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    Artigo de Opinião

    A importância do Jantar do Sector 1 –
    Ou o quão ignorantes somos

    Por: Patrícia Sardinha

    Numa altura em que no mundo taurino se atravessam momentos de fragilidade devido à perseguição dos que se dizem amigos dos animais, mas também por alguma carência de seriedade e valor dos que na própria Festa estão inseridos, a que acresce ainda, a instabilidade económica do país, apraz-me dizer que na quinta-feira passada, dia 2 de Dezembro, recuperei força e coragem para seguir acreditando que há sempre uma luz ao fundo do túnel. Não só porque estamos em Dezembro, mês do Natal, o que por si só me torna mais vulnerável ao sentimento de união, mas também porque renovei com o jantar de gala do Grupo Tauromáquico “Sector 1”, os votos de ser uma aficionada com alguma ilusão na Verdade e na Pureza da Festa.


    Supunha-se que eu escrevesse uma simples e breve notícia dando conta do que foi o evento, mas creio que daquele jantar há mais a dizer do que simplesmente relatar factos. Ainda assim, convém referir que o jantar decorreu no restaurante “Casa do Marquês” no Teatro Tivoli, sob um ambiente de tributos, pois a actual Comissão Administrativa do Sector 1, presidida pelo meu caro amigo Dr. António Manuel de Moraes, decidiu entregar nesse jantar Galardões Prestígio a personalidades ou instituições que se destacaram em prol da Festa, mas também homenagear alguns dos seus sócios. Sublinhar ainda os momentos de fado, brilhantemente interpretados por Joana Amendoeira.
    Para além de tudo isto e da enorme aderência de sócios e amigos, gente de variados sectores da Festa ou simples aficionados que não quiseram deixar de estar presentes neste evento, existem outros pontos que gostaria de sobressair deste jantar e aos quais me passo a referir:

    Ponto 1. A Ministra Amiga
    Uma das personalidades distinguidas neste jantar foi a Ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, que tem demonstrado total apoio à Tauromaquia criando uma secção na Cultura dedicada à mesma e inclusive esteve presente, esta temporada, numa corrida televisionada no Campo Pequeno. Ao seu lado, o Secretário de Estado, Elísio Summavielle, um verdadeiro aficionado, sempre ‘visível’ em muitas das nossas praças e que aceitou o repto de se tornar sócio do Sector 1.
    Independentemente de cores políticas, estas duas individualidades são merecedoras de todo o respeito por parte dos aficionados, pois assumem sem pudor a Tauromaquia como uma arte e um bem cultural. Mais valor tem tal acto se tivermos em conta que Gabriela Canavilhas não é aficionada, mas respeita e entende a Festa Brava como parte indiscutível da Cultura. Sem dúvida uma mulher inteligente.
    E perante o apoio político, perante a coragem do ‘poder’ em se colocar do nosso lado, que fazemos nós aficionados? Deixamos praticamente passar em branco este feito de ter uma Ministra da Cultura num jantar dedicado à Festa dos Toiros.
    Enquanto aqui ao lado, na vizinha Espanha, lutam por uma ‘atenção’ por parte do poder político, nós, temos como alguém já disse, a ‘faca e o queijo na mão’ e não aproveitamos isso a nosso favor, a favor da Festa.
    Excepto alguma imprensa especializada que se limitou a divulgar o evento, pouco mais se ouviu dizer por fora, sobre uma Ministra que apoia os Aficionados. Mas se os aficionados pouco entendem fazer com isto, menos parecem entender os intervenientes directos da Festa sobre a importância deste apoio, pois a maioria ainda acha que não se passa nada, que isto do fim das toiradas é conto do vigário. E fica-se sempre à espera que apareça alguém revolucionário, com umas ideias que até nem são muito complicadas para servir de Salvador da Pátria…

    Ponto 2. O Salvador…
    Outro dos distinguidos no jantar foi Moita Flores. Este é tido como o ‘revolucionário’ do ano, quando aí há uns meses tomou a ousadia de escrever um texto e anexar-lhe uma petição onde pretende conseguir até Julho de 2011, 100.000 assinaturas a Favor da Festa dos Toiros. Além disso, organizou o que nunca outro empresário pensou ou teve coragem de concretizar. Em dois dias, 4 corridas, todas a 1 euro, realizadas na praça com maior lotação do país, Santarém, sempre com casa cheia e onde se ultrapassaram as 50.000 assinaturas.
    Desenganem-se os que pensam que é em vão esta luta pela petição e Moita Flores, uma vez mais, parecendo o único aficionado verdadeiramente desperto para o perigo que corre a Tauromaquia, voltou no jantar do Sector 1 a apelar para a necessidade de continuarmos a divulgar e a assinar a petição. Os anti-taurinos, escondidos atrás de grupos políticos menores, organizaram uma petição que em pouco tempo chegará ao Parlamento e onde pedem o fim das corridas de toiros. Se a nossa petição estiver completa, será uma mais-valia na hora de combater este ataque.
    É preciso que os aficionados tomem consciência disto, mas principalmente os toureiros, forcados, ganadeiros, empresários, todos os que da Festa vivem…porque são eles os que têm maior poder para nos defender, são eles os que mais podem perder porque subsistem dos toiros, mas ainda assim, continuam a ser eles os que não querem ver!
    Eu tenho paixão por este mundo dos toiros e como tal incomoda-me que por ele pouco se faça. A luta tem que ser diária e constante. Passa pela formação e educação de novos aficionados, mas também pela qualidade na formação dos que já se dizem aficionados. Passa por não termos medo de dizer “sim, sou aficionado!”, por fazermos sentir que a Festa Brava faz parte da História e do dia-a-dia de muita gente. E eu pretendo ser uma ‘salvadora’ da minha paixão, ao invés de cruzar os braços e esperar que, de vez a vez, apareça um ‘Moita Flores’ que faça o trabalho por mim e por todos os outros.
    Moita Flores deu o exemplo, deu o mote, alertou consciências…mas ‘salvar’ toca a todos!

    Ponto 3. A União
    Para além das homenagens por parte do Sector 1, associaram-se a este jantar para homenagear a Ministra da Cultura, a Real Tertúlia Tauromáquica D. Miguel e a Associação Nacional dos Grupos de Forcados, representados nas pessoas dos seus presidentes, respectivamente Andrade Guerra e José Potier.
    Este é o sinal que todos devemos imitar. Associações e/ou grupos diferentes, unidos por um bem comum, a Tauromaquia. Podem vir contrariar-me à vontade, mas neste meio, como em tantos outros da sociedade civil, pensa-se sempre no umbigo próprio. E quem paga? A Festa.
    Por isso louvo a ousadia e ao mesmo tempo humildade, de José Potier e de Andrade Guerra (com o seu belíssimo discurso, homem de palavras certas) por terem entrado no ‘ninho do inimigo’ para enaltecer e se unirem pela mesma paixão, os toiros.
    Assim estas e todas as outras associações e/ou grupos taurinos, se inspirem e trabalhem em conjunto com os seus associados, em iniciativas de defesa e promoção da Festa.

    Ponto 4. O Sector 1
    Deixei como ponto final os protagonistas deste evento, o Grupo Tauromáquico do Sector 1. É certo que passou por uma fase mais inactiva, que precisa rejuvenescer e adaptar-se aos tempos e lutas de hoje, mas o ar selecto que mantém, ainda que o mundo dos toiros seja destinado a todos, a esperança que ainda se vislumbra no olhar de cada associado, a emoção quando a dedicação ao grupo é reconhecida, a tradição que carrega e que parece impenetrável, fez-me pensar do quanto a Festa precisa deles, da sua seriedade e intelectualidade.
    Houvesse mais selecção e exigência noutros sectores da Tauromaquia, desde imprensa, público e inclusive na arena com o desempenho dos artistas…e teríamos uma Festa com mais qualidade.


    Posto isto, pergunto: Vamos continuar a olhar indiferentes à fragilidade da nossa Festa? Vamos continuar a não aproveitar a sorte de termos uma Ministra que nos apoia? A não darmos importância a uma petição em nome da Defesa da Festa Brava? A vivermos em desunião? A sermos pouco selectivos e exigentes? Vamos realmente continuar a ser ignorantes?