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    Luís Miguel Pombeiro: "Envelheci muito nestes últimos quatro anos"

    Estamos a pouco mais de uma semana da primeira de quatro corridas que este ano se realizarão na Praça de Toiros do Campo Pequeno. Uma temporada novamente 'pequena' para a vontade de muitos, que consideram que a primeira praça do país merecia mais, sendo que este ano, a ausência de um festejo misto tem também dado muito que falar. Para o empresário, Luís Miguel Pombeiro, se as quatro corridas encherem então sim, terão sido poucas, perante uma época taurina que considera para todos os gostos, e desafia todos os que o criticam a marcarem presença em Lisboa. Sobre o toureio a pé...para o ano!


    LUÍS MIGUEL POMBEIRO: "Envelheci muito nestes últimos quatro anos"

    Naturales: Falta pouco mais de uma semana para o início da temporada tauromáquica na Praça de Toiros do Campo Pequeno. Como vai o estado de espírito do empresário?

    Luís Miguel Pombeiro: O estado de espírito é sempre de nervosismo para que tudo corra bem, que ninguém se magoe, que o Campo Pequeno esteja repleto de gente aficionada, que mantenha o glamour e a classe destas noites que são inigualáveis! A praça tem todas as condições e proporciona um ambiente único. Sem desprimor, nem a desvalorizar qualquer outra praça, mas o Campo Pequeno é sempre diferente. Não há chuva, tem uma panóplia de serviços que mais ninguém tem e tem um público fantástico! É um desfile de emoções nestes dias que antecedem as corridas. Mas os toiros estão lindos, e é uma ganadaria fantástica a de Murteira Grave, sem exageros de pesos para que invistam bem, estarão três cavaleiros que são de competição e por isso espera-se mais uma grande, ou melhor, uma enorme noite! Esta primeira corrida têm ainda uma justa homenagem ao Nuno Megre e ao João Cortes. Os mais novos não saberão quem são mas são dois ícones, felizmente vivos, da nossa Forcadagem, símbolo maior de Portugal. Os bilhetes estão a sair a bom ritmo, as bilheteiras do Centro Comercial a funcionar até às 20 horas e quem quiser reservar pode fazê-lo pelo número 1820 ou pelo 914094038.


    N: Mas um ano mais serão só quatro corridas. Continua a saber a pouco à grande maioria dos aficionados, já que falamos da primeira praça do país. É só o Luís Miguel Pombeiro que se compromete com quatro corridas ou a administração do Campo Pequeno que só lhe permite essas datas?

    LMP: Quatro corridas serão poucas se encherem as quatro! Aí sim, teremos moral para pedirmos mais!! E sinceramente estou convencido que vão encher. Um bom perfume não precisa de ser dado muitas vezes… E os cartéis estão para todos os gostos! A administração tem outras prioridades e são compreensíveis pois têm outros alugueres de sala mais rentáveis e sem tanta contestação. Eu, obviamente, quero sempre mais e gostava de ter tido cinco corridas este ano e para o ano seis... Vamos ver, depende do público...


    N: Montou quatro festejos variados e onde estão presentes alguns dos toureiros que se têm destacado nas últimas temporadas, da nova vaga mas também consagrados. Eram estes os cartéis idealizados ou ficou alguma ideia por se concretizar?

    LMP: São os cartéis que idealizámos. Faltam nomes, uns por discordância e outros porque com quatro corridas não se podem colocar todos. 


    N: Mas falta o toureio a pé...

    LMP: Falta toureio a pé sem dúvida, e nos últimos anos sempre dei corridas mistas, sempre apoiei o toureio a pé, aqui no Campo Pequeno e noutras praças. Este ano, em Lisboa, não há! Mas é uma experiência e para o ano voltará...


    N: Sentiu-se pressionado por artistas, apoderados, quando montou os cartéis? Houve trocas de cavaleiros, já que praticamente todos os apoderados, actualmente, são também empresários, aliás o seu caso?

    LMP: Não há trocas! Dou-lhe um exemplo, os Rouxinóis têm vindo ao Campo Pequeno. Veja se algum dos meus toureiros vão às praças do apoderado dos mesmos?! Aqui vive a cultura do mérito e vem quem achamos que merece. Outro, o Francisco Palha vem sempre a Lisboa. O Rafael Vilhais é apoderado e empresário. Aponte-me um dia, um toiro nas praças dele, em que os meus tenham ido? Vão pelo mérito e pela popularidade que tem e não andam aí à maçã do chão! E olhe que se eu quiser apontar as trocas de outros, tenho muitas para falar algumas entre Toureiros e outras com Forcados… Mas sou educado, com princípios, vivo bem com todos e em consciência de que tenho de ajudar a unir e não a dividir como muitos fazem. Aconselho-os a fazerem introspecções e verem que têm de fazer mais pela Festa em Portugal!


    N: Voltando aos cartéis, este ano existem vários atractivos em cada corrida: os 80 anos da fundação da ganadaria Murteira Grave e da ganadaria António Silva; idade igual dos Amadores de Lisboa, os 40 anos de alternativa de Rui Salvador que se despede das arenas, e a despedida dessa figura do rejoneio que é Pablo Hermoso. Acredita que vão resultar em casas cheias e pelo menos uma esgotada?

    LMP: As corridas têm todas elas aliciantes de toureiros, de ganadarias e de forcados. Esta primeira corrida é de uma competição e rivalidade fabulosa: Moura Jr e Bastinhas com os Graves montam cátedra e arriscam tudo perante toiros exigentes. Duas máximas Figuras! E o desafio ao António Telles filho? Vir a Lisboa com Graves é a prova real de que quer ser Figura! Não vem com rodeios nem com facilidades. Vem para dar luta e dar mais um salto em frente. Quer mais competição e mesmo rivalidade?! É uma corrida de primeiríssima divisão tal como as outras. E portanto, o normal, será que os que ficaram de fora, em vez de criticarem nas redes sociais, apareçam e marquem presença! Eu bem vejo que grupos vão e quem está presente na praça… e isso, também marca! Existem publicações completamente descabidas que não são de aficionados mas de pseudo-parvos. Nestes quatro anos em que organizo corridas no Campo Pequeno, dois deles foram vividos em pandemia, em que sofri bastante, e um a metade, pois ainda havia muito medo da pandemia. Em 2023 já foi melhor e este ano assim o espero. As pessoas estão com o apetite para a Catedral! Sem calor, sem sol, com cadeiras individuais, com glamour e classe, caras bonitas e tudo mais que o Campo Pequeno tem para oferecer. Depois, como referiu, temos o Grupo de Lisboa a fazer 80 anos, o que é um exemplo! Ainda três grupos a comemorarem 20 anos e a disputarem entre si um Troféu. Também uma acesa disputa entre Santarém e Montemor a competirem pelos Troféus! Teremos um ano da competição, tanto entre cavaleiros, como nos Forcados! Competição na Primeiríssima praça de Portugal.


    N: É fácil ser-se empresário em Lisboa? 

    LMP: Não é fácil ser empresário em nenhuma praça. Está será a praça com maior visibilidade e como tal a mais visada! E sujeita a mais críticas também. No fundo todos a querem mas não arriscam… Só tenho de ligar às críticas dos que pagam bilhete. Esses é que podem exigir. Agora os artistas que lá estiveram, e este ano não estão por este ou qualquer motivo, mas principalmente por serem apenas quatro corridas, deveriam ser os primeiros a apoiar e não são. Não é fácil estar aqui! Nada fácil! Envelheci muito nestes últimos quatro anos, prejudiquei-me a todos os níveis mas irei levar o barco a bom porto. Ou pelo menos a um porto seguro que é o mais importante. Não pode haver a mentalidade de que na principal montra da Tauromaquia querem vir “arrebanhar” o dinheiro. Essa ideia de que os empresários ganham muito é um erro crasso de alguns dos nossos intervenientes. Há que ganhar conforme o público que trazem para os verem! E nisso, há cavaleiros e matadores com muito nível, que se diferenciam dos outros porque pensam no futuro e não apenas no hoje…


    N: Sente que ao ser empresário do Campo Pequeno ganhou mais amigos ou inimigos?

    LMP: Sou católico pelo que não vejo inimigos dentro da Festa. Todos defendemos o mesmo. Há é os que tiveram educação e princípios, e outros que se regem pela inveja, por frustrações e recalques que foram adquirindo ao longo dos anos e por diversos motivos. Não tenho inimigos, porque mesmo os que o pretendem ser, para isso, era preciso que eu lhes desse categoria para o serem e eu não dou. Quanto a mais amigos, talvez os tenha porque muita gente me ajudou e ajuda mas sem quererem nada em troca. Apenas porque defendem a Tauromaquia, e isso é muito importante. O reconhecimento do trabalho é revigorante! Dá alento para seguir em frente.


    N: O Campo Pequeno, enquanto praça de toiros, terá futuro depois de Luís Miguel Pombeiro?

    LMP: O Campo Pequeno terá sempre futuro, seja com quem for, desde que se cumpram os requisitos da lealdade da lisura da educação e da acérrima defesa da Catedral, sabendo não colidir com outros interesses.