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    Reportagem Campo Pequeno "Festival de Promoção aos Novos Valores"

    Campo Pequeno - 12 de Agosto, 2010

    Fotos de:
    Pedro Batalha



    Crónica por:
    Patrícia Sardinha

    Para ‘chinês’ ver…

    Enceto a minha crónica de hoje com uma congratulação à empresa do Campo Pequeno pela coragem e iniciativa, uma temporada mais, em montar um cartel de oportunidades aos jovens cavaleiros, novilheiros e a um grupo de forcados dos menos rodados e de recente formação, assim como felicito pela vitória numa ‘guerra’ com as desajustadas ‘leis’ do regulamento taurino. Guerra que na verdade nunca existiu nos contornos que aqueles que vivem de tricas e insídias gostam sempre de fazer crer que ‘aconteceu’…como se alguém ainda acreditasse neles.

    Mas voltando ao que interessa, houve ontem no Festival Taurino (autorizado a ser de ‘luces’) pormenores que no entanto não podem passar alheios. Dizia-se de “novos valores”, mas a todos os novilheiros presentes ontem, já se lhes conhecia o ‘valor’ (ou falta dele) há tempo suficiente para se apresentarem numa “novilhada de novos valores”. Perdoem-me a expressão, mas estão praticamente encalhados numa carreira que não rompe. Claro que alguns deles chegarão a matadores, mas aí…ficarão encalhados de vez, como todos os outros que por cá temos. É preciso apostar nestes jovens como merecem, com novilhadas a sério. Se há corridas a cavalo, se há (tanto) rejoneio, se há corridas mistas, porque não há só novilhadas? Com certeza que é para manter o festival de novos valores, mas esse seria para miúdos que estão agora a começar…estes jovens que vimos ontem, merecem ser apresentados com mais seriedade, um outro nível. E enquanto evitarmos o toureio a pé nas nossas praças, desprezando corridas só com matadores, sem novilhadas a sério, desculpando-nos entre ‘corridas mistas’, ‘novilhadas de promoção aos novos’…enquanto assim andarmos, é óbvio que o toureio a pé em Portugal não rende e não rende porque o toureio a pé assim não cria ambição em ninguém.

    É verdade e de louvar, houve seriedade no curro escolhido. Murteiras Graves! Quantos dos já profissionais, tanto a cavalo como a pé, se encaram com reses desta ganadaria? Os novilhos foram de incontestável apresentação, principalmente os para lide a cavalo, com mais cara, peso e trapio que muitos toiros de cinco e seis anos que muitas vezes se anunciam em certas praças (incluindo no próprio Campo Pequeno). Em termos de prestação tiveram desigual comportamento, destacando-se em superioridade o quinto, bravo. Mas mesmo aqueles que não se prestaram tanto, não foi porque não o quisessem, mas porque não o podiam. Pelo menos dois novilhos saíram condicionados, inferiorizados de uma das mãos. Se vieram assim do campo? É que não acredito mesmo. Mas, ou nos curros ou até na saída para a arena, com os insistentes capotes dos bandarilheiros a pedirem saídas mais agressivas e investidas violentas nos burladeros, todos estes descuidos podem ter sido a causa para a condição de alguns novilhos. Pena que o director de corrida não se tenha antecipado a corrigir estas situações mandando vir sobreros…ou estariam os sobreros também já condicionados?!

    No que toca aos artistas é bonito ver como entram nas cortesias cheios de ilusão, orgulhosos, mas é triste verificar que depois na hora de entregar os papéis…não há arrimo que justifique. Tudo bem que esta semana entrou em vigor uma nova lei que restringe quantidade de sal no pão, mas na arena quando se ambiciona de verdade, todo o sal é pouco para condimentar uma faena. E ontem esqueceram-se do saleiro em casa…

    Tiago Martins abriu a noite. Foi a primeira vez que o vi ao vivo e senti que viveu verdadeiramente aquela oportunidade. Mais não seja pelas suas atitudes, gestos de gente humilde, que sabe estar em praça como no pedir licença ao ‘inteligente’ para dar volta…pormenores que aos outros, os que se acham figuras, escapam mas que fazem toda a diferença. Esperou o seu novilho, com 578 kg, à porta gaiola e levou-o em boa brega. A rês adiantava-se muito e o cavaleiro acabou por sofrer um forte toque na montada. Foi esta mesma condição do toiro, que fez com que o cavaleiro por vezes abrisse cedo as sortes, mas conseguiu cumprir com a ferragem, rematando actuação com um violino e um palmito. Tem ainda trabalho pela frente Tiago Martins, mas assim haja oportunidades e que tenha tanta ambição como humildade.

    Mateus Prieto tem mais genica, mas por vezes peca pela falta de alguma paciência. O seu novilho, com 585 kg, nobre, foi um dos que se inferiorizou numa mão e portanto acabou por ser mais paradote. O jovem cavaleiro cumpriu com a ferragem comprida, nos curtos nem sempre com as reuniões ajustadas lá foi deixando os ferros, exibindo alguns dotes das montadas. Ainda tenta um violino mas falha e recompõe com um ferro pescado.

    Nas pegas o Grupo de Forcados Amadores de Alenquer, representados pelo André Mata que pegou à primeira tentativa, aguentando o novilho que lhe levantou a cara; e Ricardo Silva à terceira muito bem, depois de duas tentativas a reunir mal.

    Na parte a pé, Nuno Casquinha abriu funções, frente a um novilho com 495 kg e cumpriu de capote. Na muleta foi dando um ar de sua graça, tanto por uma mão como pela outra mas não transmitiu muito, ficou-se por ali. Sinal de que lhe faltam outras motivações.

    Daniel Nunes quis tourear e não pôde, o seu novilho, com 480 kg, tinha para dar e também não pôde. A faena foi praticamente toda condicionada pela incapacidade da rês. Ficou-nos o que fez de capote e pouco mais porque mais não conseguiu mas valeu a persistência. Foi pena.

    João Augusto Moura teve pela frente o melhor novilho da noite, com 510 kg e fez o que pôde, que no fundo acabou por não ser muito. Toureou essencialmente (ou sempre) pela direita, levando o novilho para fora, ligando pouco as tandas, uma série aqui, pára para se recompor e mais outra série ali. Teve mando na voz, mostrou-se, sabia o que tinha a fazer mas falta que se entregue mais, ao novilho e não ao público.

    Manuel Dias Gomes era o mais jovem dos quatro nestas jornadas e mostrou alguma evolução fruto da sua estadia em Salamanca. Frente a um novilho com 495 kg, paradote, andou bem de capote e na muleta foi aos poucos ganhando confiança com uma ou outra série de maior suavidade, com ligação, mas faltou…uma pitada de sal.

    Dirigiu a corrida o sr. António José Martins assessorado pelo Dr. José Manuel Lourenço num espectáculo que contou com cerca de ½ casa, na maioria muitos turistas, onde faltou…sal, mas entreteve e serviu para chinês ver!


    Vídeo:
    Cortesia Banda do Samouco