A
tradição cumpriu-se.
A
vila alentejana de Mourão inaugurou a Temporada Taurina com o primeiro festejo por
ocasião das Festas em Honra de Nª Srª das
Candeias.
Também
o frio, e que grande foi ele, marcou costumeira presença não sendo ainda assim
impeditivo para que a bonita Praça de
Toiros Dr. Libânio Esquível se enchesse de aficionados locais mas também de
fora, inclusive do país vizinho. Sinal de que o(s) festejo(s) de Mourão
conseguiram um lugar no calendário, sendo já uma referência no panorama
taurino.
Na
arena, sentiu-se por vezes o que é consequência da precocidade da abertura da
época, tanto nos jovens artistas como até nos animais.
Lidaram-se
novilhos da ganadaria Calejo Pires,
todos marcados com o algarismo 6, de desigual presença e comportamento,
escassos de força, com melhores condições o segundo do lote.
Na
lide equestre, foi Francisco Palha
quem abriu praça frente a um novilho reservado, que esperava muito, com a
actuação a resultar intermitente e com alguns toques nas montadas pese embora o
empenho do cavaleiro. Saliente-se o último ferro que cravou, com Palha a
encastar-se e a ir acima do novilho para o deixar.
O
praticante David Gomes beneficiou
das boas condições do seu novilho mas também da qualidade do “Campo Pequeno”, a
quem as dimensões da arena não fizeram diferença para levar empregue o novilho
em ladeios e com isso “aqueceu” os tendidos, cumprindo regular com a ferragem.
Nas
pegas, e pelos Amadores de Santarém,
pegou o estreante Francisco Paulos à primeira e sem problemas; e Bernardo Bento, que
após ver o novilho arrancar-se pronto não permitiu eficaz reunião, concretizou
à segunda.
A
pé, o matador francês Juan Leal teve
pela frente um novilho com alguma nobreza, que evidenciou também o valor do
toureiro, que se arriscou por várias vezes ao pitón, deixando-o roçar na
taleguilla. Com a flanela nem sempre houve ajuste nem temple nas tandas
iniciais, e também o vento aparecia a descompor, mas foi-se compondo o toureiro
que arrimado, protagonizou bons momentos de toureio, sendo senhor de uma
segurança, fruto também da experiência que leva, face aos alternantes.
O
novilheiro português Joaquim Ribeiro “Cuqui”
teve pela frente um animal custoso de se fixar, com o qual andou pouco
confiado, e a quem acabou por dar distâncias, logrando sacar a espaços alguns passes
mais consistentes.
Disposto
a dar tudo surgiu João d’Alva e com
isso por vezes, também surge a impaciência, revelando-se na arena como alguma “celeridade”.
Assentou os joelhos no chão, quer de capote quer na muleta, fazendo-se vistoso
e arrimado nas sortes, assim como nas bandarilhas onde foi artista. O seu
novilho tinha investida pronta mas humilhava pouco, e foi um animal com sentido,
procurando o toureiro, sendo necessário por isso atenção redobrada. Foi acima
de tudo uma faena de atitude por parte de João d’Alva.
Da
vizinha Villanueva del Fresno, veio Manuel
Perera, que promete. Basta ver os modos como se apresenta em praça e os
pormenores de um toureio que tem fundamento. Uns pés fixos e uma mão baixa,
fazem muita diferença. Nem sempre o novilho se permitia a um toureio lento, com
pouca classe nas investidas mas o jovem espanhol não desarmou e logrou entende-lo
e sacar bons muletazos.
O
espectáculo decorreu com ritmo, ambiente apesar do imenso frio, e foi dirigido sem
problemas pelo sr. Agostinho Borges, assessorado pelo veterinário Matias
Guilherme.
Mourão
será novamente anfitriã do segundo espectáculo da temporada, já no próximo
domingo, 4 de Fevereiro, com um cartel de matadores. Que esteja menos frio…
Por: Patrícia Sardinha