Noite histórica a que vivemos no passado sábado 19 de Julho na lindíssima praça de toiros do Sítio da Nazaré. Aquele ambiente único das grandes noites, praça esgotada desde manhã cedo, o povo que preenchia todos os centímetros em redor da praça e que aguardava com máxima expectativa o que se iria passar após as 22h15. E viveram-se momentos inesquecíveis e que soltaram emoções e olés a rodos. Uma noite que ficará para a história da praça e no baú das grandes recordações de Rui Bento Vasques, o homem por detrás destes grandes momentos.
Morante tem um cariz especial todos o sabemos. E Morante é único, como artista, como personalidade, como pessoa capaz de mobilizar os aficionados que de vive um momento doce da sua já larga carreira como matador de toiros. E a Nazaré foi palco de mais uma noite de transcendência do matador de Puebla del Rio. A sua tauromaquia, capaz de ralentizar as investidas dos toiros, de os submeter desde que abre o capote e depois nas faenas de muleta, é algo que enfeitiça quem assiste. A colocação da muleta, o desenho do passe, o girar sobre os calcanhares, correr a mão, rodar a cintura, prolongar/alongar os passes… Enfim, arte no seu mais puro estado como o foram séries de derechazos e de naturais que fizeram o público levantar-se das bancadas e aplaudir freneticamente. E a sua decisão de em conjunto com a empresa oferecer e tourear o sobrero foi algo de muito importante não apenas pelo resultado artístico mas acima de tudo pelo gesto. Morante foi, uma vez mais, Morarte.
Entrou pela porta da substituição e saiu pela do triunfo. Falo de Manuel Dias Gomes que substituiu o ainda convalescente Marco Pérez. E Dias Gomes agigantou-se nas duas lides, mostrando a classe do seu refinado toureio sevilhano quer de capote quer com a muleta. Uma forma muito vertical de tourear, a compasso, levando os toiros bem embebidos na muleta e no capote. Um recital de arte e de bem tourear mostrando uma enorme qualidade e valor rivalizando com a figura do momento e que antes havia deleitado os aficionados. Manuel não se ficou atrás e uma vez mais deu conta do seu enorme potencial e classe toureira. Olé Manuel Dias Gomes.
Abriu praça António Ribeiro Telles e tivemos mais uma lição de cátedra. O senhorio, a forma de lidar e de entender terrenos e distâncias. Vimos um António empolgado e empolgante, a sacar o máximo das boas investidas da toiro e a conseguir uma lide brilhante que o público soube premir e aplaudir.
António Telles filho não se intimidou com o triunfo anterior do pai e foi em busca do seu. E em boa hora, já que a sua lide é toda ela de raça e de entrega, de muita qualidade e conquista do público que também se lhe rendeu.
Os Forcados Amadores de Vila Franca cotaram-se com uma grande exibição, com duas pegas de enorme valora por intermédio de Lucas Gonçalves e Rodrigo Andrade, ambos ao primeiro intento e com o grupo a ajudar com muita coesão.
Seria injusto não falar do triunfo ganadeiro. Os toiros com ferro e divisa de David Ribeiro Telles foram os colaboradores ideais para o êxito do espectáculo. Bem apresentados e com boas condições de lide, com chamada à arena do maioral após a lide do 4º da noite.
No tércio de bandarilhas ao 4º da noite saudaram montera em mão os bandarilheiros Joaquim Oliveira e João Martins.
Na direcção da corrida esteve Ana Pimenta, assessorada pelo veterinário José Luís Cruz.
Texto: António Lúcio