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    Vasco Durão: "A verdadeira Festa tem de ser com base na seriedade"


    Há muito nestas lides, Vasco Durão enfrenta agora em solitário, o comando da empresa 'Verdadeira Festa', tendo assim sob sua gestão as Praças de Toiros de Reguengos de Monsaraz, Alcácer e Amieira.

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    VASCO DURÃO: "Foi quando entrei neste mundo que me começaram a aparecer os primeiros dos muitos cabelos brancos que hoje tenho"

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    Naturales: Esta será mais uma temporada em que a empresa Verdadeira Festa se mantém no activo mas este ano, o Vasco enfrenta "os toiros" a solo e não a duo, tendo-se desligado de Rui Gato Rodrigues. Uma situação esperada e amigável?
    Vasco Durão: Não esperada mas totalmente amigável. O Rui, no fim da temporada passada, falou comigo e disse-me que queria acabar com a parte empresarial por falta de tempo e porque queria centrar-se mais na faceta de apoderado.

    Naturales: Que balanço faz até aqui, desde o dia que o Vasco e o Rui, decidiram avançar com a criação desta empresa?
    Vasco Durão: Tendo havido corridas que correram melhor e outras menos bem, o balanço é globalmente positivo. O Rui foi, sem dúvida, uma mais valia para a empresa.

    Naturales: A 'Verdadeira Festa' tem marcado o seu percurso pela seriedade e muita expectativa face às ganadarias que anunciam para as suas corridas. Sente que isso é o mais importante? Dar ao aficionado e ao público as bases para um espectáculo sério e de emoção, apostando no Toiro…
    Vasco Durão: Acho que o toiro é, sem dúvida, o elemento essencial da Festa. Costumo dizer que, por alguma razão, falamos em "tourada" e não em "cavaleirada"...

    Um dos 'murteira grave' a sair à Praça de Reguengos no próximo dia 11 de Junho

    Naturales: Nos últimos anos, e para além de ajudarem Juntas de Freguesia e Comissões de Festa na organização de espectáculos de forma pontual, a empresa Verdadeira Festa teve entre outras, sob sua gestão as praças de Amareleja, Moura, Reguengos, Amieira e Alcácer, mantendo-se em 2017 estas três últimas. Moura foi uma gestão difícil mas que valeu a pena?
    Vasco Durão: Moura foi uma praça complicada e, economicamente, um desastre. De todas as mais de 20 praças que geri, foi a única a que não consegui dar a volta. Gostava de ter continuado pois, com mais tempo, creio que conseguiria inverter a situação, mas não houve acordo com a proprietária da praça. Mas nem tudo foi negativo, foi uma grande aprendizagem.

    Naturales: Em Reguengos a Verdadeira Festa tem aos poucos conseguido devolver público as bancadas da praça José Mestre Batista. Qual tem sido a fórmula?
    Vasco Durão: A fórmula é, como nas outras praças, a aposta no toiro e na qualidade dos cartéis.
    Reguengos tem a particularidade de ser a minha terra, onde vivo, e onde me relaciono todos os dias com a afición reguenguense, o que me permite saber quais as suas preferências e, assim, montar cartéis que vão ao encontro do querem ver.

    Naturales: No próximo dia 11 de Junho, Reguengos irá receber uma corrida de cariz especial por ser a de comemoração dos 30 anos de alternativa de Luís Rouxinol. Sente que o facto do cavaleiro se ter disposto a aceitar comemorar o seu 30º aniversário de alternativa em Reguengos é também um reconhecimento para com a praça mas também para com a empresa?
    Vasco Durão: Sem dúvida! O Luís tem toureado (e triunfado) muitas vezes para a Verdadeira Festa nos últimos anos. O facto de ter escolhido Reguengos para a corrida em que se assinalam os 30 anos da sua alternativa, é para mim, e para os reguenguenses, uma honra e um reconhecimento para a qualidade do trabalho da Verdadeira Festa.

    Naturales: E para a tradicional corrida do 15 de Agosto já tem alguma ideia pensada?
    Vasco Durão: O cartel do 15 de Agosto já está, naturalmente rematado. Prefiro, no entanto, não o revelar para já, até passar esta corrida de 11 de Junho.

    Naturales: Outra praça onde a sua empresa tem feito sucesso é em Amieira, cuja data em Setembro já faz parte do calendário taurino. Que balanço faz da gestão dessa praça ao longo destes anos?
    Vasco Durão: O balanço não podia ser mais positivo. Estou na Amieira desde 2010 e o facto de nunca ter estado tanto tempo numa praça, diz bem do carinho que por ela nutro. Quando comecei, a praça estava queimada, ninguém a queria. Aos poucos, com muito trabalho, consegui levantá-la, ao ponto de ser agora muito cobiçada. O facto de estar a escassos quilómetros de Reguengos também ajuda, pois conheço bem a sua afición.

    Naturales: Para dia 23 de Junho também já está anunciada uma corrida em Alcácer. Como encontrou essa praça?
    Vasco Durão: Quando a Verdadeira Festa tomou conta dos destinos da praça João Branco Núncio, também estava um bocado queimada. Prova disso, foi o facto de termos sido a única empresa que se apresentou ao concurso para a sua exploração. Na primeira corrida, as coisas não correram tão bem como desejávamos, embora artisticamente tenha sido um êxito. Na corrida de Outubro, já foi diferente, com meia casa muito forte, e o espectáculo foi excelente. Para a corrida que agora se anuncia para dia 23, espero que trajectória em crescendo se mantenha. Para isso, apostamos na mesma ganadaria de Outubro, Pinto Barreiros, que tão bom jogo deu nessa corrida. Toureiam o António Ribeiro Telles, o Filipe Gonçalves e o Luís Rouxinol jr, em vésperas de tomar a alternativa. Pegam os Amadores de Montemor e de Évora.

    Naturales: Vivemos tempos em que o toureio a pé parece fazer parte da 'cartada' da maioria dos empresários, sendo a corrida mista uma modalidade vista com maior frequência. Pretende apostar também, nalguma das praças que actualmente detém, nessa vertente do toureio?
    Vasco Durão: Talvez nalgum festival, no final da temporada. Em corridas formais, este ano, não. Reguengos não tem, desde há muito tradição de toureio a pé. Em Alcácer montei em 2004, uma corrida mista com os matadores José Luís Gonçalves e o Pedrito de Portugal e, infelizmente, foi um fiasco. Na Amieira havia, até 2009, tradição de corridas mistas, mas a verdade é que os aficionados não aderiam. Uma das chaves para levantar a praça foi, em 2010 quando peguei na praça, o ter passado a dar corridas só a cavalo.


    Naturales: Enquanto empresário e aficionado, como analisa o estado da Festa nos dias de hoje?
    Vasco Durão: As coisas não estão fáceis, pois somos atacados por todos os lados, e não há maneira de nos unirmos de vez. Julgo que a Prótoiro pode ter, aliás já está a ter, um papel fundamental na defesa da Festa, mas é imprescindível que seja apoiada por todos. Apesar de tudo, creio que começa, aos poucos, a notar-se uma certa retoma, na afluência de público às praças.

    Naturales: O Vasco é dos poucos empresários que actualmente não é também apoderado de toureiros. Muitas vezes nota-se que os cartéis se montam por um jogo de ‘trocas’. Acha que isso para si, acaba por ser uma vantagem ou desvantagem?
    Vasco Durão: A meu ver, uma vantagem, pois é o garante da minha independência. Não ponho, no entanto, de parte, a possibilidade de apoderar algum toureiro mas, para tal, tenho que ter uma grande amizade com esses toureiro. Foi o que aconteceu com o Paco Velásquez.

    Naturales: Acha que este é um meio para se fazer dinheiro ou para se ganhar cabelos brancos e uma vida de instabilidade?
    Vasco Durão: Já se ganhou dinheiro com os toiros, numa altura, até ao princípio deste século, em que havia muito menos corridas e muito maior poder de compra. Hoje em dia, é um risco muito grande, e a origem de muitos cabelos brancos. Coincidência ou não, foi quando entrei neste mundo que me começaram a aparecer os primeiros dos muitos cabelos brancos que hoje tenho. No entanto, se cá continuo, é porque acredito.

    Naturales: Vasco, o que é para si a verdadeira Festa dos Toiros?
    Vasco Durão: A verdadeira Festa dos Toiros, tem de ser uma festa mas com base na seriedade e respeito. Seriedade dos toureiros, seriedade dos forcados, seriedade dos grupos de forcados e, sobretudo, seriedade dos empresários.