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    Crónica: "Mano-a-Mano: Hóstil e Madragoa deram a vitória a João Moura Jr"

    Abertura da temporada na Praça de Toiros Celestino Graça, em Santarém, tal como no ano passado, no dia 19 de março, com destaque natural para o número de aficionados que se deslocou a Santarém, na ordem dos dez mil!

    ​No início das cortesias prestou-se uma bonita homenagem ao Comendador Rui Nabeiro, que faleceu durante a manhã de domingo, inicialmente um minuto de silêncio mas que acabou com a banda a entoar o hino nacional.

    ​O cartel apresentado pela empresa Sector 9 juntavaduas das máximas figuras equestres em Portugal, João Moura Jr e Francisco Palha, em formato de mano-a-mano, disputando uma vaga na corrida de 3 de junho. Do ponto de vista ganadero estava anunciado um curro da ganadaria Murteira Grave. Existia ainda um aliciante confronto entre dois dos mais conceituados grupos de forcados, Évora e Santarém.

    ​Dos campos da Galeana veio um curro de toiros díspar de tipo e apresentação. A nível de comportamentoacabou por não corresponder às espectativas, com destaque positivo para o bonito colorado, de nome Madragoa, com o nº52. Toiro exigente e com qualidade que proporcionou os melhores momentos de toureio da tarde.

    ​Abriu praça o Valente, ferrado com o nº11, com um peso de 570kgs, toiro baixo, rematadíssimo de carnes e de cara aberta. Saiu com mobilidade, denotando alguma falta de força quando saiu à praça, mas que recuperou ao longo da lide. Percorreu as montadas com um tranco suave, arrancando de largo nos cites do cavaleiro. João Moura Jriniciou a sua primeira actuação com uma porta-gaiola que não acabou por resultar em pleno. Nos curtos a actuação iniciou-se da melhor forma, com o cavaleiro a dar vantagens ao toiro e desenhando bem as sortes. De seguida procurou ir de frente e entrar pelos terrenos do toiro, mascom os ferros a não resultarem tão emocionantes. Lide interessante do ginete de Monforte, sem atingir o patamar de triunfo.

    ​Para a cara do Valente foi o forcado Francisco Graciosa, dos Amadores de Santarém. Na primeira tentativa esteve bem a citar e aguentar a tarda investida do Grave, não conseguindo fechar-se da melhor forma. Na segunda tentativa esteve algo precipitado a citar e a carregar a sorte, voltando a não conseguir fechar-se. A partir daí o toiro começou a esperar mais e a investir de forma brusca e violenta. Mesmo com as ajudas mais carregadas o grupo sentiu bastantes dificuldades para consumar a pega. Depois de oito tentativas o forcado da cara foi dobrado por Caetano Gallego, que consumou a sorte na sua segunda tentativa, a décima no total. Início de tarde bastante complicado para a formação escalabitana.

    ​Foi concedida apenas volta para o cavaleiro.

    ​Em segundo lugar saiu o Trapacero, nº51 e com um peso de 530kgs. Toiro castanho de capa, baixo, fino, bem feito, cómodo de cara e algo justo de trapio para uma praça como a de Santarém. Saiu com menos mobilidade que o seu irmão de camada, mas a apresentar mais transmissão no momento do ferro. Veio a menos com o decorrer da lide. Francisco Palha apresentou-se, tal como Moura Jr, com uma porta-gaiola, a uma distância muito curta da “porta dos sustos”, acrescentando ainda mais dificuldade e imprevisibilidade à sorte. Esperou o toiro com muito valor, o ferro não resultou em pleno, mas destaca-se o bonito remate do mesmo. No segundo comprido deu vantagens ao toiro e cravou com temple. Manteve a toada no início dos curtos, a conseguir acoplar-se bem à investida do Grave. Mais tarde, quando o seu oponente veio a menos, procurou entrar nos seus terrenos com verdade. Actuação correta, com bons momentos, mas sem atingir níveis de triunfo.

    ​Para abrir a tarde pelos forcados de Évora foi José Maria Passanha. Esteve bem a citar, com o grupo, tal como é seu apanágio, a dar muitas vantagens ao toiro. Carregou bem a sorte, conseguiu fechar-se bem, pena que o primeiro ajuda e os outros elementos do grupo não tenham conseguido ajudar da melhor forma. Na segunda tentativa esteve bem a citar novamente, escorregando a recuar na cara do toiro, com o grupo novamente a não conseguir consumar a pega. À terceira tentativa, já com as ajudas mais carregadas consumou-se a sorte.

    ​Volta autorizada para ambos, mas o forcado decidiu não dar.

    ​Em terceiro lugar saiu o Madragoa, bonito colorado de capa, com o nº52, com um peso de 520kgs, baixo, bem feito de hechuras e de cara aberta. Saiu com um tranco alegre atrás das montadas, qualidade que manteve durante toda a lide. Como principal defeito a apontar ao toiro foi o facto de esperar no momento do ferro, mas a empregar-se e a transmitir no momento da reunião. Toiro sério e exigente! João Moura Jr conseguiu tirar partido daquele que foi, indiscutivelmente, o melhor toiro da tarde. Procurou, sobretudo nos curtos e com o Hóstil, andar ligado na brega e aproveitar as qualidades do Grave, conseguindo excelentes momentos, levando o toiro cozido nas crinas do cavalo. A nível da cravagem dos ferros destacam-se as duas Mourinas, a conseguir entrar nos terrenos do toiro, a conseguir sortes bem desenhadas e ajustadas, chegando com força às bancadas. Muito boa actuação, conseguindo entender da melhor forma o bom toiro que lhe tocou em sorte.

    ​Para a cara do terceiro da tarde foi o forcado Salvador Ribeiro de Almeida. Esteve algo precipitado a carregar a sorte, conseguindo fechar-se, mas o grupo acabou por não conseguir ajudar da melhor forma. Na segunda tentativa não conseguiu uma reunião tão boa como na primeira, mas com o grupo a ajudar de forma mais eficaz conseguiu consumar a sorte.

    ​Volta autorizada para cavaleiro, forcado e com a chamada à praça do ganadero Joaquim Grave. Apesar das qualidades já descritas do Madragoa a chamada do ganadero acaba por ser algo excessiva, sobretudo pelodefeito referido anteriormente. Foi um bom toiro, mas não foi um toiro de bandeira.

    ​Para abrir a segunda parte saiu o Rebelde, com o número 14 e com um peso de 575kgs, preto de pelagem, sério por diante, rematado de carnes e bem armado, um “tio” como vulgarmente se designa na gíria taurina. Saiu parado e desligado das montadas, a medir no momento dos ferros, procurando os terrenos das tábuas com o decorrer da lide. Francisco Palha acabou por fazer a lide possível frente a um toiro que pouco colaborou, destacando-se o segundo ferro comprido, ajustadíssimo, onde esperou pelo toiro a curta distância e cravou no momento certo.

    ​Para a cara do quarto toiro foi José Maria Caeiro, dos Amadores de Évora. Esteve enorme na primeira tentativa, a fechar-se bem e a aguentar a dura viagem na cara do Grave, mas o grupo não conseguiu ajudar da melhor forma. Na segunda tentativa voltou a estar tremendo, conseguiu novamente aguentar a impetuosa investida do toiro, desta vez com uma boa prestação do primeiro-ajuda e de outro dos terceiros-ajudas, fundamental para que a pega se consumasse.

    ​Volta autorizada para cavaleiro e forcado, com Francisco Palha a deixar um bonito pormenor, recolhendo à teia, quase “forçando” José Maria Caeiro a deslocar-se aos médios para receber a ovação do público.

    ​Em quinto lugar saiu o Magor, com o número 33 e com 530kgs. Toiro negro, cuesta arriba, feio de hechuras e com pouca cara. Saiu algo distraído, muito pendente do que se passava nas bancadas e na teia. Manteve a toada nos curtos, sem nunca se empregar e acabou por procurar também os terrenos das tábuas. João Moura Jr esteve em plano regular, claramente por cima do seu oponente.

    ​Para a cara do quinto toiro foi Francisco Cabaço, dos Amadores de Santarém. Esteve bem a citar, a deixar-se ver, carregou algo cedo a sorte, conseguiu recuar bem e aguentar os fortes derrotes do toiro até que o grupo conseguiu consumar a sorte. Boa pega!

    ​Volta autorizada para cavaleiro e forcado, com nova chamada aos médios para o forcado.

    ​Para fechar a tarde saiu o Bienvenido, com o nº16, com um peso de 570kgs, de capa castanha. Mais um toiro forte e bem-posto de cara. Saiu com algum andamento, mas acabou por vir bastante a menos com o decorrer da lide, esperando no momento do ferro e desligando-se logo após a reunião. Francisco Palha teve mais uma actuação correta, pena que na porta gaiola o ferro tenha ficado cravado na mão do toiro, factor que pode ter contribuído também para o pouco jogo dado pelo toiro.

    ​Para fechar a tarde pelos Amadores de Évora saltou à arena o forcado Ricardo Sousa. Esteve bem a citar e a carregar a sorte, não esteve tão bem a receber a investida do Grave, conseguindo fechar-se apenas com um braço, mas a ter a alma e o valor para permanecer na cara do toiro e com ajuda do grupo consumar ao primeiro intento.

    ​Volta autorizada para ambos.

    ​Tal como anunciado pela empresa promotora da corrida, o triunfador desta corrida ingressaria também o cartel da próxima corrida da temporada em Santarém, sendo que a escolha recaiu em João Moura Jr, responsável pela melhor actuação do ponto de vista equestre.

    ​Dirigiu a corrida o Delegado Técnico Tauromáquico Marco Cardoso, assessorado pelo Veterinário José Luís Cruz e com a presença do cornetim José Henriques.


    Diogo Felício