Joaquim José Correia - A Tragédia Na Flor da Vida (por Prof. Sebastião Valente)
Neste dia, em que mais uma vez os toureiros se reúnem em mais uma jornada filantrópica, neste caso a favor de duas meritórias instituições da nossa cidade nomeadamente a Cercibeja e o Centro de Paralisia Cerebral seria bom que aqueles que se manifestam contra a Festa de Touros e, até mesmo os que lhe são indiferentes, meditassem um pouco sobre as atitudes destes homens que arriscam a sua própria vida, sem esperar qualquer recompensa que não seja o bem estar das suas consciências e a satisfação interior de poder contribuir para a melhoria da qualidade de vida daqueles que, por capricho do destino, precisam do auxilio de todos nós.
Precisamente neste dia 16 de Outubro cumprem-se 44 anos que um jovem Cavaleiro de nome Joaquim José Correia ( Quim Zé como também era conhecido ) perdeu a vida na Praça de Touros do Campo Pequeno, justamente no dia em completava 21 anos de idade. Recordo ainda a emoção que se apoderou de muitos de nós quando nessa mesma tarde ouvimos pela televisão o dramático apelo a um conhecido e competente cirurgião da altura para que comparecesse com urgência no hospital no sentido de assistir aquele jovem que desesperadamente lutava entre a vida e a morte. Mas infelizmente tudo em vão. A cornada que o “ Carvoeiro “ da Ganadaria de Rio Frio, aproveitando uma escorregadela do “Tirol “ , infringira ao jovem Ginete havia sido irremediavelmente fatal.
Quim Zé actuava graciosamente, nessa fatídica tarde, num Festival a favor do Orfanato Escola Santa Isabel ao lado de José Samuel Lupi e dos matadores António Borrero ( Chamaco ), Paco Camino e Paco Pallarés sendo os Forcados os Amadores do Montijo comandados por Rafael Figueiredo. Manifestara aos amigos e familiares que ia com firme propósito de triunfar. O destino porém trocou-lhe as voltas.
Joaquim José Correia, que nasceu em Évora a 16 de Outubro de 1945 e cedo evidenciara rara intuição para Arte de Marialva, recebeu os primeiros ensinamentos de Mestre Simão da Veiga Jr.e António Anão tendo actuado em várias garraiadas estudantis e como amador em várias praças do Alentejo onde montando o Guerrita de imediato ganhou notoriedade, fazendo a sua apresentação no Campo Pequeno onde Manuel dos Santos de imediato reconheceu as suas qualidades.
Chega à Alternativa montando o Fakir, sua montada de confiança, na tarde de Domingo de Páscoa 18 de Abril de 1965, tradicional data de abertura oficial da temporada na Monumental de Lisboa e tendo como padrinho D. José de Atayde e como testemunhas os matadores de toiros Armando Soares e Manuel Alvarez “ El Bala “ pertencendo os toiros à ganadaria alentejana de D. Diogo Passanha.
Joaquim José Correia que aliava ao estilo clássico a irreverência própria da sua Juventude não era, na altura do seu prematuro desaparecimento, uma promessa, mas sim uma já confirmada figura do panorama taurino Nacional.