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    Reportagem CAMPO PEQUENO

    Campo Pequeno, 2 Setembro de 2010


    Fotografias Por: Pedro Batalha



    Crónica
    Por: Patrícia Sardinha
    Mais uma ninhada de ‘gatos’

    Em ano de crise e com o feliz aumento do número de espectáculos tauromáquicos em Portugal (apesar das muitas adversidades), os ganadeiros têm que acompanhar o ritmo, subsistir à concorrência das rebajas espanholas e despachar as reses que têm em casa, até porque a ração está cara e quanto menos tempo os tiverem a criar no campo, mais rendem. Assim, há ganadarias em que poucos toiros chegarão aos quatro/cinco anos, pois aos três, os novilhos estão como as ‘Abetardas em Janeiro’ e são expeditos para as praças de toiros, com um porte e peso digno de um quatreño ou rês de maior idade.

    A apresentação de um toiro é meio caminho andado para o sucesso de uma corrida e como tal, independentemente da idade, é sempre aprazível verificar o cuidado ganadeiro nesse sentido. Aquilo que dificilmente se poderá cuidar será o conteúdo dessa produção, ainda que através de uma selecção genética baseada no ‘pedigree’, na ‘árvore genealógica’ de um animal, se possa tentar manipular o desempenho dos toiros em praça. É por isso que existem os encastes, cujas características zootécnicas e de comportamento agrupam reses com a mesma origem genética.

    Na passada quinta-feira no Campo Pequeno, a penúltima corrida de abono daquela praça, contou com um curro bem apresentado de Mª Guiomar Cortes Moura, cujo desempenho foi o do típico murube, saíam com corda, passeavam bem de ‘atrelado’ e depois com as pilhas no fim, deixavam-se às mãos de quem os toureasse, ou lhes passasse a mão pelo pêlo, como gatinhos. E como se fosse pouco, todos ferrados com o 7 na espádua, logo novilhos. Está certo, não haveriam toiros com quatro anos no campo prontos para se apresentarem no Campo Pequeno, também não há ‘lei’ que proíba a lide de reses com 3 anos em praças de primeira categoria, mas começa a ser enjoativo, que em corridas onde se dizem estar ‘os números 1’ do toureio, estes (quer dizer, alguns vão de arrasto) imponham sempre ganadarias e só lidem novilhos. Afinal se são assim tão bons, porque não porem-se à frente de qualquer toiro independentemente da ganadaria e do encaste?

    Francisco Palha veio a Lisboa confirmar alternativa e como tal abriu a noite frente a um novilho com 568 kg. O cavaleiro, que se encontrava fisicamente condicionado com o pé direito partido, cumpriu com a ferragem comprida, para depois nos curtos andar mais irregular entre ferros no sítio e outros falhados ou mais desajustados. No final crava ainda um par de bandarilhas e um ferro de palmo sem as rédeas nas mãos. Na sua segunda actuação, frente a outro novilho com 560 kg, voltou a oscilar entre o clássico e o rejoneio, sem no entanto acabar por cumprir correctamente em nenhum dos estilos. Sofreu um forte toque ao cravar o segundo curto, partindo o estribo, mas manteve a postura e continuou a lide chegando facilmente às bancadas, ainda que muitas vezes a abrir demasiado as sortes para deixar os ferros. E como agora é multifacetado, fechou de novo actuação com um par de bandarilhas, sem sucesso, tendo ficado com uma bandarilha na mão que deixa depois em sorte violino e ainda um ferro palmito.

    António Telles teve em sorte um novilho com 596 kg, que transmitiu pouco e que o cavaleiro da Torrinha tentou sempre ligar à montada, numa actuação ao seu estilo. O segundo curto poderia ter sido brilhante, com o cavaleiro a partir recto mas no momento da reunião a rês falhou a mão, também derivado à escassez de forças. António arrimou-se e o terceiro foi deixá-lo na cara do novilho, cravou mais dois ferros de palmo numa actuação em que o toureiro teve que se ajustar às condições da rês, estando por cima, sem números e enganos. Qualidades que o cavaleiro voltou a evidenciar na sua segunda actuação frente a outro novilho com 560 kg, que também não facilitou, mas que António soube entender escolhendo bem os terrenos, com boa brega e sortes frontais deixar a ferragem toda no sítio. Destaque para os três últimos ferros curtos. No final, mais que justo o reconhecimento do público que lhe exigiu duas voltas à arena, mais não seja por se manter fiel ao seu estilo, ao “nosso” estilo de toureio à portuguesa e pela regularidade das suas actuações.

    De Diego Ventura não trago novidades. Primeiro frente a um novilho com 576 kg lá foi destilando o seu toureio entre ladeios e recortes, ainda assim pouco sentidos, porque não lhe era totalmente dedicado o ‘gato’. Mas foi com o “Distinto”, o cavalo dos quiebros e recuos, que Ventura levantou bancadas, com dois ferros em tábuas. Dou-lhe valor, mas gostava agora que em vez de uma ‘tourinha’ o fizesse com um toiro. A sua segunda actuação não fugiu muito à primeira, talvez só no número. As reuniões foram mais desajustadas, mas estava lá “Morante” o cavalo e portanto o que é que importava como os ferros eram colocados? Aliás, foi por perder demasiado tempo a insistir que o cavalo mordesse o toiro, que nem deve ter dado pelo tempo passar, e quando quis cravar mais um ferro, o director, ainda que não tivesse soado o terceiro aviso, não consentiu e muito bem. Tivesse toureado quando havia tempo para o fazer.

    Nas pegas o grupo de Vila Franca de Xira e o de Coruche sem dificuldades de maior. Pelos de Vila Franca pegou Pedro Castelo à segunda, depois de na primeira se ter fechado mal, com um piton no meio das pernas e ter saído da cara do novilho; Ricardo Patusco muito bem à primeira; e Márcio Francisco também à primeira apesar de ter saído da cara do toiro, teve braços e manteve-se lá, com o grupo a corrigir e a dá-la por consumada. Fica a dúvida se seria pega para duas voltas à arena. Pelo grupo de Coruche pegou Miguel Raposo, Pedro Galamba e Nuno Feijoca todos à primeira.

    Dirigiu correctamente a corrida o sr. César Marinho assessorado pelo veterinário Salter Cid, com a Banda do Samouco a conceder a ‘banda sonora’ perfeita, tal como o tem feito toda a temporada nesta praça.

    No final e para gáudio da assistência que esgotou por completo o Campo Pequeno, saída em ombros do rejoneador luso-espanhol, a segunda de Ventura nesta praça e este ano. É um facto, o público gosta, diz que há emoção, a festa funciona e empresarialmente rende, mas e o toiro? O toiro hoje em dia, é o que menos faz falta ao espectáculo para dar emoção, infelizmente.


    Vídeo
    Por: Pedro Rodelo (Cortesia Banda do Samouco)








    Porque nunca é demais saber:


    Artigo 25º
    Reses para corridas

    As reses a lidar em corridas de touros devem ser do sexo masculino e obedecer às seguintes características:
    a) Em praças de 1ª categoria, devem ter pelo menos 3 anos de idade e 440 kg de peso;

    Artigo 44º
    Da lide e das pegas

    1 - A lide a cavalo de cada rês não deve exceder dez minutos, findo os quais será dado o primeiro aviso; dois minutos depois deste será dado o segundo aviso e um minuto depois o terceiro, ao que de imediato se seguirá a pega.