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    Sobral de Monte Agraço: "Triunfo de um matador sem toiros"

    Existem reis sem trono e por cá, existem muitos matadores sem toiros. 

    Já diz a célebre frase na Escola de Toureio de Madrid "Llegar a ser figura en el toreo es casi un milagro", uma grande verdade para os jovens toureiros portugueses que, mesmo quando conseguem atingir o milagre, têm depois a barreira de um país descrente no toureio a pé e o estigma dos empresários taurinos relativamente ao mesmo.

    Ainda assim, este ano viram-se anunciados alguns festejos mistos dando mais oportunidades a novilheiros e a matadores…muitas vezes espanhóis. 

    Manuel Dias Gomes tinha tudo para esta temporada ser chamado às praças. Tirou a alternativa a 30 de Maio em França, tornou-se no nosso 40º matador de toiros…e passou a época…em casa! É o que se pode chamar de ‘matador sem toiros’, pois o facto de ter augurado a categoria de matador não lhe trouxe afinal toiros para lidar.

    Para além de ter ido ‘apagar o fogo’ à ilha Terceira por ocasião das Sanjoaninas e em substituição do espanhol António Ferrera, não mais em Portugal (continental) lhe viram justificação para o apresentar como matador de toiros aos seus compatriotas! Nem nas praças grandes nem nas pequenas... Incompreensível, mas...eles lá sabem.

    Felizmente que ainda o conseguiu fazer esta temporada, e aconteceu ontem, domingo, no Sobral de Monte Agraço, de onde saiu o mais destacado de todo o festejo.

    Uma casa composta de gente, fazendo valer que afinal gosta-se mesmo de toureio a pé, mesmo que na língua de Camões (pois o toureio não tem nacionalidade mas o que é nacional…é bom!).

    Lidaram-se reses de Prudêncio para o toureio a cavalo, mansos a descaírem para tábuas, com melhores condições o primeiro, e de Torre de Onofre para o toureio a pé, nobres mas escassos de força. No geral animais bem apresentados de ambas as ganadarias.

    Manuel Telles Bastos abriu praça na vez de seu tio, António Telles, que fazia caminho vindo de Coruche onde também actuou neste domingo, e teve pela frente o mais lidável dos Prudêncios. Telles Bastos cumpriu com uma actuação meritória, com sortes frontais que culminaram em ferros de boa nota.

    António Telles teve pela frente um manso que se fechou em tábuas, ressalvando-se o grande labor do cavaleiro em o sacar da querença e cumprir com a ferragem da ordem que deixou correctamente.

    Na lide a duo, outro manso complicado, subestimado pelo entendimento da dupla que agradou nas bancadas.

    Os Forcados Amadores de Lisboa apresentaram-se em solitário neste festejo e cumpriram por intermédio de Pedro Gil à primeira, Duarte Mira à quarta e com ajudas carregadas e Daniel Batalha à segunda tentativa. 

    Manuel Dias Gomes andou toda a tarde muito disposto, evidenciando frente aos dois toiros do seu lote, variedade e classe tanto de capote como de muleta, com um toureio tão templado que houve ali muletazos que ainda hoje perduram. 

    João Augusto Moura pode ser o senhor que se segue no que toca a tirar alternativa de matador e ontem, no Sobral, e apesar de também ele esquecido pelas oportunidades, demonstrou muitas ganas e apontou pormenores de bom toureio perante um lote de pouca força.

    Portanto, toureiros a pé nós temos...que lhes dêem toiros sff!!