A 11 de Maio de 2015, depois de alguma insistência por falta de resposta, recebi na caixa de correio electrónico do Naturales o seguinte email:
"Boa Noite Patrícia,
Junto lhe envio as respostas, penso que lhe agradam.
Peço desculpa pelo atraso.
Beijinhos"
Era de António Manuel Cardoso "Néné".
Tinha-lhe pedido resposta a uma breve entrevista (eu e a mania de dizer breve e depois esticar-me...).
Na verdade a entrevista era longa, pois tentei que abrangesse todo o seu percurso taurino, quer como forcado, quer como empresário e até de jogador de futebol.
O resultado foi o que se pode ler abaixo.
Brilhante como só o próprio "Néné" poderia proporcionar dentro do seu estatuto de empresário-figura, que lhe conferia o poder de dizer o que pensava.
A Temporada 2018 roubou-nos ao seu primeiro dia duas referências: João Patinhas e António Manuel Cardoso "Néné". Ambos antigos cabos, ambos merecedores do nosso respeito.
Mas pela forma inesperada e trágica como perdemos o "Néné", aqui lhe deixamos esta nossa homenagem, recordando-o pelas suas próprias palavras, na entrevista que lhe fizemos.
Penso que lhe agradará...
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NATURALES: António Manuel Cardoso, mais conhecido no meio taurino
por ‘Néné’, é empresário, apoderado, antigo forcado… No entanto, a alcunha vem
do futebol. Como lhe surgiu esse apôdo?
Na minha juventude joguei futebol. Tinha muito entusiasmo, mas fraca
qualidade artística... na altura jogava o Néne no Benfica e que mais tarde se
tornou meu ídolo e meu amigo. Eu queria jogar à Néné, não gostava de sujar os
calções, (tal como ele) e só por isso, e não pela minha categoria futebolística, me puseram esta alcunha.
NATURALES: Acha que se perdeu um ‘Cristiano Ronaldo’ dos relvados
ou definitivamente ser jogador de futebol não era o seu destino?
Tal como diz, a minha passagem pelos relvados não era o meu destino. Quando
nascemos todos temos um destino traçado. A minha paixão e dedicação seria toda
dedicada aos toiros.
NATURALES: E como foi que se deu depois a mudança da camisola do
Alcochetense para a jaqueta de ramagens dos Forcados Amadores de Alcochete?
Comecei nos toiros com 17 anos e em simultâneo, jogava futebol. O amor e a
paixão levou-me para os forcados, enquanto que talvez a falta de um sucesso
maior me tenha levado a pensar que, na realidade, não gostava de sujar os
calções ….
NATURALES: O que mais recorda com saudades desses tempos de
Forcado?
O companheirismo, a amizade e a solidariedade. Tal como quase todos que
envergaram uma jaqueta, ganhei no grupo de forcados uma segunda família.
NATURALES: Em 1984 foi eleito para comandar o Grupo, o que durou
até 1995, tendo o Grupo nessa altura atingido uma posição referência na
Tauromaquia nacional, mas foi também nessa década que o Grupo passou por
momentos duros, com a perda de dois elementos, Hélder Antoño e Luís
Manuel Pinto, ambos com 21 anos de idade. Como é que enquanto cabo geriu um
grupo de jovens no triunfo e na tragédia?
O grupo formou-se em 1971, sendo cabo fundador o já saudoso João Mimo. Foi
com ele que aprendi toda a ética do forcado amador e ele sempre dizia que um
forcado tinha de ter a equilibrio e racionalidade, para poder aceitar tanto o
triunfo como o fracasso e, também a tragédia. Porque nunca é demais recordar
que pegar toiros é uma atividade de alto risco e que tudo pode acontecer.
Recordo que para além desses dois elementos, também faleceram outros dois
forcados. O Vitor Brigue e o Fernando Fernandes. Ambos fora da praça, tal como
foi o caso do Luis Manuel Pinto. Mas a grande tragédia emblemática foi a do
malogrado Helder Antoño na Praça de Toiros de Alcochete.
NATURALES: A 31 de Agosto de 1995, despediu-se na arena do Campo
Pequeno. É fácil fazer-se uma despedida? E fê-lo com sentimento de dever
cumprido?
Quando amamos com intensidade e verdade é difícil afastarmo-nos seja do que for. A despedida é passarmos a ficar de fora do que gostamos. Foi uma meta que
me custou imenso cruzar, mas tudo tem um tempo e uma hora de chegar. Ficou-me a
honra do dever cumprido, pois tenho a consciência tranquila ao fazer sempre o
que pude e da melhor maneira em cada momento.
NATURALES: Desde 1981, e a par com a actividade de forcado e cabo
do Grupo, que se atreveu a aparecer na organização de espectáculos, sendo hoje
o mais antigo empresário taurino em actividade. Como surgiu essa possibilidade
de ser empresário?
Comecei como empresário no ano de 1981 e só fui cabo de forcados no ano de
1984. Portanto comecei como empresário ao aceitar o convite do meu compadre e
saudoso amigo José João Zoio, quando me convidou para organizar com ele a
corrida de Homenagem a Francisco Sá Carneiro. Foi um sucesso tanto artistico
como de bilheteira e no dia seguinte, um amigo meu e vizinho
(acionista/proprietário da Praça de Toiros de Alcochete), perguntou-me o porquê
de não ser empresário da Praça da nossa terra. Comentei essa observação com
elementos dos Forcados Amadores de Alcochete e como não tinhamos autorização de
pegar na Praça de Toiros da nossa terra, por imposição então feita por alguém
do Aposento do Barrete Verde, candidatei-me à Praça, ganhei o concurso e assim
foi reposta a liberdade de todos os alcochetanos acabando o veto que não tinha
sentido nenhum…
NATURALES: E como era ser-se empresário tauromáquico nessa altura?
Vivia-se então um momento alto na tauromaquia portuguesa. Os empresários
mais importantes tinham um percurso feito dentro da festa e crédito firmado
entre os profissionais da festa e entre os aficionados. Obviamente que
discutiam condições entre as partes e cada qual procurava os seus interesses.
Porém, quando se chegava a um entendimento, um aperto de mão e a palavra estava
dada.
NATURALES: Que diferenças sente entre esses tempos para com os
tempos que correm?
Principalmente, havia mais seriedade e mais responsabilidade do que há hoje.
Explico-me melhor. Uma vez por outra, as coisas podiam não correr bem, mas os
compromissos pagavam-se mais tarde, ou de outra forma, mas o que era combinado
era sagrado. Creio que está tudo dito, quando me pede uma comparação.
NATURALES: Geralmente os empresários estão sempre a queixar-se da
crise financeira que impede as pessoas de irem às praças… A verdade é que vão
sempre aparecendo novos empresários, alguns estão cá por pouco tempo… Mas afinal,
isto dá dinheiro ou não?
A crise financeira e a dificuldade dos aficionados em poderem estar em
todas as corridas onde querem é por demais evidente e não o podemos negar.
Outra questão diferente é a dos tais “empresários paraquedistas” que aparecem
da noite para o dia, saídos do nada, palavrosos, como se tivessem inventado as
arenas redondas, que passam uma temporada “a dar golpes”, deixando um rasto de
enganados e que fazem mal à festa. Quanto a ganhar ou perder, é igual a
qualquer outro negócio. Aqui não há uma mina de ouro, mas também não se vende
gelo nos pólos ….
NATURALES: Não acha que essa ausência
de algum público nas nossas praças pode ser também descrédito nos artistas?
Considera que ainda temos ‘figuras’ para encher praça?
Temos que caraterizar
os tempos de outrora e os de hoje. A corrida de toiros agora é mais popular, há
muitas praças desmontáveis, a difusão dos meios é maior. Agora fazem-se mais
corridas, demais digo eu, e os artistas já não se podem resguardar como faziam
antes, porque cada dia é mais caro ser artista tauromáquico. Ainda assim,
alguma descrição por parte dos nomes mais sonantes, não lhes cairia mal.
NATURALES: E espectáculos a mais? Acha que temos?
Como disse, existem espectáculos a mais, e ainda por cima organizados por
pessoas sem crédito e alguns até são fomentados por toureiros, que estão na sua
sombra.
NATURALES: É fácil montar uma corrida? Há artistas que complicam ou pelo contrário, hoje em dia as ‘figuras’
oferecem-se…e o difícil é escolher quem ‘aceitar’ para meter num cartel?
Quando se faz um trabalho com sentimento, responsabilidade e dedicação, as
coisas podem tornar-se dificeís no principio, mas são facilitadas à posteriori.
O cérebro é, em definitivo, o empresário. É ele que comanda todas as partes
intervenientes no espectáculo para que tudo seja um êxito.
NATURALES: Mas considera que os nossos toureiros e os toiros são
actualmente bem pagos?
Voltamos à crise económica que já não é da Europa,
mas sim Mundial, e por causa dela, nenhum interveniente no espectáculo é bem
pago, mas temos que nos unir e nesta temática taurina lutar e esperar por dias
melhores.
NATURALES: Muitas vezes correm histórias de artistas que não querem
lidar certas ganadarias ou com certos colegas… Estando há tanto tempo no plano empresarial, conseguiu algum
estatuto ou poder, que o faça mandar nos cartéis que monta? Como lida com
aquelas ‘negas’ das ‘figuras’?
Quando nós andamos metidos neste meio tantos anos e quando conseguimos
alguma credibilidade, todos os intervenientes colaboram com as ideias empresariais.
NATURALES:
E a nível de Forcados, acha que o facto de serem os ‘amadores’ faz deles os
injustiçados da Festa?
Não sendo o velho do restelo, eu penso que os forcados já foram verdadeiros
amadores. Agora que estão todos no mesmo patamar, a diferença faz-se dentro da
praça.
NATURALES: Sendo o empresário taurino que aqui anda há mais tempo,
há mais de 30 anos, e tomando por exemplos muitas empresas que aparecem e pouco
depois desaparecem…diga-nos qual é afinal o truque para um empresário se
aguentar tanto tempo neste meio?
Não há truque nenhum. A chave está na seriedade e cumprimento dos seus compromissos,
organizando espectáculos com valor, interesse e categoria.
NATURALES: Tem também ao longo dos tempos conjugado a actividade empresarial
com a de apoderado. É fácil gerir isso? Pergunto, porque recentemente um
conceituado crítico acusou que os empresários/apoderados “montam espectáculos, não com
quem o merece pelos triunfos apresentados mas com quem mantêm relações quer de
apoderamento, quer por troca de interesses/favores”.
Até hoje, conjugo lindamente a actividade empresarial com a de apoderado.
Sempre soube separar o trigo do joio. Nunca montei um espectáculo para ter interesses
de outro empresário ou para pagar favores.
NATURALES: E acha que os nossos jovens cavaleiros, por
exemplo, estão a fazer bem o seu papel ou pelo contrário, continuam sem romper
e continua-se a precisar muito daqueles com 25 anos de alternativa para cima,
para se ter alguma garantia de público nas praças?
Sempre desconfiei quando me vêm dizer que apareceu um toureiro novo que
“vai acabar com o quadro”, como se diz na gíria taurina. Nesta arte, tudo leva o
seu tempo a ser consolidado. Como um bom vinho, como uma boa fruta. Quando
se quer mudar a natureza, aqui nos toiros nota-se muito …
NATURALES: Já passou por quase todas as praças mais importantes do
país, Vila Franca de Xira, Salvaterra de Magos, Santarém, Moita, Almeirim,
Évora, Reguengos… De todas as que geriu, qual aquela que lhe deu mais prazer em
ser empresário e aquela que o fez arrepender-se e porquê?
Todas elas me deram prazer em ser empresário, mas a verdade manda que diga
que a paixão da minha vida, a menina dos meus olhos, é a Praça de Toiros da
minha terra. Por outro lado, nunca me arrependi de nenhuma porque a decisão foi
sempre minha e sou responsável pelos meus actos.
NATURALES: Falta-lhe o Campo Pequeno… Pensa nisso?
Nunca penso a longo prazo, pois sou de sentimentos rápidos. A mim não me falta
o Campo Pequeno, até porque já ali organizei duas corridas, sendo que para uma
delas contratei o matador José Tomás que, até à data, nunca mais voltou a
Portugal. Acredite que eu sou um sonhador, mas já fiz praticamente tudo na
tauromaquia em Portugal.
NATURALES: Neste momento tem Alcochete, Portalegre e Évora. O ano
passado em Alcochete marcou a diferença com uma grande Feira, onde inclusive se
viu um dos toiros mais bravos, se não o mais bravo da Temporada. Este ano é
para repetir a receita do sucesso?
De cada vez que monto uma corrida de toiros, eu sou o primeiro a senti-la.
Como me julgo um bom aficionado, idealizo sempre cartéis para que sejam um
sucesso, o que não significa que seja sempre concretizável a minha ideia
inicial.
NATURALES: Já se falou por aí de uma data em Agosto com Rui
Fernandes, Diego Ventura e João Ribeiro Telles, frente a toiros
de António Charrua… Poderá ser? Existem mais cartéis ‘fechados’ para Alcochete?
Tudo é possível e no momento certo divulgarei as composições dos mesmos.
NATURALES: Mantém-se também em Portalegre… Novidades para essa
praça? Já se falou que Paulo Caetano, a comemorar 35 anos de alternativa, seria
certo aí…
A principal tarefa
para Portalegre é tentar cativar a aficion daquela região e particularmente
daquela cidade. Confirmo que Paulo Caetano vai comemorar também os seus 35 anos
de alternativa na Praça de Portalegre.
NATURALES: A Praça de Toiros de Évora, de há algum tempo para cá,
ganhou fama de ser cara e dificilmente se consegue encher essa praça, longe dos
tempos da velhinha praça, que enchia à cunha, e na minha opinião, já nessa altura
os preços se podiam considerar caros. Acha que o problema em Évora, não são os
bilhetes que são caros mas sim que se perdeu afición?
Há 15 anos, na
velhinha praça de Évora, também já fui empresário e voltei agora à Arena
D’Évora. São dois conceitos diferentes e um edifício nada tem a ver com o
antigo. Évora não perdeu a aficion e a nova arena já viveu muitos momentos de
bom toureio. Hoje vai-se a um recinto que é comodo e moderno. É certo que tem a
vantagem e os inconvenientes de ser coberto, mas se for perguntar aos
aficionados tenho a certeza que agora vêm ali as corridas com a comodidade que
não tinham antes. Tenho muita confiança e muito respeito pela aficion dos
eborenses. E a responsabilidade de tourear em Évora é hoje igual a que era
então.
NATURALES: E por falar em Évora, no ano passado prometeu aos
vencedores do concurso de cernelhas, actuação posterior numa corrida. Ganhou o
Grupo de Alter mas o prémio ficou pendente… Quer explicar essa situação?
Sempre foi timbre na minha vida, cumprir com o que digo e é um facto que o
grupo de Alter do Chão, conforme anunciei, deveria pegar uma corrida para a
empresa, tal como qualquer grupo que vencesse o concurso de cernelhas em Évora.
Convidei o grupo de Alter por ser o grupo vencedor, a pegar em Setembro, na
feira das cebolas, só que isso não foi possível, pela imposição do Grupo de Forcados
de Portalegre. Curiosamente, o mesmo que á pouco me perguntou se eram os
injustiçados da festa. Mas o Grupo de Alter do Chão sabe que vou cumprir com a
dívida que tenho por uma responsabilidade que assumi.
NATURALES: Este
ano acabou por não repetir essa Gala do Forcado, por motivos que se prendaram
com gestão de datas entre a vossa empresa, a Câmara Municipal de Évora e a
família proprietária da praça… mas ainda se poderá realizar este ano esse
evento ou fica arrumado para a temporada que vem?
Tenho um contrato com a família proprietária da Praça de Toiros, que numa
das suas cláusulas diz que até 31 de Janeiro de cada ano, tenho que marcar as
datas dos espectáculos. Estas foram marcadas a 27 de Janeiro, mas a 22 de
Fevereiro tive a informação de que não era possível a cedência de duas datas,
contrariando as obrigações contratuais e criando assim outras obrigações para
com o município local que não fazem parte do contrato de exploração que tenho
na Praça de Toiros de Évora. Tudo tem o seu timing e já não faz sentido este
ano a realização desse espectáculo.
NATURALES: Uma
das datas com mais crédito na Tauromaquia Nacional é o Concurso de Ganadarias,
a realizar dia 17 de Maio e o cartel já é público. Algumas ganadarias que se
repetem, outras pela primeira vez neste concurso… Sendo o toiro o elemento
principal das corridas, mais ainda numa corrida concurso, como é que fez a
selecção das ganadarias para esta corrida?
Como sempre fiz, pensando no melhor para essa corrida, que é um ícone na
temporada portuguesa.
NATURALES: Também soa pelos ‘mentideros’ que o rejoneador Pablo
Hermoso de Mendoza poderá apresentar-se em Julho em Évora. Confirma ou é
realmente história de ‘mentideros’?
Na minha vida tudo é possível a nada direi que não.
NATURALES: Em Junho, por ocasião do S. Pedro, Évora receberá este
ano dois espectáculos, a tradicional corrida de toiros e uma novilhada. Será o
regresso do toureio a pé a Évora e sabemos que debutará nessa praça uma
ganadaria com a novilhada. Quer-nos falar deste espectáculo? Como surgiu a
ideia de uma novilhada?
Ainda não estamos no momento certo para essas confirmações. No momento
certo informarei o detalhe dos dois espetáculos que serão uma realidade. Sendo
que a novilhada, surgiu na ideia de dar a oportunidade a novos toureiros.
NATURALES: No final da temporada passada disse que era sua intenção
abandonar o meio empresarial. Depois reconsiderou, e a meio do defeso, declarou
que se mantinha. Essa vontade de dizer ‘adeus’ deveu-se a quê?
Todos temos direito aos nossos momentos de menos entusiasmo e até, porque
não dizê-lo, a um certo cansaço. Mas o inverno passou e o “bichinho” levou a
melhor sobre as minhas intenções. Voltei, até morrer, sem me ter ido embora!
NATURALES: E de uma forma geral, como vê o panorama taurino actual
e prevê que venha a ser o futuro da Tauromaquia?
O panorama taurino nacional está conforme hoje vivemos. Sobre o futuro,
acredito que será consolidado e vai ter um futuro melhor.
NATURALES: Há quem acuse que o estado da nossa Festa actualmente,
onde inclusive não existe muito toureio a pé, se deve ao facto da maioria dos empresários serem antigos forcados.
Concorda com esta opinião?
Concordo com essa opinião. Tal como digo que os forcados também pisam a
arena a pé. Portanto, os antigos forcados que hoje são empresários também
pisaram a arena a pé. E têm os seus sentimentos que devem ser respeitados.
Existem em Portugal várias escolas de toureiro a pé. A essas escolas é que deve
ser perguntado o porquê de não saírem de lá novos toureiros a pé, com interesse
para os aficionados os irem ver.
NATURALES: Há mais de 30 anos como empresário taurino, sente que
tem mais amigos ou inimigos na Festa?
Graças a Deus tenho muitos amigos apesar de ser recto e frontal, pois prefiro
afirmar uma verdade e perder um amigo, do que dizer uma mentira por
conveniência. Para os inimigos que eventualmente possa ter, recordo um velho e
muito taurino ditado português: " A dor de corno leva a muita
inveja".
NATURALES: Para terminar, que cartel ainda lhe falta montar?
A ilusão de um bom empresário está em pensar que ainda não conseguiu montar
o cartel dos seus sonhos. Só por isso é que ando por aqui na esperança vã (digo
eu) de um dia o poder alcançar.
Que descanse em Paz!