Header Ads

Feito com Visme

  • Últimas

    Crónica: "Noite longa no Montijo"

     


    A Praça de Toiros Amadeu Augusto dos Santos recebeu no passado dia 29 de julho, a corrida de comemoração oficial dos 35 anos de alternativa de Luis Rouxinol. No início do espectáculo prestou-se uma bonita e emotiva homenagem ao cavaleiro de Pegões, figura incontornável da tauromaquia portuguesa.

    O cartel era composto por Luis Rouxinol, Rui Fernandes, Luis Rouxinol Jr e Duarte Fernandes. Pelos homens das jaquetas de ramagens estiveram em praça os Amadores do Montijo e os Amadores de Cascais.

    Da Herdade do Emaús, onde pastam os toiros da ganadaria de Canas Vigouroux, veio um curro que gerava expectativa, sobretudo pelo facto de todos os toiros serem jaboneros. Saíram 6 exemplares de correcta apresentação, desiguais de hechuras e com um comportamento que acabou por desiludir, sobretudo pela falta de emoção e de raça demonstrada.

    Abriu praça o número 65, com um peso de 510kgs, toiro bem feito, algo justo de remate, que saiu desligado, andarilho e desinteressado. Com o decorrer da lide acabou por demonstrar como melhor qualidade a fijeza. Luis Rouxinol, tendo em conta a fraca condição de lide demonstrada pelo seu oponente procurou andar ligado, com destaque positivo para o segundo curto, aquele em que conseguiu uma sorte mais ajustada. Acabou por ter uma actuação correta, mas longe de obter um triunfo.

    Para a cara do primeiro jabonero foi Hélio Lopes, dos Amadores do Montijo. Esteve bem a citar, a deixar-se ver, carregando a sorte demasiado cedo, mas a conseguir aguentar de forma valorosa a arrancada do toiro. Esteve mal o grupo a ajudar e a pega não se concretizou. Saiu lesionado o forcado da cara. Para a dobra foi Ricardo Almeida, que citou de forma apressada e carregou a sorte de forma algo descomposta, não conseguindo fechar-se na cara do toiro. Na terceira tentativa, com as ajudas carregadas, o grupo conseguiu consumar a pega, com destaque para a boa primeira ajuda dada por Luis Alves.

    Volta autorizada para ambos, denotando o critério pouco exigente do Diretor de Corrida, sendo que neste caso não deveria ter sido concedida volta ao forcado, que muito bem, decidiu não dar.

    Em segundo lugar saiu o nº 40, com um peso de 530kgs, toiro menos bem feito que o irmão que abriu praça, rematado de carnes e bem posto de cara. Teve uma saída emocionante, a perseguir a montada de Rui Fernandes com muita pata. Na ferragem curta o toiro rachou-se completamente, esperando cada vez mais no momento do ferro e desligando-se totalmente da lide. Rui Fernandes recebeu o toiro com uma porta gaiola em que o ferro não resultou, mas com um remate emotivo, aproveitando a bonita arrancada do toiro. Nos curtos tentou entrar nos terrenos do astado, mas com os ferros a não chegarem à bancada, muito por fruto do fraco jogo do seu oponente.

    Para a cara do Canas foi Afonso Cruz, pelos Amadores de Cascais. Esteve seguro a citar, a mostrar-se ao toiro, decidido no momento de carregar a sorte e bem no momento da reunião, com o grupo a ajudar de forma eficaz. Boa pega.

    Volta autorizada para ambos.

    Em terceiro lugar saiu pela “porta dos sustos” o número 17, com um peso de 555kgs. Um toiro mais alto, rematado de carnes, bem feito morfologicamente e sério por diante. Saiu desinteressado e andarilho. Com o decorrer da lide foi procurando terrenos de tábuas, com arreões de manso e a pôr a cara com maus modos no momento do ferro. Luis Rouxinol Jr teve o mérito de andar ligado com o toiro, com destaque para o terceiro ferro curto, de nota superior, onde conseguiu uma reunião ajustada e a aproveitar da melhor maneira a investida do toiro.

    Para a cara do terceiro foi o forcado João Paulo Damásio. Esteve algo precipitado a citar, não conseguindo fechar-se da melhor maneira, não se consumando a pega. Na segunda tentativa, já com as ajudas carregadas, não conseguiu novamente fechar-se, com o toiro a adiantar o piton esquerdo com violência. Na terceira tentativa, a sesgo, voltou a não se consumar a pega, com o toiro a romper pelo grupo. Para a quarta tentativa foi Gonçalo Costa, a dobrar o seu companheiro, que esteve valoroso no momento da reunião, conseguindo aguentar alguns derrotes, mas onde voltaram a faltar ajudas. Após esta tentativa foi decidido tentar pegar o toiro de cernelha. A dupla escolhida teve enormes dificuldades em conseguir entrar e pegar o toiro, com o cernelheiro a sair lesionado. Foi substituído por outro companheiro, mas o resultado acabou por ser o mesmo. Tocaram os três avisos e o toiro foi “vivo” para dentro, como se diz na gíria taurina.

    Volta autorizada apenas para o cavaleiro.

    Para abrir a segunda parte saiu o número 47, com 500kgs. Toiro baixo, rematado, com muita cara, mas feio de hechuras. Saiu com mobilidade, com um tranco suave atrás das montadas, teve fijeza e acabou por se deixar tourear, faltando-lhe raça. Duarte Fernandes teve uma actuação agradável, conseguindo os melhores momentos nos curtos, em especial no primeiro e terceiro ferros, onde consegui cravar no momento certo após entrar nos terrenos toiro, com reuniões ajustadas.

    Para pegar o quarto da noite foi Ricardo Silva, dos Amadores de Cascais. Esteve calmo a citar, a carregar a sorte de forma correta e conseguir receber a investida do toiro. Desta vez o grupo demorou um pouco mais a ajudar, mas a pega consumou-se à primeira tentativa.

    Volta autorizada para ambos.

    No quinto toiro assistimos à primeira lide a duo, a cargo de Luis Rouxinol e de Luis Rouxinol Jr. Saiu o número 28, com 545kgs. Toiro bonito, bem feito, musculado, bem posto de cara e sério por diante. Saiu com mobilidade, a demonstrar uma boa condição de lide. Fruto do que é uma lide a duo, não foi possível ver o comportamento do toiro em plenitude. A dupla Rouxinol conseguiu uma lide dinâmica e envolvente, denotando uma enorme cumplicidade e entendimento entre ambos. Lide fortemente apaludida pelo público.

    Para encerrar a noite pelos Amadores do Montijo, foi o cabo, João Pedro Suissas. Esteve bem a citar, a mostrar-se ao toiro e a carregar a sorte. Recuou muito na cara do toiro e conseguiu fechar-se bem, com o grupo a ajudar melhor desta vez.

    Não se pode colocar em causa a vontade e valor do grupo, mas nesta noite tornaram-se evidentes as lacunas que o grupo tem, não conseguindo fazer face ao desafio a que se propuseram.

    Volta autorizada para os cavaleiros e forcado, com chamada à arena de Luis Alves, primeiro ajuda do grupo que teve uma enorme prestação durante toda a corrida.

    Para encerrar esta longa noite de toiros, saiu o número 13, com 550kgs. Mais um exemplar bem feito, mais baixo, rematado de carnes. Foi um toiro nobre, que teve mobilidade, e que perseguiu as montadas com um tranco suave. Na segunda lide a duo esteve melhor Rui Fernandes, destacando-se um ferro de nota superior e, sobretudo, os remates das sortes, templados e toureiros. Duarte Fernandes acabou por ter uma prestação mais discreta, não conseguindo acoplar-se da mesma forma ao toiro.

    Para a cara do último da corrida foi Carlos Dias, pelos Amadores de Cascais. Esteve irrepreensível a citar e a carregar a sorte, a mandar no toiro, conseguindo fechar-se da melhor maneira e com o grupo a ajudar de forma eficaz consumou-se uma boa pega.

    Volta autorizada para os cavaleiros e forcado.

    Dirigiu a corrida João Cantinho, com um critério muito pouco exigente, concedendo música de forma prematura em diversas lides e voltas à arena sem que tal se justificasse, assessorado por Jorge Moreira da Silva.

    Diogo Felício