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    Dêem-se ao respeito!

    Artigo de opinião
    Por: Patrícia Sardinha

    Sou aficionada aos toiros independentemente do toureio ser praticado por cavaleiros, por toureiros a pé, forcados ou curiosos, a mim o que me importa, é a concepção da arte, a expressão de um animal que perante o medo investe e a coragem de homens que perante o medo engrandecem. Se a muitos aficionados cabem na cabeça muitos toureiros, a mim, para além disso, cabem-me também todas as vertentes, todos os conceitos do toureio desde que expressos com qualidade e verdade. Confesso que poderei sentir mais inclinação por determinada arte do toureio e até por determinado toureiro, mas há algo que não esqueço, sou portuguesa e aquilo que mais caracteriza a nossa Festa Brava é a Corrida à Portuguesa.

    Apesar de haver por aí gente sábia que apregoa que não existe Pátria para o Toureio a Cavalo, eu, que sou ‘teimosa que nem uma mula’, continuo a preferir acreditar que o verdadeiro conceito do toureio a cavalo tem sede em Portugal. Assim como a Espanha faz, essencialmente do toureio a pé, a sua Fiesta Nacional, nós portugueses somos admiradores confessos à dita corrida à portuguesa com os cavaleiros e os forcados.

    Quando um quer ser cavaleiro tauromáquico (leia-se cavaleiro e não rejoneador!) o principal objectivo, penso eu, é chegar ao dia da alternativa e tornar-se cavaleiro profissional. Também acredito que faz parte dessa ambição, que esse doutoramento aconteça na principal praça de toiros do nosso país, o Campo Pequeno. De igual modo em Espanha, os novilheiros ambicionam chegar a matadores de toiros e de preferência que esse dia se passe em Madrid, mas como geralmente uma alternativa em Madrid é mais remota que uma alternativa no Campo Pequeno, faz parte do percurso de um matador ir posteriormente, e quando justificado, confirmar a alternativa à tão desejada Las Ventas.

    Em Portugal muitas alternativas de cavaleiros também acontecem por outras praças e é também efectivo ver depois confirmar essas alternativas no Campo Pequeno. Posso assim concluir que o toureio a pé confirma-se em Espanha e o toureio a cavalo em Portugal, o que não impede que os cavaleiros portugueses se apresentem nas principais praças de Espanha. O que me espanta é que havendo em Portugal a Catedral do Toureio a Cavalo e ainda considerando o nosso país como a Pátria do Toureio Equestre, haja cavaleiros lusos a irem a Espanha tirar ou confirmar alternativas. Grave mesmo, é que esses cavaleiros já têm alternativa…portuguesa! Isso leva-me a pensar se para os espanhóis só é válida a alternativa de cavaleiro quando tirada ou confirmada em Espanha? Ou as alternativas espanholas equivalem ao título de rejoneador?

    Se é uma questão de marketing por parte da empresa porque acha que envolvendo a palavra ‘alternativa’ pode atrair mais público e justificar a presença desse cavaleiro naquela praça ou se é simplesmente uma formalidade, não sei, o que sei é que me parece uma falta de respeito por quem enverga casaca e tricórnio e pior, por quem é português. Acaso os matadores espanhóis vêem confirmar alternativas ao Campo Pequeno? O seu a seu dono.

    Para além das alternativas e confirmações de cavaleiros portugueses em Espanha, o rejoneio têm vindo a ganhar terreno, mas até à data a Pátria do Toureio a Cavalo ainda é nossa. Até quando? Isso depende dos nossos cavaleiros e do respeito a que eles se derem!


    (PS: a fotografia do cavaleiro serve apenas para ilustrar e não está directamente relacionada com o que se diz no artigo)