Mourão: praça cheia no primeiro Festival Taurino da Temporada

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A vila alentejana de Mourão manteve a tradição de inaugurar a época portuguesa com o seu Festival Taurino em honra de Nª Senhora das Candeias.

O grande ambiente que se viveu em redor da castiça Praça de Toiros Dr. Libânio Esquível, cedo fez antever uma casa praticamente cheia, mesmo sendo hoje dia de semana. Sinal de que a data ganhou o seu sítio junto dos aficionados e no calendário taurino em parte por culpa da categoria que nos últimos anos o Dr. Joaquim Grave tem impingido aos festejos que ali organiza. Mas contrastou com alguma frieza quer de resultados da arena, quer da apatia das bancadas, quer mesmo a meteorológica…

O cartel reunia juventude, novos valores, e deles bem precisa a Festa, até porque o futuro da mesma dos jovens depende. E depois, louvor lhes seja feito, que em inícios de temporada são por norma os primeiros a dizer “presente”, quando a maioria dos veteranos, as ‘figuras’, se mostram mais reticentes em tourear em Mourão, ora pelo cedo que se realiza o festejo (ao início do ano), ora porque pode chover, ora pelo tamanho da arena…ora por qualquer outra desculpa.

Lidaram-se novilhos da ganadaria António Raúl Brito Paes, cumpridores em apresentação ainda que díspares, bem como em comportamento, manejáveis, destacando o primeiro, segundo e quarto da ordem pelas boas e nobres qualidades. O ganadero foi brindado com volta ao ruedo após lide do quarto novilho.

A tarde iniciou com a parte equestre e com o praticante Diogo Oliveira que revelou boas maneiras, cumprindo de forma assertiva; Tristão Ribeiro Telles Guedes de Queiroz teve mais eco nas bancadas quando protagonista dos quiebros; e o amador Francisco Maldonado Cortes foi de menos a mais, com eficiência e solvência perante as dificuldades da rês cravando maioritariamente a sesgo.

Os Amadores de Monsaraz estrearam a temporada com rapaziada nova, também aqui os novos valores a merecerem destaque, tendo sido caras nesta tarde o forcado César Ferreira que devido a uma lesão no seu intento, foi dobrado por Miguel Valadas que consumou à terceira tentativa do grupo; João Ramalho muito bem efectivou à primeira; e o mouranense José Canete cumpriu com decisão e encerrou o desempenho do grupo alentejano também ao primeiro intento.

Na parte a pé, o novilheiro Diogo Peseiro teve poderio no tércio das bandarilhas e competência na muleta, toureando principalmente pela direita perante uma rês de boas condições; o espanhol Érik Olivera teve faena em crescendo perante as poucas opções, denotando ser detentor de um toureio com conteúdo; o novilheiro amador Gonçalo Alves esteve correcto nas bandarilhas e com a muleta teve que se valer de argumentos perante um novilho de meias investidas, destacando pelos naturais templados, lentos e de flanela no chão.

Dirigiu este primeiro festejo da temporada taurina 2023, o delegado técnico Agostinho Borges assessorado pelo veterinário Carlos Santana, e como é tradição, bem abrilhantado pela Banda Municipal Mouranense.

Salientar ainda o minuto de silêncio durante as cortesias em memória do maestro Francisco Mendes, recentemente falecido, e da homenagem feita pela organização a um dos grandes entusiastas e dedicado aficionado mouranense, o senhor Manuel Ralo. Pois a Festa Brava não vive só dos intervenientes como dos aficionados e a estes muito deve também honrar.



Patrícia Sardinha 
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