Crónica de Lisboa: "Sete décadas e meia e a fotocopiadora"
Sete décadas e meia é uma longa vida!
E neste caso em concreto, uma
vida longa de prestígio, de grandes momentos, de muita História.
Numa noite de casa cheia da sua
gente, na sua terra, o Grupo de Forcados Amadores de Lisboa honrou os seus 75
anos com um exímio desempenho e seis pegas à primeira. Dos mais velhos aos mais
novos, todos se fardaram, e praticamente todos “sujaram as mãos”, ajudando,
pegando de caras, todos foram naquela noite a família GFAL.
O antigo cabo começou por dar o
exemplo, o actual, consumou a noite de brilharete do Grupo.
O veterano José Luís Gomes abriu
turno frente ao primeiro. Decidido, valente, sem lhe sentirmos o peso da idade,
fez-se ver ao toiro, citou, recuou e reuniu à barbela, consumando à primeira
como uma pega deve ser.
Pedro Gil foi repetidor da sua
reputação. Exímio forcado da cara despediu-se nessa noite das arenas com uma
boa pega à primeira. Francisco Mira, já retirado, voltou a fardar e a pegar
pelo seu Grupo, e não teve problemas para efectivar também à primeira. O jovem
João Maria Bagão bisou na sorte dos seus colegas e ao primeiro intento consumou
a sua pega. Também João Varanda foi eficaz à primeira com o Grupo coeso a
ajudar. E o cabo, Pedro Maria Gomes, encerrou a noite com uma pega rija à
primeira.
Noite cumprida, noite honrada, a
dos Amadores de Lisboa.
Foram lidados nessa noite toiros
da conceituada ganadaria Pinto Barreiros, aquém do trapio que lhes é conhecido
(e exigido na primeira praça do país). Saíram pequenos, escassos de força,
cómodos os três primeiros, com mais mobilidade o quarto, sem se empregar o
quinto e manso o sexto, a descair para tábuas.
E agora perguntam: “mas e a
fotocopiadora”?! A fotocopiadora surgiu porque, infelizmente, a cavalo vimos fotocópias
dos mesmos momentos, das mesmas sortes, lide após lide...
Todos arriscaram nos cites de
praça a praça, sendo muitas vezes os peões de brega os protagonistas na
colocação dos toiros nas tábuas, depois as batidas que, pela sua “espectacularidade”,
tapam a verdade no momento da reunião, com ferros a saírem desajustados. E
quando se apanham com toiros que não se deixam para estas coisas, aí por vezes,
escasseiam os argumentos.
Do trio de jovens cavaleiros em
praça foi João Moura Jr. o mais regular e o mais seguro. Duas sortes gaiolas
convincentes, para nos curtos se repetir com os cites de largo, impactando
verdadeiramente com as “mourinas”, especialmente a segunda das três que realizou
ao quarto toiro da corrida, ajustada e vibrante.
João Telles Jr. baseou também ofício
no toureio de distâncias e nos quiebros. Frente ao primeiro, a coisa funcionou
mas no segundo a lide resultou menos consistente. Francisco Palha andou
solvente frente ao primeiro mas sem romper e, com o último, animal que veio a
menos com o decorrer da lide, fechando-se em tábuas, teve que porfiar para
lograr deixar a ferragem da ordem a sesgo.
Dirigiu com alguma falta de
critério, a delegada técnica Lara Gregório de Oliveira, numa noite que reuniu
meia casa forte.