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    Crónica da Chamusca: "Sabor agridoce"


    Tinha tudo para ser uma grande noite. Praça cheia, festiva, engalanada, grande ambiente. Concurso de ganadarias, três cavaleiros máximas figuras, três grupos de forcados, os dois da terra e a estreia nesta praça do grupo lisboeta a comemorar 75 anos de existência. 

    Prémios a concurso para bravura, apresentação, melhor lide, melhor brega, melhor pega.

    Logo após as cortesias, a homenagem por parte da Santa Casa da Misericórdia, proprietária do imóvel, ao grande entusiasta e líder da Comissão da construção da praça Alberto Frederico Empis, na pessoa do seu neto, Carlos Empis. 

    Também a Rui Salvador pelos trinta e cinco anos de alternativa.  O descerramento, por cima da porta dos cavalos, do brasão da Misericórdia local. 

    No intervalo, nos corredores da praça, foi descerrada uma lápide comemorativa dos 35 anos do Grupo de Forcados do Aposento da Chamusca.

    João Moura lidou a contento um toiro de "Vale de Sorraia", algo tocado de pitons, com 475 kgs, a fazer lembrar os famosos "Norbertos", que, logo após a saída se estatelou na arena, sem termos percebido bem o porquê, tendo recuperado em breves instantes. Foi um toiro suavão, sem importunar, deixando o cavaleiro exprimir o seu toureio de proximidade, com bons apontamentos de brega, recortes e colocação correcta de dois compridos e cinco curtos que se aplaudiram.

    Na segunda metade do espectáculo, João Moura foi uma sombra do que nos habituou há trinta ou quarenta anos. Não lidou o "rosarodrigues" dando prioridade aos seus peões de brega a colocação do mesmo para, depois, de largo, partir e, no momento da reunião, fazer a paragem e uma ligeira inflexão para colocar o ferro aproveitando a curta investida do oponente. Perante este cenário, pergunta-mo-nos, incrédulos, qual a razão da entrega do prémio bravura a este exemplar que nem sequer foi lidado devidamente. 

    António Telles "apagou" as velas do "bolo" do centenário. Lidou em primeiro lugar um toiro de cor castanha, com pouca cara, mas que teve transmissão, perseguiu e foi pronto aos cites. o Mestre da Torrinha entendeu-o na perfeição e explanou o seu toureio caro de elevado quilate. O segundo ferro comprido é francamente bom ao qual se seguiu uma série de curtos de elevada qualidade, com reuniões ajustadas, por vezes a consentir em demasia, no centro da arena. Lide antológica que lhe permitiu arrebatar o prémio em disputa para a melhor lide. O seu segundo, quinto da ordem, não correspondeu à velha máxima de "no hay quinto malo". O de Calejo Pires foi, para além do mais pesado, com 530 kgs, francamente mau, daqueles que geralmente chamamos "rolha". Elegeu os médios para se defender, esparramou vista, distraído em quase toda a lide, António só a muito custo lhe deixou a ferragem com mérito. Tentou, a todo o custo, tirar água dum poço sêco e sem fundo.

    Rui Salvador, apesar de homenageado, não teve uma passagem feliz nesta noite do centenário, pelo taurodromo chamusquense. Teve dificuldade em entender o complicado e substituto "veiga", ao qual, apenas, sobressaíram dois curtos com rigor e andou aliviado e discreto perante o exigente "davidribeirotelles" que encerrou a função.

    Noite relativamente tranquila para os homens das jaquetas da capital com duas boas pegas ao primeiro intento através de Tiago Silva e António Galamba.

    Pelos Amadores da Chamusca foram solistas Miguel Santos que se fechou muito bem à primeira tentativa e, perante o "calejopires" Pedro Caldeira foi desfeiteado por duas vezes, tendo saído maltratado com fractura na tíbia, sendo dobrado por Hélder Delgado que, após duas tentativas, também saiu lesionado, pelo que o toiro seria imobilizado estando na cara o cabo Nuno Marecos, numa pega de recurso, a sesgo, com ajudas carregadas. 

    Pelo Grupo do Aposento da Chamusca Francisco Montoya fechou-se com decisão numa pega vistosa que lhe permitiu vencer o prémio em disputa, e o jovem João Diogo a encerrar com uma pega ao primeiro encontro.

    O júri, composto pelo Dr. Vasco Lucas, Carlos Empis e António Poeira, decidiu entregar o prémio bravura ao toiro de Rosa Rodrigues, apresentação a Manuel Veiga e a melhor brega a João Ribeiro "Curro" da quadrilha de António Telles. O Júri decidiu, está decidido.

    Raul Caldeira