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    Crónica de Moura: "Noite agradável mas...amena"


    A bem cuidada Praça de Toiros ‘José Almeida’ em Moura viu realizar, por ocasião das suas Festas em Honra de Nossa Senhora Do Carmo, a Tradicional nocturna de Domingo.

    Esta data vem-se afirmando de forma acentuada no calendário como uma das mais importantes, com os cartéis ali montados, a ombrear com a seriedade que a Festa necessita e carece. Três quartos fortíssimos à vista, uma noite agradável, mas que não passou de amena.

    Da ‘Herdade do Pedrógão’ veio até Moura um curro de ‘hechuras’ e apresentação irrepreensível, como suscita a data e colmatava de forma séria o cartel em questão. Os ‘Teixeiras’ não saíram com as auguradas expectativas, tendo-se evidenciado a segunda parte, com António Francisco Teixeira a dar volta no quinto, que se notabilizou pela nobreza imprimida na lide. ‘Pareja’ em tipo, mas a denotar heterogeneidade no que concerne a disponibilidade e toureabilidade.

    Em noite de competição abriu Praça para desempenhar função o cavaleiro datado com a alternativa há mais tempo, Vítor Ribeiro. O seu primeiro fazia ‘secar a boca’, uma estampa com 580Kg, de fenótipo precioso e que saiu com pata no primeiro estado. Após duas tiras na iniciação da lide, o Toiro seleccionou os médios como os seus terrenos, e de lá se fez rogado para sair. Ribeiro andou num registo similar, sem romper, numa prestação algo ‘sensaborona’ do ginete. O seu segundo tinha recursos mas pouca vontade, com Vítor empenhado mas sem alcançar o plano pretendido.

    João Moura Júnior alternou duas prestações difásicas. O primeiro ‘Teixeira’ que enfrentou revelou fundo de início mas ‘rachou-se’ e acentuou querença em tábua. Moura porfiou para sacar o possível a um ‘abanto’ com algum sentido, optando por um toureio ofensivo mas algo desajustado, com as sortes a sesgo a ostentarem maior expressão. O seu segundo acabou por ser o de maior potabilidade da corrida, ‘acapachado’, ‘baixel’ e algo assimétrico de córnea, obteve uma nota de maior relevância, faltando-lhe no entanto raça, que aliada à sua predisposição teriam tornado ainda mais justa a chamada do Ganadero ao ‘albero’ Alentejano. Primeiramente, Moura andou discreto no cumprimento da ferragem comprida, transcendendo-se para a lide de bandarilhas. Montando o ‘Delón’ com ferro de Pablo Hermoso, Moura andou num plano de salutar, pela dinâmica e emotividade empregue na lide, repartindo destaque com o ruço que montou. Apesar da disposição, alternou momentos de maior verdade com outros em que faltou cingir a sorte no ‘embroque’. Terminou com três palmos, que resultaram vistosos e que reuniram consenso perante os tendidos de Moura.

    João Ribeiro Telles protagonizou duas prestações assimilares, obtendo contudo mérito acrescido na lide do que encerrou a corrida. O primeiro que enfrentou tinha classe, investia com codícia no capote, mas revelou-se ‘gazapón’. Telles andou correcto, dentro do perfil que lhe é característico, mas sem recorrer à vontade necessária para atingir um mérito acrescido. O segundo do seu lote tinha presença, com conduta exigente a que Telles se sobrepôs. Em crescendo e com intuição, logrou uma actuação de trato importante, contrariando a vontade de adiantamento do Toiro. Cravou um ror de curtos de nota positiva, com destaque eminente para o quarto, corrigindo a investida do toiro e reunindo de forma ajustada e cingida, com o Toiro a investir alto.

    Nas pegas regressavam-se os Amadores de Vila Franca a Moura, compartindo cartel com o Real.

    O cabo Ricardo Castelo esteve seguro, com o Grupo a responder no 1º intento; Bruno Casquinha protagonizou uma pega correcta e meritória na tentativa inicial; Rui Godinho selou uma prestação importante do Grupo de Vila Franca com um desempenho conseguido à primeira tentativa.

    Por Moura Carlos Mestre enfrentou o segundo da noite, que saiu com pata e rijo, correspondendo a formação de Moura de forma positiva, fechando no primeiro encontro; João Cabrita esteve determinado perante um toiro que no primeiro intento o viu sair por baixo, com uma investida complicada. Na segunda voltou a estar correcto, culminando com um desempenho de qualidade; O cabo Valter Rico prontificou-se para o último, que revelou alguma brutidade no seio do Grupo, tendo desfeito a pega no primeiro intento. Valter esteve exímio a receber no segundo intento, com o Toiro a desviar a trajectória do Grupo, tendo abrilhantado a sorte, com este a responder com coesão e prontidão.

    O espectáculo foi dirigido por Agostinho Borges, numa noite, amena. De ressalvar a condição do piso no centro da arena, demasiado solto e pesado e que resultou várias vezes complicado para a locomoção. Destaque também pela moldura humana presente, tradição nestas Festas, que correspondeu ao apelativo cartel montado pela Tauroleve/Derechazo.

    Em suma, podia ter sido, não foi, mas também não deixou de ser…

    Pedro Guerreiro