Com o aproximar das festas da
Natividade, tomamos consciência que ficou cumprida mais uma temporada, que se
passou mais um ano – e como o tempo passa a correr -, que se fechou mais um
ciclo de aclamados triunfos ou de indesejados fracassos… E com isso, já temos os
olhos postos na próxima época, para a qual falta pouco mais de um mês.
Mal ou bem a nossa Festa lá se
vai mantendo, entre tentativas de ataques dos que a desconhecem, uma
ignorância que para muitos se estende além da Tauromaquia, pois a imbecibilidade que assola muitas das nossas gerações actuais demonstra que alguns nada entendem, só sabem ser do ‘contra’; mas também pela falta de afición de alguns dos que
dela subsistem. Isto, constratando com a vontade de um público que (ainda) acredita e
paga o seu bilhete para encher praças e desfrutar de um espectáculo único que
move emoções e arte.
Não tenho grande voto na matéria para
fazer balanços de temporada, pois assisti a uma quota-parte muito mínima dos
festejos tauromáquicos realizados em 2025 em Portugal, mas muitas vezes não é
preciso ver para crer. Há sempre onde ler para se saber, conversa aqui e
conversa ali com quem seja de dar crédito, e depois a disseminação gerada pelas
redes sociais atualmente permite assistir a pequenos vídeos que, mesmo não sendo
a mesma coisa do viver in loco (e a Tauromaquia é muito isso, a emoção
do momento), dão para ter noção de certos desempenhos. Não é que se toureie
pior nos tempos que correm, mas somos sim, cada vez menos exigentes. Pelo que,
mesmo tendo assistido a pouco, quer-me parecer que foi mais uma temporada como
as que temos vindo a assistir nos últimos anos em termos artísticos, de muita parra e pouca uva.
E por falar em redes sociais, que vieram criar ‘proximidade’ entre as pessoas, mas em contrassenso, vieram desumanizar e muito, são também um verdadeiro berço para as ‘fake-news’, e sim, na Tauromaquia essas também existem. Pois já repararam que na internet todos se ‘vendem’ como triunfadores?! É vê-los após cada corrida (ou aos seus gestores de páginas), fazerem ‘posts’ de triunfos, agradecer aos cavalos e beijinhos aos seguidores, muitos com legendas em castelhano… Longe vai a humildade de outros tempos e o saber estar, dentro e fora das arenas, dos nossos artistas… E a máquina de marketing de alguns, funciona melhor junto do público (que papa tudo o que lê), do que na frente do toiro.
Com isto, não quer dizer que a
temporada 2025 não tenha tido coisas boas. Teve, claro! Boas actuações, bons
toiros, boas pegas, bons espectáculos… E na minha opinião, o festejo misto continuou
a ser o rei, ainda que muitos empresários digam que não (e alguns cavaleiros
não os queiram). É preciso é ter-se cabeça para os saber montar e, fundamental,
nunca descurar os nossos e os que começam. E em 2025 passaram por Portugal quatro
ou cinco figurões do toureio apeado que proporcionaram dos melhores momentos e festejos
da época e com praças cheias ou até esgotadas!
Ainda assim, foi uma temporada
carente de regularidade, de uma figura ‘real’ e forte, que dê um abanão nisto
tudo e aproxime não só o público às praças mas devolva também, a vontade aos
aficionados. Atrever-me-ia até a rematar dizendo que nos últimos anos, temos tido
uma temporada com (e confesso, li esta expressão recentemente nas redes sociais
e adorei) “as laranjas que caem no chão”, aquelas que costumam estar demasiado
maduras, picadas por pássaros ou sujas, e que por norma são destinadas a
consumo imediato, vendendo-se baratas. Trocando por miúdos, uma temporada com lides
sem esforço, fotocópias umas das outras e de pouca qualidade.
Mas pondo de parte o meu lado
mais ‘pessimista’ (prefiro chamar-lhe exigente, mas como isso não cabe na
cabeça de muita gente…), pensemos agora no ano e na Temporada que está para vir
e que certamente, assim a Senhora das Candeias o permita e a meteorologia
também, abrirá o novo ano taurino com a qualidade a que já nos tem habituado. Pois que é com essa motivação que se renova a cada passagem do defeso que já nos
encontramos, acrescida do facto de, em 2026, o nosso NATURALES – Tauromaquia,
cumprir o 25º ano da sua existência.
Vinte e cinco anos já são muitos
toiros lidados, alguns mais nobres e bravos que outros, por vezes já nos faltando
o valor para nos pormos diante do toiro a cada tarde, mas, ainda assim, aqui
nos temos aguentado. Vinte e cinco anos de muitas ‘figuras’ a que demos espaço,
uns cimentaram-se, outros cedo cortaram a coleta… Vinte e cinco anos partilhados
comigo, já que no mesmo ano em que o Naturales nasceu, vingou também esta minha
veia de ‘cronista’ que ainda hoje perdura em fase de aprendizagem, em contraste com os “cronistas” dos tempos actuais que já nascem sabendo tudo. Vinte e cinco anos
de resiliência para os quais, além da minha paciência, também foram essenciais duas
pessoas, o Pedro Batalha e o Vítor Besugo. E é com eles, e por eles, que o
Naturales também se tem aguentado…
Pois então que venha de lá a Temporada
Taurina de 2026, e os nossos 25 anos nos quais pretendemos continuar a não ser
os melhores, os mais lidos, mas dos que mais se esforçam por manter uma linha
editorial pela Verdade, com Frontalidade nesta Tauromaquia que tanto gostamos. E,
se possível, que passemos a apanhar as laranjas directamente das laranjeiras…
Ah, e claro, um Feliz e Santo
NATAL para todos os que também, ao longo de 25 anos, nos têm aguentado!
Patrícia Sardinha
