delas com grande peso no panorama taurino. Se soubesse o que sabe hoje, preferia não estar envolvido na gestão de tantas praças?
    Se todos soubéssemos há um ano o que se ia passar, preparávamo-nos. Assim, atacados de surpresa por um inimigo invisível com uma incógnita por trás, que mais não é do que o desconhecimento absoluto de quando tudo acabará e regressemos ao normal, temos claramente medo e preocupações em relação ao futuro, pois dependendo do tempo que tudo demorará a estabilizar, o dano será maior ou menor e por consequência, a situação será gravíssima, a grave ou menos grave, que é o que todos rezamos que assim seja.

    É frustante ter tanto por onde trabalhar, ideias para colocar em prática e não poder dar forma às mesmas?
    Tantos sonhos e ilusões com o trabalho que estávamos a fazer e caem por terra mas o que se pode fazer? Esperar que tudo acabe rápido e voltemos com celeridade a nos sentirmos felizes de volta às praças de toiros.

    A poder avançar-se com a realização dos espectáculos taurinos ainda este ano, que medidas prevê tomar nas suas organizações para minimizar os efeitos colaterais desta pandemia, como por exemplo uma mais que certa crise financeira que vai tocar a todos, principalmente aos aficionados?
    Os planos de hoje, amanhã estão desactualizados. Temos planos teóricos mas que só podem transformar-se em práticos quando sentirmos que o momento zero chegou e que está na hora de recomeçar com todas as informações e sensibilidades que no momento teremos. Mas claramente teremos que nos ajustar e adaptar aos tempos desafiantes que teremos pela frente.

    Acha que virão ganaderos ou toureiros pedir um acrescento no cachet para colmatar os meses que estiveram parados?
    Deus queira que todos consigam recuperar o máximo possível. Ganaderos, toureiros, variados agentes que existem e igualmente as empresas. Mas isso é uma ilusão que não acredito minimamente que seja possível.

    E um aumento no preço dos bilhetes dos festejos que ainda se irão realizar está em cima da mesa?
    Aumento de preços é completamente impensável na minha forma de sentir este problema. Impossível mesmo.

    Falou-se que o Campo Pequeno esteve nos seus planos (ou está) para 2020. A ser verdade, mesmo com a crise que se prevê de futuro, irá arriscar na mesma a concorrer a Lisboa este ano?
    Concorremos com entrega já efectuada de uma proposta que acreditamos ser positiva mas o futuro dirá o que acontecerá. Neste momento, qualquer pensamento ou reflexão é imaturo.

    Também foi notícia que pretendia candidatar-se aos órgãos sociais da APET, sendo que posteriormente foi dado a conhecer que desistiu dessa intenção. Quais eram as suas principais motivações nesse sentido e principais mudanças que considera necessárias no sector?
    A minha motivação única era criar um espírito de união e motivação através de novas formas de trabalhar, onde destacava a comunicação e a participação mais activa das empresas nas decisões estratégicas da APET e da Protoiro. E disponibilizei-me porque tinha conhecimento que o actual presidente estava de saída. Como ele alterou a sua decisão, e como eu vivo fora de conflitos e de divisões, disponibilizei-me para ajudar mas sem querer criar uma lista concorrente.

    O Ricardo é também apoderado do cavaleiro João Ribeiro Telles. Como vê esse lado, o do toureiro, numa fase de incerteza como esta que vivemos? 
    Vejo com muita apreensão e preocupação, como é normal, pois é a vida do toureiro que represento e de toda a equipa à nossa volta, que está em causa. Temos acompanhado diariamente com as empresas e esperamos que tudo estabilize para conseguirmos o melhor possível na defesa de uma figura do toureio, de um profissional e chefe de família.

    Qual pensa que irá ser o maior impacto desta situação a nível da sua gestão empresarial e na Festa dos Toiros em geral?
    O impacto financeiro, que será doloroso. Imagine o que é uma empresa um ano sem faturar? Como paga a sua estrutura e as suas responsabilidades? Agora, passe de uma empresa para um todo. Para todas as empresas, ganaderos, toureiros, proprietários das praças e os variados agentes que existem à volta desta indústria... Torna-se dramático pensar nisto porque esta actividade, como outras, não produz riqueza para conseguirmos todos manter-nos estáveis durante tanto tempo sem faturar.

    Sinceramente acredita que ainda vamos ter temporada este ano?
    Tenho fé que sim, que em Setembro e Outubro estaremos juntos.

    E acha que os espectáculos taurinos se irão realizar no formato que sempre os conhecemos?
    Estes momentos desafiantes muitas vezes criam oportunidades de pensamento e de nos tornarmos um pouco disruptivos mas a essência da festa tem que seja ter íntegra. É por ela que lutamos e é por ela que tudo faremos para que o futuro esteja à nossa frente risonho e com os obstáculos vencidos.