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    Reportagem da Corrida em Reguengos de Monsaraz

    Reguengos de Monsaraz, 13 de Junho, 2010

    Fotografia
    Por: Patrícia Sardinha



    Crónica
    Faltou um bocadinho assim...
    Por: Patrícia Sardinha

    Numa corrida de toiros o elemento primordial é o toiro bravo e deveria ser também ele o alvo de principal cuidado na montagem da corrida, nem que seja em termos de apresentação, já que do resto e como bem se diz, são como os melões, só depois de abertos saberemos. Mas na maioria das vezes, não é isso que se vê nas nossas praças, onde a apresentação dos toiros é descurada. Isso para não falar da imposição que certos toureiros fazem dos curros que querem lidar e que em nada contribuem nem visualmente, nem artisticamente para um bom espectáculo. Pergunto-me, até que ponto compensará à Festa, assistir a corridas onde toiros sem qualidade quase poderiam ser substituídos por animais mecânicos tal a falta de raça e investida que muitas ganadarias apresentam e das quais os toureiros se aproveitam para fazer o seu número sem complicações.

    Não foi o que se sucedeu em Reguengos. O cartel era bastante atractivo, com dois cavaleiros portugueses e um rejoneador, dois grupos de forcados alentejanos e um curro de toiros de uma das ganadarias mais conceituadas e onde ainda resiste a dureza, a raça e bravura do que se pretende de um toiro de lide. Os toiros de Murteira Grave, quatreños, tiveram desigual desempenho, mas todos se permitiram a ser lidáveis, destacando-se o primeiro, terceiro e o nobre sexto. Em termos de apresentação o curro cumpriu.

    João Salgueiro abriu a tarde frente ao primeiro toiro de Murteira Grave, com 530 kg, que não sendo bravo e não tendo demonstrado andamento para a lide a cavalo, denotou ter bons modos, humilhando de cabeça baixa no capote dos peões de brega. Cumpriu com a ferragem Salgueiro que aproveitou a pouca perseguição da rês para rematar os ferros com piruetas na cara do toiro, tendo inclusive subestimado o oponente e sofrendo toque na montada. Destaque de boa nota para o quarto curto mas faltou mais para o triunfo. No segundo do seu lote, um toiro com 592 kg, de córnea fechada, enquerenciado, Salgueiro voltou a não romper. Deixou a ferragem quase toda em terrenos de tábuas e por aí se ficou sem grandes exibições.

    O rejoneador Leonardo Hernandez teve uma tarde irregular. Se por um lado lhe dou mérito por ser dos poucos rejoneadores espanhóis que vem a Portugal e não impõe toiros murube e por não ter fugido a setes pés aos sempre temidos e duros murteira grave, por outro lado desiludiu com as suas prestações. Frente ao seu primeiro toiro com 520 kg, efectuou uma lide desconcertante, estando irregular na ferragem, consentido toques e passagens em falso, não se arrimando. No seu segundo toiro, com 555 kg, andou mais confiado, arriscou mais e deu ares do seu toureio de rejoneio com os ladeios e os recortes que não convenceram. Depois de um toque forte que quase o fez cair, falha um ferro e para calar o protesto do público deixa três palmitos de violino e aviou-se para Espanha.

    A João Telles Jr. tocou o melhor lote. No seu primeiro, um toiro com 515 kg andou frontal, com rectidão e deixou a ferragem toda no sítio. No segundo, o melhor toiro da tarde, com 572 kg, andou mais aliviado, abrindo cedo as sortes mas deixando a ferragem no sítio. Sobressaiu uma vez, pela vantagem que deu ao toiro, quando citando praça a praça o deixou partir para lhe cravar o quarto curto. Fechou função com um ferro violino que fez vibrar as bancadas.

    Para as pegas os Forcados Amadores de Évora e Monsaraz que não tiveram tarde fácil. Pelos eborenses foram à cara dos toiros Gonçalo Caldeira Pires que concretizou à primeira tentativa; José Miguel Martins à segunda com boa ajuda do grupo; e Gonçalo Mira à segunda com destaque para o primeiro ajuda. Pelo grupo de Monsaraz pegaram Luís Rodrigues à segunda tentativa depois de num primeiro intento não ter reunido bem; Ricardo Cardoso à quarta tentativa com as ajudas carregadas depois de nas tentativas anteriores ter demonstrado alguma precipitação, mas também porque a córnea do toiro era fechada; e David Rodrigues à primeira sem problemas.

    Quando um cartel promete, o público comparece com grande expectativa e em Reguengos registaram-se ¾ de casa, numa tarde em que Lourenço Luzio dirigiu assessorado pelo Dr. João Infante. O cartel prometia, havia toiros, expectativas, mas faltou um bocadinho assim…