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    Vila Franca – 1ª da Feira de Outubro: “Mais vontade que matéria”

     

    No passado domingo realizou-se em Vila Franca de Xira o primeiro festejo integrante da tradicional Feira de Outubro que ali decorre sempre ao início do mês. 

    Uma tarde de muito calor a contribuir também para a parca presença de público num festejo misto que, embora reunisse quatro jovens que actualmente espevitam interesse nos aficionados mais atentos dado os recentes triunfos de cada um, não foi o suficiente para contribuir consenso e atrair mais público à centenária Palha Blanco. 

    Gostaria de dizer que “perdeu quem não esteve” mas infelizmente assim não foi. Além do muito calor que se fez sentir e do pouco ambiente em praça, o comportamento das reses acabou por condicionar todo o festejo que resultou ainda demasiado comprido, afinal anunciavam-se oito toiros!

    Valeu a tarde pela muita disposição e entrega posta por parte de todos intervenientes, dos cavaleiros aos matadores, dos bandarilheiros aos forcados, que não só demonstraram vontade de triunfar como também tiveram muito coração para aguentar a exigência da matéria-prima que lhes tocou pela frente. 

    Em três ganadarias distintas, Canas Vigouroux (lides a cavalo), Assunção Coimbra e Calejo Pires (actuações a pé), saiu praticamente uma lotaria gorada, pois foram as reses também as verdadeiras condicionantes do resultado artístico do festejo. Bem apresentados no geral, destacando-se o último de Assunção Coimbra, em comportamento foram mansos, de investidas incertas, sem se empregarem e sem transmitirem. Ainda assim, entendeu a ‘inteligente’, com a conivência de alguns (poucos) aficionados das bancadas, mostrar o lenço azul ao toiro de Canas Vigouroux lidado em sexto lugar. 

    Miguel Moura teve duas actuações similares e correctas na Palha Blanco mas que nunca romperam por culpa dos oponentes. Andou muito solvente frente ao seu primeiro, deixando a ferragem com correcção perante um toiro que se tapava nas reuniões. Frente ao seu segundo, empolgou com um comprido em sorte gaiola. Nos curtos, montando o ‘Herói’, quis brilhar com os ladeios mas não quis o toiro ter o recorrido necessário para consentir uma lide de maior transmissão.

    Luís Rouxinol Jr. cedo demonstrou que estava Vila Franca disposto a tudo mas também ele a deparar-se com dois toiros que impediram voos mais altos. Valeu essencialmente pela sua valentia e disposição, bem como pelo seu grande sentido de lide para dar a volta aos oponentes. Esperou os seus dois toiros à porta dos curros para os levar sempre em boa brega. O primeiro não se empregava nas sortes e a Rouxinol Jr. coube mostrar ofício com o Girassol. Frente ao que foi segundo do seu lote, um toiro que investia de forma incerta, aos arreões, o jovem cavaleiro andou com mando e muito coração montando o Jamaica para aguentar as dificuldades impostas, com o toiro inclusive a descair para tábuas. Ainda assim o cavaleiro não desarmou, levando a lide em crescendo. O toiro, esse, foi dado como bravo. Mas bravura e génio… que não se confundam.

    Nas pegas, a dureza do curro também se sentiu, impondo algumas dificuldades também aos valorosos Forcados Amadores de Évora e de Vila Franca.

    Pelo grupo de Évora pegou Carlos Sousa, que após dois intentos com o toiro sempre a pôr a cara alta e a despeja-lo, acabou por consumar à terceira com boa ajuda do Grupo; também José Maria Passanha consumou à terceira tentativa com decisão, depois de no primeiro intento a reunião não ter sido bem efectivada, e ao segundo o toiro o ter levado com violência até às tábuas. 

    Pelo grupo de Vila Franca pegou Guilherme Dotti à primeira numa pega correcta e com o grupo coeso; e Rodrigo Andrade com uma grande pega rija também ao primeiro intento.

    A pé voltaram os toiros a condicionar os resultados. 

    Manuel Dias Gomes frente ao primeiro de Assunção Coimbra viu-se vistoso de capote, e na muleta sentimos a segurança de um toureiro maduro, com passes ligados principalmente pela direita, ainda que o toiro não tivesse muita repetição, ficando curto nas investidas. Já frente ao Calejo Pires que lhe ditou a sorte, Dias Gomes nada podia fazer a não ser abreviar faena perante um manso sem raça, sempre a fugir para tábuas. Merecia outra sorte Manuel Dias Gomes, e nós também.

    Também Joaquim Ribeiro ‘Cuqui’ precisava ter outra matéria pela frente para desfrutar como merecia. Ainda assim, teve melhor sorte no sorteio, com um lote que permitiu mais argumentos. Cuqui esteve valente e com ofício em ambas as faenas. No primeiro, um toiro de Calejo Pires de melhores condições, foi pela esquerda que sacou os primeiros olés e sentiu-se a gosto o toureiro. Ainda se viu o toiro também com uma série de boas investidas pela direita, vindo depois a menos e não consentido ao toureiro redondear. No que encerrou a corrida, já a noite tinha chegado, tocou-lhe um bonito burraco de Assunção Coimbra que foi exigente, e Cuqui voltou a tourear por ambos os pitons, provocando as investidas da rês com disposição.

    Destaque ainda para os bandarilheiros portugueses que protagonizaram destacados pares de bandarilhas, João Pedro Silva, Joaquim Oliveira e Miguel Batista, mas também foram destacados Tiago Santos, Cláudio Miguel e Sérgio Nunes.  

    Dirigiu a corrida a delegada técnica, Lara Gregório Oliveira, assessorada pelo veterinário Jorge Moreira Silva, tendo o espectáculo sido excelentemente abrilhantado pela Banda do Ateneu Vilafranquense.

    Uma corrida longa, de toiros que pediram contas, impondo dificuldades mas que, do mal, o menos, encontraram valentes com disposição pela frente, que mereciam melhor sorte (e toiros). 

    Fossem eles já figuras grandes e haviam de ver as ganadarias anunciadas…