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    A Palavra à...



    O Naturales colocou 5 questões aos principais empresários taurinos do nosso país.

    Hoje: Paulo Pessoa de Carvalho/ Toiros&Cultura



    Foi das empresas que mais espectáculos montou, principalmente em zonas onde as corridas já vão escasseando. Distingue-se muitas vezes por um dinamismo e pelo factor novidade que imprime tanto nos espectáculos que monta como nas apresentações dos mesmos. No fundo é uma empresa que procura o que muitos procuram, mais verdade na Festa. Hoje a entrevista foi com Paulo Pessoa de Carvalho:



    "O que é uma maior verdade? É com toda a certeza apostar no toiro..."



    1- Que praças empresariou esta temporada que agora terminou e que balanço faz da sua gerência?
    Esta temporada fui responsável pela gestão das praças de toiros das Caldas da Rainha, do Cartaxo, do Sobral de Monte Agraço, de Vinhais (parte tauromáquica) e fiz um raid à Figueira da Foz, além destas fixas, organizei várias corridas em praças desmontáveis na região norte e centro do país, em que destaco: Águeda, Oliveira do Bairro, Celorico da beira e São João da Pesqueira.
    Este ano curiosamente foi melhor em termos de resultados que 2009, mas nas datas tradicionais houve um abrandamento que de alguma forma me preocupa. Os novos eventos, quando bem promovidos e tendo uma razão de ser, mostraram-se um sucesso e foram um êxito em todas as frentes, agora nos momentos chave e tradicionais, senti uma clara retracção que me deixa de alguma forma preocupado com o futuro mais imediato. No entanto e globalmente o balanço é positivo, se bem que haja algumas ilações que tenha tirado deste ano como empresário tauromáquico e que seguramente para o ano de 2011, a experiência de 2010 irá fazer com que venham a existir alterações em dois ou três aspectos importantes.

    2- Dos espectáculos que montou qual destaca pela positiva e qual pela negativa?
    Dos espectáculos que organizei na passada temporada, destaco dois deles claramente pela positiva. Por ordem de realização está primeiro a 20 de Junho em Águeda, foi uma corrida de toiros realizada pela primeira vez naquela localidade, inserida numa feira de vacas leiteiras da raça Holstein, denominada como 2ª Feira do Mundo Rural. Deu particular gozo sentir na população daquela zona, ligada intensamente ao mundo agrícola e com uma ruralidade tão enraizada, ao mesmo tempo perceber a sua tão forte afinidade e entidade com a tauromaquia, o que levou a que a corrida fosse um verdadeiro sucesso de praça cheia e com muita festa! Depois, não posso de deixar de referir a Corrida de Toiros do CDS a 24 de Julho nas Caldas da Rainha, neste caso, foi também com uma data nova mas na defesa de uma GRANDE causa, que a praça de toiros encheu até à bandeira para apoio da festa brava, desta feita por um partido político, que teve a coragem e frontalidade de se assumir na defesa de um património nacional e cultural, que é a nossa festa de toiros. Viva ao CDS e ao seu apoio inequívoco à festa de toiros. Pela negativa infelizmente, foco o encerramento da temporada no Cartaxo a 1 de Novembro. Foi uma aposta que não ganhei e fartei-me de trabalhar, o público não correspondeu como eu previa, o tempo não ajudou, os toiros estiveram a menos e mais algumas coisas que quero esquecer …

    3- Quais as estratégias que adoptará para combater a insistente crise económica na próxima temporada?
    As estratégias a adoptar para fazer face aos tempos de maior austeridade que se aproximam, passam sem dúvida por uma maior verdade na realização dos cartéis. O que é uma maior verdade? É com toda a certeza apostar no toiro, é com toda a certeza fazer ajustamentos de preços, é promover com a maior capacidade e profissionalismo cada espectáculo que organizamos, é adequar o preço dos bilhetes à possibilidade das carteiras dos aficionados, é pagar aos artistas o que eles vendem efectivamente de bilhetes e deixar de ir atrás da especulação, é promover as terras onde trabalhamos para que elas se sintam gratas connosco e respondam à chamada, são coisas deste género que nos farão sobreviver à crise e que nos tornarão mais fortes no futuro!

    4- No próximo ano pretende manter, diminuir ou aumentar o número de praças sob gerência da sua empresa? E quais?
    Em princípio pretendo manter, tudo o que vier a sair deste propósito, aumentar ou diminuir, terá a ver com circunstâncias e decisões que entenda que devem ser revistas. Qualquer um dos caminhos será possível, mas posso afirmar, que serão passos cada vez mais ponderados e sempre no sentido de construir um trabalho consistente e de futuro, não serei um oportunista de ocasião, mas sim um construtor de projecto. Quanto aos possíveis cenários não quero, não posso aqui de momento falar em nomes …

    5- Como definiria o estado da Festa actualmente?
    Penso que o estado da festa no global tem vindo a manter-se e a melhorar. Claro que há aspectos que me deixam preocupado, a começar pela minha classe, gostava que todos os empresários fossem mais profissionais, infelizmente somos poucos a trabalhar bem. Gostava que todos os toureiros jogassem mais em praça, deixando os “números” para o circo. Gostava que todos os ganadeiros tivessem a consciência que poucos têm de como se leva uma ganadaria. Gostava que os grupos de forcados não nascessem como as batatas, todos sabemos como os forcados são importantes para a festa, mas há mínimos que têm que ser cumpridos. Gostava que o toureio a pé crescesse o suficiente para que valesse a pena os empresários apostarem nele. Gostava que os novos valores antes de pensarem que são figuras, o fossem. Gostava que todos os “jornalistas” o fossem de facto e tivessem além do sentido crítico um sentido positivo para a festa. Gostava de poder pôr o preço dos bilhetes a metade. Gostava que as praças enchessem todas. Gostava de mais uma série de coisas nesta linha e então, aí o estado da festa seria fabuloso! Mas como assim não é, temos que continuar a trabalhar para um estado da festa que é aceitável hoje em dia, vir a ser muito bom amanhã!