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    Corrida do 15 de Agosto em Reguengos de Monsaraz

    Concurso de Ganadarias Luso-Ibérico

    Troféu Apresentação: Murteira Grave
    Troféu Bravura: Branco Núncio

    Fotos:
    Patrícia Sardinha



    Crónica por:
    Patrícia Sardinha

    Em Reguengos tudo na mesma…


    Há já alguns anos que por motivos feriais, não assistia à corrida do 15 de Agosto em Reguengos de Monsaraz. Curiosamente, foi nessa data e naquela praça, que fiz a minha primeira ‘crónica’, já lá vão nove anos. No passado domingo, voltei ‘às origens’ e recordei antigas tardes de sol quente na bonita praça de Reguengos, de bancadas repletas de gente e onde de vez a vez, aconteciam na arena, casos dignos de uma ‘tourada’. E este ano não foi excepção. Continua tudo na mesma…

    Com a novidade de ser um Concurso de Ganadarias Ibérico (mais uma moda…) e com um cartel bastante atractivo, o público aderiu e preencheu ¾ de casa forte. E logo ao iniciar a corrida uma emenda, o suposto toiro a concurso pertencente à ganadaria espanhola de Conde de la Corte, foi substituído por um de Murteira Grave (extra-concurso) por não ter o peso mínimo exigido.

    António Ribeiro Telles abriu a tarde frente ao sobrero de Grave, com 542 kg, que saiu inicialmente distraído, mas que António foi aos poucos entendendo e estando por cima, toureando no seu estilo clássico e frontal. Cravou bem dois compridos, com um terceiro a resultar mais traseiro. Nos curtos voltou a demonstrar que tourear a cavalo não é só fazer habilidades com o cavalo e espetar ferros, António procurou ligação com o toiro, escolheu bem os terrenos, partiu recto e deixou a ferragem toda no sítio. Faltou romper…talvez nas bancadas! Na sua segunda actuação, frente a outro toiro de Murteira Grave, este em concurso e com 560 kg, bonito, que foi a menos durante a actuação, António voltou a exibir classe. Cumpriu nos compridos e nos curtos com o Rondeño destacou-se pelo terceiro ferro, indo acima do toiro. Terminou com um ferro de palmo, numa lide em que o cavaleiro esteve por cima do toiro.


    João Salgueiro teve em Reguengos duas actuações distintas. Primeiro frente ao toiro de Branco Núncio, com 500 kg, avacado, mas o mais prestável dos toiros a concurso, sempre fixo e a perseguir as montadas. Salgueiro com o Zamorino toureou como sabe e como poucos, certeiro na ferragem e chegando às bancadas com as piruetas com que remata as sortes. No seu segundo toiro, um mansote de Eng. Luís Rocha com 560 kg, Salgueiro andou mais desconfiado e a rês também não facilitou, sempre a defender-se. As reuniões resultaram desajustadas e os ferros de colocação irregular. Lide sem história.

    Tiago Carreiras também balançou entre o 8 e o 80. Frente a um toiro de José Luis Pereda com 503 kg, colaborador mas que depois da ferragem não perseguia, Tiago teve uma actuação discreta, abrindo por vezes demasiado a sorte e resultando a ferragem de pouco impacto. Brilhou no seu segundo toiro, um La Dehesilla com 590 kg, em que apesar de irregular nos compridos, nos curtos com o Mãozinhas, andou correctíssimo, partindo de frente ao toiro, indo à cara do oponente e deixando com mais acerto a ferragem curta.

    Nas pegas dois grupos em acção, os de Montemor e os do Real de Moura. E saiu-nos tudo ao contrário, ou talvez não… O grupo de Montemor de quem se esperava continuação de pegas extraordinárias, tal o patamar em que têm sido postos pelo seu desempenho noutras corridas, não teve uma tarde fácil, mas certo é que pegar à primeira nem sempre é sinónimo de pegar bem. Pegou o primeiro toiro o cabo José Maria Cortes que só consumou à terceira tentativa com ajudas carregadas depois de dois intentos a não se fechar bem; João Cabral à segunda tentativa a aguentar muito bem, com o grupo a ser todo afastado pelo toiro; no terceiro toiro que lhes tocara, decidiram aventurar-se numa cernelha, porque lhes pareceria mais fácil e deram-se mal. Com o toiro a não encabrestar, a ganhar sentido, João Santos e João Pedro Tavares sentiram enormes dificuldades em consumar esta pega, que a meu ver deveria ser de recurso. Soaram 2 avisos e creio não estar errada (até porque já assisti a mais ‘cenas’ destas) que se deveria recolher o toiro aos curros, mas as portas nem abriram e consentiu o sr. Director de Corrida (ex-forcado de Montemor, a coincidência) que a tentassem de caras, com cabrestos e tudo à mistura. E João Romão Tavares foi lá três vezes…e só à terceira com ajudas carregadíssimas, sem qualquer brilho na execução da pega, conseguiram pegar o toiro. Isto tudo claro, debaixo de uma assobiadela do público de Reguengos que não se toma por parvo.


    Já o Grupo Real de Moura, consumou todas as pegas ao primeiro intento, ainda que nem sempre de execução perfeita. Primeiro João Cabrita que se fez à cara do toiro com alguma precipitação mas ficou; David Veríssimo que não se fechou bem e quase que o toiro o levantou no ar, mas por sorte ‘caíu’ na cara do toiro e ficou; e Valter Rico muito bem à primeira com decisão.

    Interessa ainda contar outra ‘tourada’ além da sucedida com o Grupo de Montemor. Cumprida a missão na sua segunda lide, Tiago Carreiras saiu do ruedo apesar dos apelos do público para que colocasse mais um ferro...mais um e montado no Quirino. Mas o cavaleiro não ‘prometeu’ nada, tinha dado papéis, não se justificava prolongar actuação, acontece é que o público pensa que Carreiras tem a obrigação de sacar sempre o seu cavalo estrela…e começou a protestar, principalmente quando se apercebeu que o director de corrida dera ordem para a pega pelo grupo de Moura, que inocentes nisto tudo, não sabiam se haviam de pegar ou não, tal os apupos do público. Muitos minutos depois, Carreiras que do pátio de cavalos se apercebeu disto tudo e não querendo ficar mal visto, ainda ponderou sair com o Quirino, mas o director de corrida, e com razão, não autorizou. No final quando se preparava para dar volta, o público (que se enganou porque quis, o cavaleiro já tinha dado por finalizada a lide) presenteou-o com assobios e o jovem cavaleiro não deu volta.

    No final decidiu o júri (os próprios ganadeiros - não será tendencioso?!) atribuir os troféus em disputa a Branco Núncio o de bravura e o de apresentação a Murteira Grave.

    Dirigiu a corrida o sr. Agostinho Borges que esteve bem no caso Carreiras-Quirino mas menos bem no caso dos Forcados de Montemor (afinal se existe um regulamento porque não se cumpre?!) assessorado pelo Dr. João Infante. Depois de muitos anos sem ir ao 15 de Agosto a Reguengos, foi bom regressar e ver que continua tudo na mesma, como me recordo na minha infância. Tardes de sol, toiros e…touradas!