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    Crónica ÉVORA : FALTOU TRAPIO em noite de Mestres

    EVORA (PATRICIA SARDINHA, enviada especial de NATURALES)
    Esteve bem composta de público a bonita praça de Évora, na noite do passado sábado, para uma corrida de luxo onde o cartel era repartido por dois ícones do toureio a cavalo nacional, João Moura e António Palha Ribeiro Telles. Para as pegas os grupos de forcados habituais naquela praça, os Amadores de Montemor-o-Novo e de Évora. Os toiros pertenceram à ganadaria de Herdade de Pégoras e extra espectáculo assistiu-se à lide de um novilho de Francisco Romão Tenório por parte do jovem cavaleiro amador Miguel Moura.
    Contudo o luxo da corrida ficou-se muito pelo peso dos nomes dos intervenientes, e apesar da corrida ter decorrido em bom ritmo, não foi grande em termos artísticos com toques, quase quedas e ferros falhados pelo meio, para não falar da escassez de trapio das reses.
    O primeiro toiro da noite, com 525 kg, foi o único do curro com algum bom tipo. Foi recebido por João Moura com boa brega, parando-o e cravando bem o primeiro ferro comprido. Depois de deixar regular um segundo ferro, sofre forte toque na montada, e por pouco não caiu. Não esmoreceu o cavaleiro que depois de trocar de cavalo, deixou bem o primeiro curto e rematou com ladeios e recortes na cara da rês. Cravou o segundo no sítio, e o terceiro com uma batida ao piton contrário e quase cai de novo na arena ao rematar. Deixou mais dois curtos com a rês já completamente dominada, sem perseguir montada. Foi uma actuação mais sustentada em remates e ladeios ao estilo mourista. Na sua segunda actuação, frente a uma rês com 450 kg, sem peso e trapio para uma corrida dita a ‘do ano’, voltou a abrir com uma boa brega e a cumprir com a ferragem comprida. Crava três ferros curtos com o toiro a não ter andamento e não perseguir montada. Depois a menor distância, e em tábuas crava um quarto ferro bem, mas sofre toque. Efectua ligeira batida para deixar o quinto ferro, compensando o toureiro em garra com o que faltava ao toiro. Sofreu mais dois toques ao tentar colocar a rês nos terrenos e depois em tábuas culminou com um palmito.
    António Telles teve uma primeira actuação desacertada na ferragem. O toiro com 458 kg foi recebido com um ferro comprido à porta gaiola. António partiu de largo para cravar o segundo comprido, que resultou brilhante com a rês a partir ao cite. Deixou um terceiro comprido regular com o toiro a revelar-se brusco. Mas nos curtos a coisa descompôs-se. O primeiro ferro foi cravado muito descaído. Melhorou na cravagem de mais três ferros, com uma rês desligada do cavalo. Efectua uma passagem em falso e depois sim a consumar um quinto ferro. Teve ligeira melhoria na sorte ao segundo toiro do seu lote, com 446 kg, mais um a evidenciar falta de apresentação para uma corrida deste género. Esteve certeiro nos compridos, e nos curtos montando o Santarém, deixou bem três ferros, colocando-o nos terrenos e pondo no sítio a ferragem. Revelou uma lide não tão clássica como o habitual, exibindo-se muito em passes de alta escola, utilizando as montadas para chegar ao público. Sofreu também António um ligeiro toque ao cravar o quarto curto, e depois remata actuação com mais dois ferros.
    Ao contrário do que habitualmente se diz, resultou melhor esta noite, e segundo a minha opinião, a lide a duo que as lides a solo. Apesar de em ‘duetos’ se visualizar mais um discorrer de ferros ao invés de se tourear a rês, nesta actuação entre dois mestres do toureio a cavalo, assistiu-se a uma bonita relação de amizade e respeito que resultou numa boa fusão dos dois toureios. João Moura brindou esta sua lide ao parceiro António Telles, num bonito gesto, e a emoção terá sido tanta, que só depois repararam que tinham os tricórnios trocados. O toiro com 487 kg, prestou-se para colaborar na lide a duo. Cumpriram com a ferragem da ordem, tendo cada um falhado um ferro curto, que acabava por bater noutro ferro e não ficar. De resto a actuação funcionou e empolgou as bancadas.
    No que às pegas diz respeito, a noite pareceu fácil, com boas actuações dos dois grupos. Primeiro pelo grupo de Montemor, José Maria Cortes pegou à primeira sem dificuldades; Rodrigo Pietra Torres que se fechou bem à primeira; e Pedro Santos à segunda tentativa, depois de uma primeira com o toiro a derrotar alto. Pelo grupo da casa, os Amadores de Évora, Manuel Rovisco pegou à primeira numa boa pega; Frederico Macau à primeira com o toiro a arrancar com muita pata e a ser o primeiro ajuda, fundamental para o parar; e João Pedro Oliveira que pegou o novilho ao primeiro intento sem problemas
    Mais uma vez, extra-corrida, o amador Miguel Moura, fechou a noite, com a actuação mais vibrante da noite, onde o carinho do público pelo jovem ginete sobressaiu em aplausos de pé. Miguel mostrou uma vez mais ter raça frente a um novilho de Romão Tenório com 320 kg. Mostrou desenvoltura nos dois compridos, e rijeza nos curtos, apesar de alguma pouca força para partir os ferros, fruto da ainda tenra idade. Contudo não nega que é mais um Mourinha, evidenciando o seu estilo nos modos como remata os ferros, ladeando e recortando na cara do oponente.
    Os toiros de Pégoras desiludiram pela fraca apresentação e trapio, principalmente para a praça e cartel em questão. Contudo não foram mansos perdidos e no geral foram colaborantes. O novilho de Romão Tenório também serviu para a lide de Miguel Moura, demonstrando-se lidável.
    A corrida decorreu a bom ritmo, sem intervalo, acabando assim mais cedo do que o habitual em corridas nocturnas, facto de louvar à empresa Terra Brava por tal decisão.