O certame que este fim-de-semana decorreu em Puebla del Rio com a realização de duas novilhadas sem picadores foi, por variadas razões, de enaltecer e até de invejar. Não pelo resultado de troféus angariados pelos artistas já que, bem espremida a coisa, poderá parecer exagerado. No entanto, tendo em conta o facto de ser uma iniciativa especial, de promoção de jovens valores, há que entender as orelhas e os rabos concedidos mais do que prémios, como incentivos! Até porque, verdade seja dita, todos os novilheiros actuantes deram o seu melhor e elevaram a qualidade dos festejos.
Morante de la Puebla, o mentor desta iniciativa, foi profeta na sua terra e provou ser um génio não só dentro como fora da arena!
Pôs as festas de San Sebastian e os seus tradicionais encierros, obrigatórios no calendário taurino. Em dois dias concentrou em la Puebla, promessas e consagrados do toureio, aficionados de postin e os que vão para se fazerem ver, e tudo acessível pela televisão ou online, para que todos os aficionados do mundo pudessem acompanhar.
Uma Figura do Toureio que tem o cuidado de se preocupar em fomentar a Tauromaquia no seu ‘pueblo’ e incentivar os que, o tendo como ídolo muito provavelmente, sonham em chegar a matador de toiros, é um feito notável e digno de quem efectivamente vive de e para o toureio.
A excelente organização, o primor colocado em tudo, o grande ambiente e apoio das bancadas aos jovens toureiros, a entrega e valor de todos eles, o cuidado na escolha dos ganaderos e do bom jogo das reses, a excelência na banda de música, o pormenor dos alguacilillos - a filha de Morante e o filho de Ventura-, tudo se combinou para dois dias de verdadeira vivência e promoção do futuro da Tauromaquia.
Como aficionada fiquei motivada com o resultado destes festejos mas ao mesmo tempo, desanimada que por cá, poucos ou nenhuns empresários tauromáquicos, tenham a sensibilidade de acreditar e promover o toureio dos que começam, tal como Morante o fez, independentemente de ser a pé ou a cavalo (sim, porque mesmo aos novos valores a cavalo em Portugal, lhes vão escasseando as oportunidades).
Por cá, os cartéis do mais do mesmo, da troca de ‘figurinhas’ e das pagas de favores irão manter-se em 2025 tendo em conta o pouco que já se anuncia por aí.
O exame de consciência de 2024 parece ter sido feito por muitos de olhos vendados, e provavelmente não perceberam que no ano transacto, o festejo misto e onde este aconteceu, foi o real triunfador da temporada passada em Portugal ainda que nalgumas praças houvesse quem alvitrasse fazer “experiências” e cortasse o toureio a pé das suas programações.
Mas que não restem dúvidas: As novilhadas, os festejos mistos e de promoção aos jovens valores são o verdadeiro propulsor da continuidade da Tauromaquia.
Que os nossos agentes tauromáquicos nunca esqueçam disso e, tal como Morante, consigam ser ‘profetas’ na(s) sua(s) praças e, mais do que um compromisso, percebam que têm a obrigação e o poder nas mãos de promover e zelar pelo Futuro da Festa Brava em Portugal.