Comemoram-se hoje, os 100 anos do nascimento de um toureiro que privilegiou de enorme prestígio mundial, figurando entre os primeiros nomes do seu tempo, que foi também ganadero, empresário e até actor de cinema, e que tivemos a honra de que fosse português, o Maestro Manuel dos Santos.
Manuel dos Santos nasceu em Lisboa a 11 de Fevereiro de 1925, e embora alimentasse o sonho de se tornar matador de toiros, começou por tomar a alternativa de bandarilheiro, que lhe concedeu Alfredo dos Santos, na Monumental do Campo Pequeno, a 26 de julho de 1944. Para não deixar os estudos na Escola Comercial de Tomar, só em 1946 se deixaria levar pela paixão. Nesse ano partiu para Sevilha preparando-se intensamente chegar à alternativa de matador.
No dia 14 de dezembro de 1947 estava no México para tomar a alternativa de matador de toiros na El Toreo, Cidade do México, tendo como padrinho Fermín Espinosa "Armillita" e Carlos Arruza como testemunha. Porém, o toiro de Pastejé que lhe foi cedido, Vanidoso de nome, pregou-lhe uma violenta cornada, atingindo-lhe o fémur. A experiência foi azeda o suficiente para Manuel dos Santos decidir renunciar à alternativa.
Voltaria a submeter-se à alternativa a 15 de agosto do ano seguinte, na Real Maestranza de Sevilha. Teve como padrinho Manuel Jiménez Moreno "Chicuelo" e como testemunha Manuel Álvarez Pruaño "El Andaluz", lidando o touro Verdón, da ganadaria Marquês de Villamarta.
Em 1950, há 75 anos, disputava-se a 29 de Janeiro na Monumental Plaza México o importante troféu "Rosa Guadalupana". Lidavam-se toiros de Pastejé e estavam em praça os matadores mexicanos Luis Castro "El Soldado" e Silvério Pérez e o português Manuel dos Santos. "Goloso" e "Chato" se chamavam os dois toiros lidados e estoqueados pelo matador lusitano. Uma tarde histórica e única em que um toureiro cortou na maior praça do mundo, quatro orelhas e dois rabos, tendo conquistado o troféu em disputa. Um feito ainda hoje não atingido por nenhum outro toureiro!!
Algumas cornadas violentas e duas operações a meniscos provocaram, em 1953, a sua retirada das arenas. Contudo, sendo o amor aos touros inevitável, regressou seis anos depois, em 1959. Embora com menor frequência, atou até 1972, em corridas e em festivais de beneficência.
Foi também empresário das praças de toiros de Algés e do Campo Pequeno, nos verdadeiros anos dourados do actual tauródromo lisboeta, e fundou ainda a ganadaria de Porto Alto.
Manuel dos Santos foi vítima de acidente de automóvel a 17 de Fevereiro de 1973, onde viajavam também o filho do toureiro, Manuel Jorge; o moço de estoques, Manolo Escudero que teve morte imediata; e o maioral da ganadaria, Manuel Francisco Piteira Dias.
Se fosse vivo, o Maestro Manuel dos Santos, cumpriria hoje o seu Centenário...
Um OLÉ em sua memória!!
Fotografias: Arquivo/DR