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    Crónica: "Novilhada do Campo Pequeno: para renovar afición”



    Desta vez podem dizer à vontadinha: “a culpa foi do Benfica”. Mas quis o acaso, habituados que estávamos a que a última jornada da liga de futebol calhasse aos domingos, que este ano fosse a um sábado, e logo aquele para o qual projectaram a novilhada de oportunidade aos novos do Campo Pequeno… Que coincidência!

    Contrariando o que acontecera pela corrida de inauguração da temporada em Lisboa, que foi atrasada um dia também por causa de um jogo do Benfica, neste caso a novilhada mantiveram-na de pedra e cal, à data e hora em que milhares festejavam um Glorioso campeão. Resultado: talvez nem ¼ de gente aficionada em praça.

    Lotações aparte, aquilo que se passou na noite deste sábado na Praça de Toiros do Campo Pequeno, teve o nível que infelizmente não têm muitas corridas de toiros com profissionais: Atitude, garra, competição, valor e, muito importante, bons novilhos.

    Um espectáculo com ritmo e que encheu a todos, os que estiveram presentes, de uma esperança e afición renovada.

    A cavalo, foi o jovem praticante Joaquim Brito Paes quem mais nos entusiasmou. Sem gestos triunfalistas, sem precipitações e acelerações, Joaquim apresentou em praça claras noções de lide, com um toureio correcto e uma actuação limpa, frente a um novilho da ganadaria António Silva, distraídote, por vezes a descair para tábuas, defeito que o jovem toureiro corrigiu. Sem dúvida, um cavaleiro para mais oportunidades.

    Antes, Mara Pimenta acusou o pouco placeada que está, com uma actuação que foi de menos a mais, superando-se com as boas condições do seu cavalo Vigário. Soraia Costa foi mais despachada e desenrascada, com uma lide de muita ligação com o público mas a carecer de mais ajuste o momento dos ferros.

    Nas pegas, boa exibição do grupo de Alter do Chão, com intervenções de João Airoso que concretizou à segunda tentativa; João Galhofas à primeira; e Filipe Lucas também à primeira.

    A pé, exibiram-se três jovens valores, os quais não tenho dúvidas que darão ainda muito que falar.  Num país em que o Toureio a Pé tão pouco se vê (note-se por exemplo, que até agora, ainda não nos foi dado a conhecer nenhum cartel com matadores de toiros portugueses este ano no Campo Pequeno), termos presenciado três novilheiros com o calibre e a ambição que vimos de Leonardo Passareira, Filipe Martinho e Duarte Silva, enche-nos de motivação!

    Obviamente muito têm os três pela frente para desbravar, principalmente a condição de serem portugueses e viverem num país de portas semifechadas ao toureio a pé.

    Leonardo Passareira andou vistoso de capote para depois, aproveitar as excelentes condições do seu ‘murteira grave’ e desenvolver uma faena em que revelou muita técnica, com bons passes principalmente pela direita.

    Também Filipe Martinho deixou boas noções de um toureio profundo, com uma série em redondo de encher o olho frente a um nobre ‘varela crujo’. E nem uma voltareta lhe quitou as ganas.

    Poderoso foi o toureio de Duarte Silva, que ontem, brilhantemente se apresentou na sua prova de novilheiro praticante. Perante um novilho de Calejo Pires, sempre fixo e pronto na muleta, o jovem novilheiro acusou muita raça e um toureio de uma grande plasticidade.

    Lidaram-se novilhos de diferentes ganadarias, bem apresentados no geral, sendo enraçado e com pata o de Romão Tenório; colaborador o de Passanha; mais distraídote o de António Silva; de excelente jogo os lidados a pé, de Murteira Grave, Varela Crujo e Calejo Pires.

    Dirigiu este espectáculo o sr. João Cantinho, assessorado pelo veterinário Jorge Moreira da Silva. Foram concedidas voltas aos ganaderos ou seus representantes, das ganadarias Murteira Grave e Calejo Pires.

    Temos futuro nas arenas. Oxalá também nas corridas com profissionais, sentíssemos tanta entrega como a que vimos a estes 6 jovens valores, ontem na arena do Campo Pequeno.