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    Corrida Televisionada: " Valeu a pena a corrida em Reguengos?"

    Não estava cheia, um facto! E nada que me espante. A afición alentejana, uma das que mais se gaba da sua existência, é afinal aquela que mais se acomoda, principalmente se a corrida der na televisão. Não são aficionados daqueles que vão ‘para aparecer’ mas sim daqueles que vão se valer a pena. Só que desta feita, a 4 de Setembro, creio que muitos deles não foram e ficaram a perder.

    Já assisti a muitas corridas televisionadas ao vivo, com posterior visionamento pelo aparelho, e tenho mais do que a certeza que não há nada como vê-las tendo por assento a bancada da praça. Não desfazendo todos os ensinamentos sobre toiros, cavalos e até efemérides que ao longo de uma corrida via televisão nos são oferecidos de forma simpática pelos comentadores de serviço, a verdade é que se compreende melhor o que se aplaude e o que se assobia, sem estarmos pendentes daquilo que as câmaras nos querem mostrar, muitas vezes ‘tapando’ pormenores importantes até porque em praça, sente-se e vive-se a corrida!

    Em Reguengos faltaram toiros mas foi essa carência que instigou a que os seis jovens artistas sacassem dos galões e até dos respectivos apelidos para se fazerem crer na arena.

    Os toiros de Brito Paes foram desiguais de apresentação, mansos, descaindo para tábuas, distraídos, reservados alguns com arreões, sendo de melhores condições o lidado em quarto lugar.

    António Brito Paes teve honras de ser o primeiro a constatar que a ‘fruta’ era agridoce frente a um animal distraído e que fechado em tábuas, levou a que o cavaleiro se empenhasse nas sortes com mérito, numa actuação muito correcta e possível.

    Manuel Telles Bastos andou todo um senhor frente ao segundo, animal reservado nas reuniões e de pouca transmissão a quem o cavaleiro deu uma lição de toureio e classe, impondo vontade de triunfo logo desde o primeiro comprido que cravou em sorte gaiola. Pelo meio ficou-nos um bom terceiro curto, de alto a baixo. Rematou actuação com dois grandes palmitos.

    Duarte Pinto também teve que mostrar ofício frente ao terceiro, outro distraído e tardo nas investidas, esmerando-se o cavaleiro na brega e com sortes bem-intencionadas que culminaram com ferros de boa nota.

    Miguel Moura teve pela frente o melhor toiro da corrida e a sua actuação, ainda que com altos e baixos, foi de grande impacto junto do público. Principalmente quando se deixou apanhar nas tábuas e regressou à arena com mais raça e onde os quiebros chegaram facilmente às bancadas.

    João Salgueiro da Costa teve por oponente um manso, distraído, que por vezes se adiantava, andando o cavaleiro cumpridor, em cites de praça a praça, levando as sortes bem desenhadas e cumprindo com a ferragem.

    Luís Rouxinol Jr. teve pela frente um complicado e incómodo toiro. Animal desinteressado, distraído, andarilho, mas Rouxinol Jr. tem a quem sair e tem argumentos para qualquer toiro, com sentido de lide, bem na brega e na escolha dos terrenos. Após uma queda com o Ulisses, também ele recarregou a bateria das ganas e ainda que com algumas intermitências pelo meio, fechou função com um palmito de grande nota.



    Mais emoção nesta noite nos chegou por intermédio das pegas.

    Pelos Amadores da Póvoa de S. Miguel, André Batista, o cabo, assumiu a primeira pega da noite, que num primeiro intento e tendo a viagem sido sem problemas, acabou por lhe baixar a cara e o forcado sair. À segunda a reunião não foi consumada com o toiro a ensarilhar ligeiramente, e à terceira o forcado acabou por concretizar sem dificuldades.

    José André fez a viagem sozinho até tábuas, sempre fechado, enorme de braços e a concretizar uma pega rija ao primeiro intento.

    Também o cabo do Grupo de Monsaraz, Ricardo Cardoso, quis dar o exemplo e fez a primeira pega da fardação que representa. Uma pega consumada à primeira, com uma viagem vistosa, com o toiro a metê-lo nas tábuas e o grupo a consumar com coesão.

    Luís Rodrigues teve o toiro pronto, consumando uma rija pega até às tábuas e à primeira.

    O forcado João Fialho inaugurou as hostes do grupo de Beja com uma pega valente, aguentando-se na viagem, com o toiro a derrotar. O animal ainda lhe baixou a cara mas o forcado aguentou as dificuldades consumando assim à primeira.

    Miguel Sampaio concretizou bem à primeira, aguentando-se numa viagem com o toiro a trazer a cara baixa. Eficaz o grupo e uma pega tecnicamente perfeita.

    Posto isto, valeu a pena a corrida em Reguengos?

    Completamente!