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    Dr. Joaquim Grave: "Sempre foi minha vontade continuar com os dois festivais."


    A menos de um mês do início da Temporada, o NATURALES colocou ao mentor do Festival Taurino de Mourão, o Dr. Joaquim Grave, algumas questões sobre o cartel preparado para 1 de Fevereiro.


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    "Este ano convidarei as crianças/jovens de todas as escolas do Concelho de Mourão para visitarem Galeana" 


    NATURALES: Um ano mais tem sob sua responsabilidade a organização do primeiro festejo da temporada portuguesa. Pessoalmente é para si motivo de orgulho?
    Joaquim Grave.: Mais do que orgulho, não nego que sinto prazer em realizá-lo por sentir que a data da Senhora das Candeias tem ganho força e assim contribuir com uma pequena parte para a satisfação dos aficionados do toureio a pé do Concelho e do resto do país.

    NATURALES:  A cada temporada que passa, e tendo em conta os cartéis que tem montado, sente que a pressão da responsabilidade e da exigência do aficionado aumenta?
    J.G.: Sim, noto que cada ano a expectativa do cartel é grande, não sei se maior, o que sei é que não se consegue agradar a todos... As pessoas têm que entender que em Mourão se dá um Festival e não uma corrida de toiros. E um Festival de um cunho particular com uma tónica de toureio a pé. Tem sido assim nos últimos anos e as boas casas que tem havido dizem-nos que os cartéis são do agrado do público. Naturalmente, se houvesse o segundo Festival, haveria mais toureio a cavalo.

    NATURALES: Este ano, e ao contrário do que aconteceu nos últimos três anos, será apenas um festival e não dois, perdendo-se a já apelidada Feira Taurina de Mourão. Faltou força de vontade por parte de quem?
    J.G.: Sempre foi minha vontade continuar com os dois festivais. Sendo dia 1 uma sexta-feira, obviamente, queria fazer o segundo no fim-de-semana. As forças vivas da vila disseram-me que era impossível, uma vez que dia 2 há a procissão e dia 3 o leilão. Como compreenderá, não ia dar o segundo festival num dia de semana.

    NATURALES: O Festival Taurino está inserido nas Festas em Honra de Nossa Senhora das Candeias em Mourão mas em grande maioria, são os aficionados de fora os que mais acorrem à Praça Libânio Esquivel, enchendo-a, se não mesmo esgotando praça. Não deveriam por isso os próprios mouranenses valorizar mais o espectáculo taurino como atractivo até de turismo por aqueles dias na vila?
    J.G.: Penso exactamente isso mesmo. Haveria beneficio para todos...

    NATURALES:  Tal como eu, o Dr. Joaquim Grave enquanto residente no concelho de Mourão, sente que uma região com tanta tradição taurina, com história, com tantas ganadarias sediadas, que originou até alguns toureiros de prata, pareça estar a perder afición?
    J.G.: Num Concelho pouco habitado com a percentagem dos idosos a aumentar e onde não se cuida a afición, os jovens, que não são muitos, têm poucos motivos para gostarem de um espectáculo pouco divulgado. Neste contexto pouco favorável, sinto vontade de compensar de alguma maneira e este ano convidarei as crianças/jovens de todas as escolas do Concelho de Mourão para visitarem Galeana e poderem desfrutar do espectáculo maravilhoso do toiro bravo no campo.

    NATURALES: Há uns 20 anos em Mourão, para além do Festival Taurino de 1 de Fevereiro, organizava-se por vezes um festejo em Maio (quando não chovia), e uma novilhada nocturna de promoção de novos valores em Agosto. Se o desafiassem, e até tendo em conta a nossa conversa da perda de aficion e por isso necessário fomenta-la, era capaz de se dedicar a mais uma organização que não só o Festival da Sra das Candeias?
    J.G.: Não estou fora de essa possibilidade, aliás há anos que penso fazê-lo. Não um espectáculo formal tipo novilhada ou corrida de toiros (não tenho dinheiro para perder), mas alguma iniciativa didática/prática que entusiasme os mouranenses. Vamos ver se consigo realizá-la este ano.

    NATURALES: É sabido que montar um espectáculo taurino tão cedo, ainda no pico do Inverno...tem as suas dificuldades. Quais têm sido as que mais tem sentido?
    J.G.: A maior dificuldade é em conseguir novilhos de 2 anos que estejam gordos. Para além das épocas que antecedem o Festival, Outono e Inverno, não serem propícias para engordar animais ao ar livre, os novilhos destas idades utilizam a maioria da energia que consomem para crescer e não para engordar.

    NATURALES: Mas se me permite esta questão, de que têm medo os cavaleiros portugueses da praça de toiros de Mourão?
    J.G.: As equações de montar os cartéis para um Festival ou dois Festivais mudam substancialmente. Se houver 2 festivais torna-se mais fácil ao assumir que um é para oportunidade aos jovens. E aí os jovens não têm medo. Como já tenho dito, relativamente ao toureio a pé é mais fácil pois a oferta excede largamente a procura. A dificuldade está nos cavaleiros de créditos firmados. E aqui sinto o facto de Mourão ter ganho importância no panorama nacional. Os cavaleiros receiam expor-se nesta época do ano perante uma afición não diria exigente, mas conhecedora. Nesta época preferem sair com cavalos novos do que afirmar-se em mais um espectáculo. Enfim, são opções que não partilho, mas compreendo. Admito que a dimensão da arena também seja um handicap.



    NATURALES: O Dr. Joaquim Grave inicia 2019 a fazer honra e justiça a uma jovem cavaleira que tem sido esquecida pelos empresários portugueses, a Ana Rita, que muito, e tudo, tem toureado em Espanha, quase sempre triunfando. Pensa que a sua inclusão neste Festival pode servir para motivar outras empresas em 2019 a contratarem-na?
    J.G.: Foi exactamente essa a ideia ao contratar a Ana Rita. Então uma toureira que anda a esforçar-se e a conseguir triunfos em Espanha não deve ser ajudada no seu país?! Claro que sim e espero sinceramente que lhe corram bem as coisas.

    NATURALES: Para a que será a única pega da tarde, os Amadores de Monsaraz. Tem acompanhado a evolução deste Grupo alentejano e vizinho de Mourão?
    J.G.: Por circunstâncias várias tenho acompanhado o Grupo de Forcados de Monsaraz e tem sido uma surpresa bem agradável. Têm evoluído tecnicamente na arte de pegar toiros e, sobretudo, é verdadeiramente um grupo de amigos, com uma coesão fantástica e uma solidariedade a toda a prova. Encarnam na perfeição o espírito do Forcado Amador. A tudo isto acresce que são da região, Monsaraz está ao lado de Mourão.

    NATURALES: O Festival Taurino de Mourão tem sempre para o aficionado mais criterioso, o atractivo de apostar muito no Toureio a Pé. Um ano mais isso voltou a acontecer com um interessante elenco. Quer-nos falar dos toureiros a pé escolhidos?
    J.G.: O Pepe Luís Vazquez é um toureiro com imensa solera, veterano sem dúvida, mas capaz de oferecer um toureio com pelizco e pleno de arte. Um apelido que dispensa apresentações.
    Octavio Chacón foi um dos toureiros emergentes de 2018 depois dos triunfos de Madrid e Pamplona e outras praças de 1ª categoria. Presumo que estará presente nas principais feiras de Espanha este 2019. Por maioria de razão, encaixa com toda a oportunidade em Mourão.
    Nuno Casquinha ganhou a presença em Mourão com toda a justiça. Evoluiu muito, está outro toureiro. Com solvência, com ofício, com valor, com arte. Mais que merecida esta presença.
    Román é um jovem matador mas já com créditos firmados. Os seus triunfos em Valência e em Madrid não deixam dúvidas a ninguém. Com enorme ambição toureará em Mourão em vésperas de seguir para a América onde tem imensos contratos firmados.
    Manolo Vazquez é o único novilheiro. Jovem em quem a afición de Sevilha deposita grandes esperanças. Primo de Pepe Luís, atesora o mesmo conceito de toureiro de arte que os seus antepassados.

    NATURALES: Contudo, excepto o matador Nuno Casquinha, faltou neste cartel darem-se mais oportunidades aos toureiros lusos... Porquê essa opção?
    J.G.: O número de matadores lusos este ano é exactamente o mesmo que tem sido nos últimos anos desde 2014, com a excepção de 2017 e 2014 em que se lhe juntou um novilheiro. Evito repetições de nomes muito próximos, mas quando haja vários matadores lusos em bom momento, não terei nenhum problema em colocar mais de um nome português no cartel.

    NATURALES: E o mais importante de um festejo... os toiros, neste caso os novilhos. São da sua ganadaria, Murteira Grave, e logo aí acrescentam importância ao cartel. Como vê o ganadero os 6 novilhos que vão abrir a temporada 2019?
    J.G.: Na verdade, este ano tenho uma particular esperança no comportamento dos novilhos, mas a vida tem-me ensinado a não levantar muito as expectativas. A selecção da bravura é tremendamente complicada e aconselha muita prudência na previsão, muita perseverança nos fracassos e muita humildade nos triunfos. Essa será sempre a postura que procurarei ter.

    NATURALES: Considera que é um cartel para “entendidos”?
    J.G.: Não. Além de não saber muito bem o que é um "entendido", o que me move na confecção dos cartéis é a variedade de estilo dos toureiros; se calhar interessa-me mais que cheguem a um público sensível que vai para divertir-se e ver tourear bem do que a um público que vai para julgar e sancionar.

    NATURALES: Dr. Joaquim Grave, para o ano o dia 1 de Fevereiro é um sábado. Poderemos contar com o regresso da Feira Taurina e termos festival extra no dia 31 de Janeiro?
    J.G.: Em 2014 foi assim, veremos como vai ser em 2020. Primeiro temos que lá chegar com saúde, depois se verá...