"Daniel do Nascimento" de pé rendida a Tomás Bastos: Triunfo maior de um toureiro em ascensão

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A dimensão toureira de Tomás Bastos, com uma maturidade incrível para um miúdo de 18 anos, a forma como lê os toiros, a sua serenidade em momentos de «maior aperto», a sua capacidade lidadora e de improviso, mereceu as maiores ovações da noite, com o público a aplaudir de pé na melhor casa provavelmente dos últimos anos na primeira nocturna da feira da Moita. O toureio, a sua expressividade, é algo inato, e está patente em todos os gestos do novilheiro vilafranquense. Muito bem de capote em ambos os novilhos-toiros que lidou e nos quites aos do seu alternante, seria, contudo, na muleta que mais se evidenciou a evolução e maturidade de Tomás Bastos. A quietude, o poderio, o mando, a forma de correr a mão alargando os muletazos, os improvisos quando os novilhos-toiros assim o exigiram, fizeram soar olés e ovações, terminado em ambiente apoteótico ambas as faenas, com o público de pé como há muito se não via. Foram momentos que tão cedo não se apagarão da memória de quantos os vivemos. E a saída em ombros foi o corolário lógico deste triunfo.

Marco Pérez esteve bem de capote em ambas as reses que teve por diante mas na muleta andou algo à defesa no seu primeiro onde só a espaços se viu a sua boa concepção de toureio em meia dúzia de passes em que se centrou e levou as investidas embebidas na pança da muleta, tendo de porfiar e deixá-la na cara de ambos os oponentes que cedo se racharam e procuraram a defesa de tábuas. O público premiou o toureiro com ovações e volta no final de cada lide.

A corrida começou com a lide a cargo do cavaleiro António Telles que teve de porfiar para sacar partido do toiro que lhe tocou por sorteio. Deixou 3 compridos e esteve bem a bregar deixando um bom 3º curto, o melhor da sua lide onde não teve matéria-prima para brilhar.

Em segundo lugar actuou António Telles filho que iniciou com um bom comprido em sorte de gaiola e mais dois à tira. Com os curtos esteve em bom plano deixando 4 bandarilhas e mais um de palmo aplaudidos pelo público.

Para as pegas esteve em praça o Grupo de Forcados Amadores da Moita por intermédio de João César, bem à 1ª e João Pombinho numa boa cara ao segundo intento.

Lidaram-se toiros de Jorge Carvalho, mansote e reservado o primeiro e com boas condições de lide o segundo; de Talavante, de escassa presença, mansotes; e de Calejo Pires, com pouca cara, melhor o lidado em último ligar mas que também não durou muito tempo.

Dirigiu o espectáculo Tiago Tavares assessorado pelo veterinário Jorge Moreira da Silva e com os toques de cornetim a cargo de José Henriques.



Texto e fotografia: António Lúcio



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