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    Quando os aficionados se revoltam - Artigo de Opinião

    No Naturales damos voz a todos e portanto, passamos a transcrever na íntegra o e-mail que recebemos de uma aficionada revoltada contra a estado indecente em que alguns teimam em tornar a NOSSA FESTA.
    Vá por ela e por todos os que anseiam uma Festa digna e com Verdade:


    "Façamos de conta

    Façamos de conta que somos aficionados.

    Façamos de conta que quem passa os dias a falar da Festa já fez alguma coisa pela Festa. Façamos de conta que esses, que só falam, estão cá para servir a Festa, e não para se servirem da Festa. Façamos de conta que arranjar escândalos, criar intrigas, semear o caos é ajudar a Festa. Façamos de conta que não é um meio para serem falados, para venderem jornais, para ganharem dinheiro. Façamos de conta que ninguém quer dividir para reinar, que não há quem queira, a todo o custo, manter a sua rede de interesses financeiros e pessoais.

    Façamos de conta que essa gente cumpre os compromissos que assume. Façamos de conta que essa gente é transparente, tem palavra, e não utiliza jornais e outros meios mediáticos para obter benefícios pessoais para si e para os seus fiéis e cegos seguidores, criando uma teia de interesses e jogos financeiros e pessoais que nada ficam a dever aos enredos sicilianos.

    Façamos de conta que, por escreverem em jornais, são jornalistas. Façamos de conta que, como jornalistas que são, não publicam notícias por encomenda, não constroem “êxitos” e tardes e noites de “apogeu” a troco de dinheiro, almoços, bilhetes, viagens, férias ou outra qualquer contrapartida.

    Façamos de conta que essa gente não vive dessa teia de interesses que criou, e tem outros meios de subsistência que lhes permite serem independentes, abnegados, desinteressados e imparciais. Façamos de conta que essa gente trabalha, tem um emprego. Façamos de conta que essa gente não faz ameaças, chantagens, nem declara guerras para manter o seu ganha-pão. Façamos também de conta que essa teia de interesses não permite a essa gente assistir a corridas de borla, vender fotografias nas trincheiras sem passar recibo e fugindo ao fisco, fazer outros negócios, aparecer, ver e ser visto.

    Façamos de conta que essa gente é uma gente de bem, e que está cá para servir a Festa. E façamos de conta que quem não concorda com esta gente do faz de conta não é alvo de represálias, de chantagens, de difamação…

    Façamos de conta que a única associação organizada e que tem peso e voz na Festa está cá para acabar com a Festa. Façamos de conta que essa única associação, – curiosamente a única constituída por amadores, que não precisam da Festa para viverem – é unipessoal. Façamos, por isso, de conta que todos os seus associados são ignorantes, vulneráveis e manipuláveis. Façamos de conta que também os membros da direcção dessa associação são ignorantes, vulneráveis e manipuláveis e que, por isso, essa associação é a voz de uma única pessoa. E façamos de conta que essa pessoa, mais uma vez, não tem um emprego, e que por isso precisa da Festa para viver, razão pela qual se presta a todas estas intrigas que diariamente põem em causa o seu bom-nome.

    Façamos de conta que a vontade de jornalistas e empresários de fundarem uma nova associação de forcados se deve à vontade de servir a Festa, e não de se servirem da Festa. Porque o interesse de um jornalista e de um empresário, como é óbvio, é defender a forcadagem, tal como o interesse de um bombeiro é defender o interesse dos polícias, ao ponto de se preocupar em fundar uma associação de uma classe a que não pertence…

    Façamos de conta que o cabecilha dessa rede de interesses é uma pessoa séria.

    Façamos de conta, também, que ele não está preso.

    Façamos de conta que, se está preso, foi por engano, porque ele é uma vítima, e só quer servir a Festa.

    Façamos de conta que ele não foi parar à prisão depois de ter sido acusado pelo Ministério Público, Tribunal de Primeira Instância, Tribunal da Relação e Supremo Tribunal de Justiça. Façamos, por isso, de conta, que as mais de 20 pessoas que analisaram o seu caso se enganaram todas…

    Façamos de conta que ele não foi condenado – sim, condenado – já mais de 20 vezes.

    Façamos de conta que todas as pessoas que o condenaram essas mais de 20 vezes, se enganaram todas mais de 20 vezes.

    Façamos de conta que, como pessoa transparente e séria e verdadeira e honesta que é, deu a conhecer o seu cadastro, tal como apregoou aos sete ventos que foi condenado agora, por engano, por um texto que nem foi ele que escreveu…

    Façamos de conta que ele não foi julgado já mais de 70 vezes.

    Façamos de conta, assim, que ele está cá para servir a Festa, e não para se servir da Festa.

    Façamos de conta que ele não é, na verdade, um criminoso.

    Façamos de conta que ele tem um emprego, que paga impostos, que tem bens em seu nome e nada tem a esconder.

    Façamos de conta que ele e os seus servos é que vão salvar a Festa e que a Festa precisa é de mais gente como ele e eles.

    E façamos de conta que não andam todos com medo de verem o seu nome difamado, e por isso se apressam a ir ao beija-mão, e por isso calam, e por isso consentem…

    Façamos de conta que sempre que alguém quer fazer algo para contrariar esta tendência não ouve, do outro lado, a voz do medo e da cobardia, dizendo: “não vale a pena comprares uma guerra com essa gente”.

    Façamos de conta, por outro lado, que quem não vive da Festa, que quem trabalha, tem emprego, tem família, e mesmo assim decide, sem nada receber em troca, dar o seu tempo, o seu dinheiro, a sua estabilidade familiar, as suas férias, o seu bom-nome, em prol de algo que considera ser um património cultural e uma arte, não passa de um mal intencionado que só quer é protagonismo e poder.

    Façamos de conta que aqueles poucos forcados, empresários, ganadeiros e aficionados (porque os há!) que pensam para além do seu umbigo e tentam fazer algo em prol da Festa, querem é protagonismo e poder.
    Em suma, façamos de conta que quem faz mais do que falar, faz mal. E que quem não faz mas tenta fazer, faz mal também.
    Está bem. Façamos de conta. Façamos de conta e continuemos a pactuar com esta gente. Continuemos com medo e deixemos de fazer o que é preciso e de apoiar quem realmente merece. Continuemos a enviar mensagens de solidariedade a quem foi preso por engano, mas a esquecermo-nos de ser solidários com quem tenta realmente manter a Festa, à custa de grandes sacrifícios profissionais e pessoais.

    Está bem… Façamos de conta.
    É que, a continuar assim, estamos só mesmo a fazer de conta que somos aficionados… "

    Carolina de Abreu Costa
    Aficionada
    Parede