Crónica da Moita - As grandes expectativas às vezes...
A praça Daniel do Nascimento quase encheu para presenciar a corrida
da revista VIP.
Muita expectativa mas apenas a lide do último toiro de Diego
Ventura valeu a pena.
Uma das mais emblemáticas corridas do ano, na Moita, tinha
um cartel que seria de enchente até à bandeira pelo que era veiculado pelos
órgãos de comunicação especializados na matéria, no entanto, os factos não
estiveram de acordo com as expectativas.
Os toiros, escolhidos pelas equipas de ambos os artistas,
para que a ambos fossem proporcionados grandes êxitos foram: Guiomar Cortes
Moura para Diego Ventura, encaste Morube e Juan Pedro Domecq, encaste do mesmo
nome (descendente de Conde la Corte) para Roca Rey.
A corrida, bem dirigida pelo senhor Manuel Gama, assessorado
pelo médico veterinário Dr. Carlos Santos e abrilhantada pela Banda do Rosário,
começou devido a problemas logísticos, com quase meia hora de atraso.
Estavam de sobressalentes Mara Pimenta para o toureio a
cavalo e Cuqui para o toureio a pé.
Devido ao lugar que nos foi reservado não foi possível ouvir
as informações veiculadas pelo sistema de som da praça, nem ler correctamente
os painéis respeitantes aos toiros a serem lidados.
Abriu praça Diego Ventura com um animal com 540 Kg que crava
dois compridos a aguentar. Na ferragem curta o toiro tardou a “abrir” obrigando
a ferros de muita raça e aguentando mas cravando ao estribo. Termina com três
palmitos em sorte de violino. O Toureiro pôs muito mais do que deu o toiro.
No seu segundo, com 515 Kg, bem recebido e dobrado no centro
da arena, cravou o primeiro comprido a quarteio e o segundo numa sorte que
embora sendo a aguentar uma enormidade, não encontrou solução aceitável pelo público.
O toiro é voluntarioso e persegue o cavalo nas bregas com
ladeios que chegam ao respeitável.
Nos curtos, quer com ferros a aguentar de praça à praça,
quer com quiebros a propósito a lide foi agradável. Menos bons os dois últimos
em que foram encontradas soluções menos ortodoxas.
Estava guardado para o fim o melhor no que a Ventura diz
respeito.
Um toiro com 550 Kg, bem apresentado, onde cravou compridos
de praça a praça aguentando enormidades e desde logo tomando conta do público.
Nos curtos começa com dois da sua marca, chamando de longe e
esperando a recuar quarteando-se no final, reunindo ao estribo.
Após mais um quiebro com som começa a ouvir-se o clamor dos
êxitos.
A lide foi subindo de tom com o toureiro e público a
entenderem-se e no fim: o êxito.
Chama a sobressalente e sua “aluna” Mara Pimenta, terminando
a lide com ferragem que a audiência gosta e desfruta.
Roca Rey vinha com estatuto de estrela e como tal era
esperado. Trouxe os toiros Juan Pedro Domec, encaste que em Espanha é apelidado
comercial e para figuras.
A expectativa era
muita mas o “material” não correspondeu ao que se esperava.
Em qualquer dos toiros os lances de capote talvez tenham
sido os de melhor marca. Lanceando à verónica, lento com vagares, pouco variado
mas bonito.
Os tércios de bandarilhas foram cumpridos com eficácia pela
quadrilha. Com a flanela rubra teve alguns apontamentos agradáveis mas não
rompeu.
O último não tinha lide. Rebrincado e difícil, sendo a lide
abreviada e nem direito a volta teve. Nas lides anteriores teve direito a voltas
nos dois.
Pode ter sido uma noite má, mas sendo jovem há de ter mais
oportunidades para o êxito.
Nos seus primeiros tércios chamou sempre ao quite o seu
sobressalente, o novilheiro português “Cuqui”.
As pegas estiveram a cargo dos Forcados Amadores do Aposento
da Moita, tendo iniciado a função a que se propunham o cabo, José Maria
Bettencourt, com uma pega daquelas que parecem fáceis. O toiro arrancou com
alegria, meteu bem a cabeça, o forcado não complicou e o grupo ajudou.
Volta para cavaleiro e forcado.
A Nuno Inácio, coube-lhe o segundo da lide a cavalo. Tal
como o primeiro toiro, o forcado e o grupo tornaram a pega simples.
Volta para cavaleiro e forcado.
Depois de uma lide de encher o olho, por parte de Diego
Ventura, o forcado Leonardo Mathias tinha à sua frente a responsabilidades de
terminar com chave de ouro.
Na primeira tentativa fechou-se bem mas o grupo não
conseguiu “abafar” e terminar a contento. Ainda bem que assim foi porque estava
guardada para o fim a pega da noite: Leonardo Mathias veio buscar o toiro quase
às tábuas, reuniu e fechou-se. O grupo só “apareceu” a meio da praça, recuou e
consumou a pega junto às tábuas. Este toiro valeu a estes intérpretes, forcado
e cavaleiro, duas voltas (uma e meia, mais ou menos) à arena com o público em
pé e a presença de Mara Pimenta na primeira das voltas.