Ventura falou e disse: “A mim ninguém me deu nada, só o público, e é a esse que tenho que respeitar”
No passado dia 27 de Outubro, o
rejoneador luso-espanhol Diego Ventura
foi o convidado de uma emissão especial do programa Carrusel Taurino do Canal Sur Radio, denominado “Los Pilares del Toreo”.
Diego Ventura proporcionou um interessante serão no qual abordou muitos
temas importantes, como o estado actual do rejoneio em Espanha, o não se
respeitar o publico e o não tourear com o Pablo. Uma intervenção das quais
destacamos as frases abaixo:
“Eu digo o que sinto, não o que
as pessoas querem ouvir!…Eu vejo muitos colegas que dizem o que os outros
querem ouvir mas eu não sou partidário disso, se calhar depois sou mais
penalizado que outros mas sempre disse o que penso. Para mim, na vida, uma
pessoa tem que ter personalidade, rectidão e não desviar-se do que sente,
porque começa a enganar-se a si próprio…”.
“Eu se acredito em algo, vou com
isso até a morte. Muitas vezes choco com um empresário, ganadero, com algum colega
mas se eu sei que tenho razão, eu sigo com a minha verdade. Se vir que estou
enganado, sou o primeiro a voltar atrás e não tenho nenhum problema com isso...”
“Eu ajudo colegas, ajudo rejoneadores
jovens, matadores jovens, novilheiros, tento sempre que tudo seja numa
boa-onda, de apoiar, que possa pôr o meu grão de areia…claro que não posso
ajudar a todos mas a essas pessoas que me pediram, eu ajudei e fi-lo sem pedir
nada em troca. Quando vejo um jovem que aponta boas maneiras, sou o primeiro a
pô-lo comigo…”
“A mim ninguém me deu nada, só o público,
que é o que passa pela bilheteira e se mata para ir ver-me. É a esse que tenho
que respeitar e ao que tenho que olhar primeiro que qualquer outra coisa. E é o
público que não está a ser respeitado pelas empresas, pelos colegas… Se dessemos
ao público o que ele quer, tudo mudava...”.
“Isto tem que mudar…e é tão fácil
como como pôr o ouvido no público, mas é a última coisa que se faz: ouvir o público.
Praças como Bilbao que tinha ¾ de praça numa corrida de rejoneio agora entra ¼ de
casa, isso é uma vergonha… Praças como Pamplona que esgotava, este ano faltaram
2 mil pessoas, é uma vergonha! E não sou eu que o digo, está à vista! E o que
acontece com isto? Deixamos de dar corridas de rejoneio… Em Sevilha
realizavam-se duas corrida de rejoneio, agora só há uma, em Bilbao se continuam
assim, provavelmente não haverá mais rejoneio… Eu este ano toureei muito
corridas mistas, e poucas de rejoneio…e porquê? O que dizem os empresários? Queremos
contratar-te a ti com Pablo e Guillermo e não podemos fazer esse cartel porque
ele não quer… E para fazer um cartel com outros companheiros que não têm força
de bilheteira, preferem fazer uma corrida mista que eu vá a abrir cartel por
diante de outros toureiros... E eu acedo porque não tenho mais remédio mas eu
não posso fazer isto todos os dias!”
“Quando há uma corrida onde há rivalidade,
onde há espectáculo e com o que as pessoas querem ver, a praça enche-se até ao
telhado. E por muitos anti-taurinos que hajam, por muitos ataques que tenha a Festa,
quando há uma praça cheia, isso acaba com tudo! Que vão dizer os anti-taurinos se
virem que uma praça está cheia, se virem que é um espectáculo que move massas?!”
“Um jovem de 20 anos ou menos não
pode pagar 100 euros para ir aos toiros, e se vai acompanhado pagar 200€… não
se pode permitir isso! Pode ir um dia, por acaso mas não pode ir 7 ou 8 dias…e
se tirarmos esse jovem dos toiros, como queremos que a Festa tenha futuro? É
impensável! Existem muitas praças que não enchem, ou têm meia praça ou menos…pois
que se ofereçam bilhetes aos menores de 15 anos – mas e se o empresário te diz:
então para isso baixa o teu cachet? - Eu sou o primeiro a dizer que o faça! Sempre
o fiz! No momento em que um empresário me diz “vamos fazer isto mas precisamos
da tua ajuda”, eu sou o primeiro a ajudar!”